Modas de dança – II

Cantadas
Modas de dança – II
Arrebenta aqui nossa amizade

Arrebenta aqui nossa amizade,
Nossa alegria no céu se finda,
Vem ós meus braços, rosa bela,
Vem à janela que a noite é bela,
A noite é linda, a noite é bela
No céu se finda, vem à janela.

Ó lindo sol não te ‘scondas
Que eu não posso ver a noute,
Não posso ver meu amor,
Longe de mim, perto doutro.
Alargai-vos raparigas
Que o terreiro vosso é;
Quero dar duas voltinhas,
Quero dá-las ó meu pé.

Alargai-vos raparigas,
Chegai os pés à parede;
O terreno é estreito
Pra dançar a cana verde.
Alargai-vos raparigas
Que o terreno é estreito;
Quero dar duas voltinhas
Quero dá-las ó meu jeito.

A menina que stá no meio
Stá na idade (bis) de se casar;
E anda a roda
E siga a roda
‘Scolha o par (bis)
Que lhe agradar.

Eu não te quero
Tu não me serves;
Só a ti (bis) eu hei-de amar.

Ó zás que t’eu pilho
Qu’eu já te pilhei
Abraça-me agora
Qu’eu já t’abracei.

Põe aqui o teu pezinho
Põe aqui ao pé do meu
Torto ou enganchado
É jeito que Deus lhe deu.

Ponha aqui o seu pezinho
Ponha aqui ao pé do meu
E ao tirar o seu pezinho
Mil abraços lhe dou eu.

Aqui se canta
Aqui se dança
Aqui se joga a laranjinha
Eu conheço o meu amor
Pelo nó da gravatinha.

Stá’qui stá’qui
Stá’qui meu coração,
Mas não é pra ti
Mas não é não não
Mas não é pra ti
O meu coração.

Ó Ilda que t’inliastes
Nos mais altos arciprestes;
Eu também m’inliaria,
Ó Ilda tu não quisestes.

Ó Ilda que te ligastes
Aos mais altos arciprestes,
Eu também me ligaria
Nos teus braços se quisesses.

Vão-nas madames ao meio
Também vão nos corações
Já não há quem queira amar
Nossos pobres corações.

Nossos pobres corações
Amados com simpatia,
Só nos falta a união,
Quando será esse dia!

Levamos a nossa avante,
Rapazes da nossa aldeia,
Mostremos as nossas rendas
E a nossa fina meia.

Nós vamos todos avante
Rapazes da nossa aldeia;
Mostremos a nossa renda
E a nossa fina meia.
Também o nosso calção,
E o nosso pé delicado,
O nosso corpo bem feito,
Pelo amor é desejado.

Água leva o regadinho

Água leva o regadinho
Água leva o regador;
Enquanto rega, não rega,
Vou falar ao meu amor.

Água levó regadinho
Água levó, vai regar;
Enquanto rega, não rega,
Ao meu amor vou falar.

Água levó regadinho
Por aquela strada abaixo
Eu scorreguei e caí
Quebrei as costas ó tacho.

Ouve-se na dança do valseado, de quando em quando, estes refrões que seguem:

Ai, ó ai! Eu venho d’Arouca
Tenho um galo cego
Uma galinha mouca

Ai, ó ai! Eu sou como a pêga
Tem o rabo branco
E a cabeça negra

Ai, ó ai! Eu sou como o gaio
De dia estou preso
E à noite é que saio

Agora é que m’eu maneio (3 vezes)
Nos braços do meu amor
Ai eu vivo sem arreceio.

A minha mãe ralha, ralha, ai, ai, ai!
Eu fujo pró canto da lenha;
Ela diz que dá, que dá, ai, ai ai!
E eu digo que venha, que venha.

(Do filme As pupilas do Sr. Reitor)

A chita da minha blusa
Já se não usa
Foge demónio;
Não quero a tua riqueza
Quero a pobreza do meu António.

Fazes mal ó moreninha
Meu amor do marinheiro,
Sobe e desce, é como as ondas
É como as ondas em palheiro.
Fazes bem ó moreninha
Meu amor do marinheiro
Sobe e desce é como as ondas
É como àgulha em palheiro.

Adeus amor, vai-te embora
Deita-me fora, não tenhas dó;
A roseira mais bravia
Não tem Maria
Uma rosa só.

Sapato roto é enguiço,
O amor é traiçoeiro;
Mas não te rales com isso,
Ai que o meu derriço é o sapateiro.

