São Pedro de Castelões
JUNTA DE FREGUESIA
Presidente: Sérgio Soares
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Do livro Vale de Cambra, de António Martins Ferreira, 1942
Rodeada pelas serras da Chã, Pedregais, Senhora da Saúde, Coto, Felgueira, Barbeito e Escaiba, a vila de S. Pedro de Castelões fica situada no extremo sudoeste do município.
Breve apontamento Histórico e Geográfico
Rodeada pelas serras da Chã, Pedregais, Senhora da Saúde, Coto, Felgueira, Barbeito e Escaiba, a vila de S. Pedro de Castelões fica situada no extremo sudoeste do município.
É banhada pelos rios Caima, Vigues, Cabras e Moscoso e ainda por alguns regatos e ribeiros.
Tem limites com Vila Chã e Macieira de Cambra, a Norte; Rôge, Cepelos e Junqueira, a Este; Sever do Vouga, a Sul (Silva Escura e Dornelas) e a Oeste por Oliveira de Azeméis (Palmaz e Ossela).
Segundo os censos de 1991, S. Pedro de Castelões tinha uma população de 7389 habitantes.
O seu orago S. Pedro.
S. Pedro de Castelões é a freguesia com maior densidade populacional, albergando cerca de um terço do total dos habitantes do município.
Castelões tem uma origem muito remota, testemunhada pelos vestígios de um castro, pelos achados arqueológicos do período do Bronze, passando pelo próprio topónimo Castelões.
Da presença árabe restou apenas a lenda de Nossa Senhora do Castro, que adiante resumiremos.
Presume-se que a sua fundação como unidade administrativa seja anterior à formação da nacionalidade e que o primitivo nome tenha sido Castelão, homem rico e nobre.
Actualmente, diz-se Castelões, que significa freguesia de ricos e nobres.
O primeiro documento escrito que refere a povoação data de 995.
Os seguintes datam de 1019, 1072, 1097 e 1098 e referem-se a transacções de terras.
A freguesia aparece mencionada nas Inquirições de D. Afonso II, em 1258, onde se refere que na “Vila de Castelaos” a coroa possuía dois casais de que se dava a quinta e meias direituras e que, dos restantes casais, apenas o do mosteiro de S. Cristovão de Lafões estava sujeito ao serviço militar e fazia o mais foro.
Nas Inquirições de D. Dinis, em 1290, menciona o lugar de S. Pedro de Castelões como honra dos filhos de Martins Pais; o lugar de Burgaâes do Mosteiro de Cucujães; os lugares de Cartim e Espinhel da Ordem do Hospital; o lugar de Mosteirô do