Ó Maria dá cá um beijo

Ó Maria dá cá um beijo,
Ó Manel toma lá dois;
Dá cá um devagarinho,
Um mais depressa ó depois.

Roubei-te um beijo, Maria,
Desde esse dia, morro se minto,
Por uma coisa tão pouca
Pica-me a boca, não sei que sinto.

Roubei-te um beijo, Roberto,
Fui muito esperto ao terceiro dia;
Julgavas que era verdade
A minha maldade
Era fantasia.

Ó Manel dá cá um beijo
Ó Jaquim toma lá dois
Dá cá um devagarinho
Mais devagar ó depois.

Ai à volta, tirana à volta

Ai à volta, tirana à volta
Ai à volta qu’eu vou, eu vou:
Ai dar vida a quem me deu vida,
Ai matar a quem me matou.

A tirana morreu ontem
Foi s’interrar ó inferno:
Até os diabos disseram:
Temos lenha pró inverno.

Ai, ai, ai quem scorrega tamém cai
Scorregar não é cair, é ‘sapar o cu no chão.

Bate que bate
Sfrega co’a mão
Batida a eito
A roupa da feição, ó ai!
Ó ai com jeito
Ou cum sabão.

Xula

Doba, doba, dobadoira doba,
Não enrices a meada
O novelo inda stá pequeno
Cabe inda na mão fechada

Cabe inda na mão fechada
Cabe inda na mão aberta
Doba, doba dobadoira doba
Não enrices a coberta.

Cabe inda na mão fechada
Cabe inda nas mãos abertas
Vamos todos, raparigas, vamos
Ficar praí descobertas.

Dançai o bira, tricanas
Vosso bira bem batido; (bis)
Quem tem amores e não ama
Porque d’amores é servido. (bis)

Bate com chinelo
Neste pavilhão
Bate com jeitinho
Chega ao coração.

Eu ‘sfolhei o malmequer
Pra saber do meu amor
Ele me disse bem me quer
Foi bem falso, enganador.

Tu és a rosa de Maio
Tu és a flama azul
Às bridas freixas dum raio
Às tempestades do sul.
Tu és o cheiro que exalas
Hás-de abrir-se numa flor
Tu és o caule que emanas
Suas primícias de amor

Dizes que não trazes colete
E andas tão ajeitadinha
Costureira que o fez
Tinha a mão muito certinha.

Deste-me uma pêra verde
E eu deitei-a àmadurar
Pêra verde ó verde pêra
Não me queiras enganar

Não me queiras enganar
Não me enganes não, não, não
Pêra verde ó verde pêra
Pêra do meu coração.

A moda da carrasquinha

E a moda da carrasquinha
É uma moda assim ós lados;
Bota o joelho em terra,
Dá vivas ós namorados.

E a moda da carrasquinha
É uma moda excelente;
Deita o joelho em terra
Dá vivas a toda a gente.
Ó carrasquinha sacode a saia
Ó carrasquinha levanta o braço;
Se me não dás um beijo,
Dá-me sequer um abraço.

Matilde, sacode a saia,
Matilde, levanta o braço,
Já que me não dás um beijo
Dá-me sequer um abraço.

Fui lavar ao rio tinto

Fui lavar ao rio tinto
Escorregou-me o sabão
lá rá lá lá

Lavei a roupa com rosas
Ficou-me o cheiro na mão!

Menina tira a chinela,
Menina descalça a meia,
Venha aquecer ao braseiro, ó ai
Dois beijos prá minha ceia.

Dois beijos prá minha ceia
Abraços para o jantar
Venha depressa ó menina, ó ai
Que stou farto de sperar.

Dá-me um beijinho,
Cheio de horror,
Aquecido ao fogo,
Do teu amor.

Os beijos são segredinhos
Que alegram o coração
Quem nunca deu dois beijinhos
Até nem sabe o que é bom.

Dá-me um beijo, minha linda,
Chega a tua boca à minha,
Esses lábios divinais;
Se eu dou um tu pedes dois
Se eu dou dois, tu pedes três
Se eu dou três, tu pedes mais.
Dá-me um beijo minha louca
Pois tu és a minha boca
Para que tanto pensais;
Se eu dou um tu pedes dois
Se eu dou dois, tu pedes três
Se eu dou três, tu pedes mais.

Menina que vai andando
Com a sua canastrinha
Venda-me da sua fruta
S’ela é verde ou madurinha.

A minha fruta é boa
Pra quem a quiser comprar;
Eu vendo boa laranja
À gente particular.

Ajoelha-te ós meus pés e reza

Ajoelha-te ós meus pés e reza
Faz a tua oração,
Levanta-te e vem dançar
Amor do meu coração.

Ó Helena eu pedi-t’um beijo,
Ó Helena, eu pedi, pedi,
Passastes, nem me salvastes,
Nem pra mim olhastes,
Mas eu bem te vi.

Ó Micas dá cá um beijo,
Ó Micas dá cá, dá cá;
Se tu me não dás um beijo,
Eu vou dizer ao papá.

Ó Micas dá cá um beijo,
Ó Micas dá cá, dá cá;
Se tu me não dás um beijo
Eu à noite não vou lá.

Ó Micas tu já namoras
Teu pai não há-de gostar;

Namoro, hei-de namorar,
Eu sou solteirinha,
Quero-me casar.

Ó minha caninha verde

Ó minha caninha verde,
Ó minha verde caninha,
Não faças a tua cama,
Anda-te deitar à minha.

Caninha verde, caninha,
Verde cana d’encanar
Morreram os velhos todos,
Já não há quem talhe o ar.

Ó minha caninha verde
Verde cana d’encanar
É ó minha verde caninha,
Caninha verde do mar.

Ó minha caninha verde,
Ó minha verde caninha,
Salpicadinha d’amores
Há tão pouco casadinha.

Ó malhão, malhão

Ó malhão, malhão,
Ó malhão, triste coitado;
Por causa de ti malhão
Eu ando no triste fado.

Ó malhão, malhão,
Ó malhão roseira;
Eras do teu pai
E agora és freira.

Ó malhão, triste malhão,
Triste vida ti hei-de dar;
Não hei-de casar contigo,
Nem ti hei-de deixar casar.

Ó malhão, malhão,
Ó malhão flor;
Era do teu pai
E agora és amor.
Ó princesa, princesinha,
Princesa do Aragão,
Venho-te pedir uma filha
Das mais lindas qu’elas são.

Não te dou a minha filha,
Nem por oiro nem por prata,
Nem por sangue de leão,
Nem por sangue de largata,
Que me custou a criar
Da raiz do coração.

Eu darei-te a minha filha
Se tu ma estimares bem;
Estimo-ta muito bem,
Sentada numa almofada,
A enfiar contas d’oiro
Anda () cá, ó minha amada. 10 () por vezes ouvi dizer “salta”

Ó cozinheira dá-me água
Dá-me água quero beber;
Dá-me cá esses teus braços,
Que eu neles quero morrer.

Olha a bela cozinheira,
Ela cozinhava bem;
Ela deixou a cozinha,
E fugiu por i além.

E fugiu por i além
Seu namoro acenou;
Venha cá ó seu maroto
Foi você quem m’inganou.

Olha o rapaz
No que havia de dar
Enganou Maria Alice
E agora vai a deixar.

E agora vai a deixar
Ou a deixará ou não.
Corada como a cereja
Azeda como o limão.

Ora aperta, amor, aperta,
Aperta a minha cintura,
Estes nossos corações
Só tem fim na sepultura.

Não olhes pró vental
Que ele entremeio não tem,
Eu paguei à costureira
Não devo nada a ninguém.
É mais um peneira
Que na roda entrou,
Deixai-o bailar
S’inda não bailou.

Bate palmas, bate palmas,
Dê-me a sua mão, amor;
Cada qual vai com seu par
E eu cá vou com meu amor.

Já levaste um cabaz
Dois ou três hás-de levar
E por fim não hás-de achar,
Não hás-de achar com quem casar.
Eu não te quero
Tu não me serves
Só a ti, só a ti eu hei-de amar.

Ó laranja, laranja azeda
Coradinha ó limão
O pai quer, a mãe consente,
A filha não diz que não.

A filha não diz que não,
A filha só diz que sim;
Ó laranja, laranja azeda,
Criada no meu jardim.

Criada no meu jardim,
Criada no chão da horta;
Já não quero mais amar
Amores dó pé da porta.

Amores dó pé da porta,
Ó tê-los é um arrisco;
Antes que a boca num fale
Os olhos sempre s’impisco.

Amores dó pé da porta
Ninguém nos queira tomar
São com’ós pitos de inverno
À porta sempre a piar.

Ó meu benzinho
Não digas nada,
Que eu vivo triste
E apaixonada.

Dá-me os teus braços
Que eu dou-te os meus
Ó meu benzinho
Adeus, adeus.

Ó de ruz, truz, truz,

Ó de ruz, truz, truz,
Ó de raz, traz, traz,
Ora chega, chega, chega,
Ora arreda lá pra trás.
Ora arreda lá pra trás
quando não, arredo eu;
Quero dar duas voltinhas
Ao amor que já foi meu.

Ao amor que já foi meu,
Ao amor que há-de ser,
Quero dar duas voltinhas,
Quero dá-las ‘té morrer.

Eu por ti suspiro

Eu por ti suspiro,
Eu por ti dou ais,
Eu por ti, amor,
Não suspiro mais!

Ó Manel tira a razina,
Que a Rosita anda acartar;
Ó Rosita, acode aqui (bis)
Que o vaso stá-se a virar.

Ó Júlia, ó Júlia, ó Júlia,
Que tens, que tens, que tens?
Fôro t’o porta boné
Roubaro os três vinténs.

Ó Júlia, ó Júlia,
Ó Júlia fidalga
Bebestes o vinho
Quebrastes a malga.
Ó Júlia, ó Júlia, ó Júlia,
Ó Júlia bareira
Se fores à missa
Leva a capoleira 11

Leva a capoleira,
Leva o tu balão,
Ó Júlia, ó Júlia
Do meu coração.

Ó Júlia, ó Júlia, ó Júlia?
Qui é, qui é, qui é!
Quem quiser dançar coa Júlia
Há-de aqui prantar o pé.

Há-de aqui prantar o pé,
Há-de ter o pé ligeiro,
Ó Júlia, ó Júlia, ó Júlia,
Já não vale o teu dinheiro.

Já não vale o teu dinheiro
Já não tens o teu balor
Ó Júlia, ó Júlia, ó Júlia,
Hás-de ser o meu amor.

Ó balancé, balancé,

Ó balancé, balancé,
Balancé da noite escura
Ó minha salvé rainha,
Ó minha vida doçura.

Ó balancé, balancé,
Balancé da outra banda
Eu hei-de casar contigo
Antes que corra demanda.

Ó rolité da calçada
Ai o meu milho miúdo
Hei-de lh’atirar um tiro
Tiro-lhe penas e tudo.
Se passares à minha porta
Sim bonita ó linda
Ora dai um ai que eu entenda, (bis) ai!

Ó Mariquinhas, que levas na’regaçada?
Copinhos de vinho fino
Se os quebras, ficas sem nada.

Sou solteira, solteirinha,
Pretendia-me casar (bis)
Vá bater a outra porta
Que eu fico no meu lugar.

Sigam lá para diante,
Não s’enganem no caminho,
Quem vai para amar amores,
Não vai tão devagarinho.

Olha o beijinho
Que de trás da porta t’eu dei,
Era tão repinpadinho
Que gritaste á calderei!

Ora agora viras tu,
Ora agora viro eu,
Ora agora viras tu,
Viras tu mais eu.

Viva a menina Maria nesta função,
Meia volta a dar a ela
Dê-me a sua mão (bis)
Outra meia pra quem vai no vira,
Ó Giraldina é tão belo o seu olhar,
E ó bela qu’es bela, torna a virar (bis).

Vai de ramo em ramo,
Vai de ramo em raminho;
Vai de braço dado,
Mai-lo seu benzinho.

Mai-lo seu benzinho
Mai-lo seu amor
Vai de braço dado
Minha branca flor.

Ó ladrão, ladrão,
Anda ligeirinho,
Não queiras ficar
Na roda sozinho.

Na roda sozinho
Não hei-de eu ficar
Scolha a melhor moça
Que na roda andar.

Cá na nossa roda
Não entra canalha
Só entram rapazes
De chapéu de palha.

Mas não é pra ti
Mas não é, não, não,
Mas não é pra ti
O meu coração.

Chapéu de palhinha

Chapéu de palhinha
A todos stá bem;
Ó c’anda na roda
Melhor c’a ninguém.
Melhor c’a ninguém
Só só não tem par,
Scolha a melhor moça
Que na roda andar.

Que na roda andar,
Ó verde, ó limão,
Dançar é que sim,
Chorar é que não.

Se a Rita casar
Também caso eu
O dote da Rita
Não é mais c’ó meu.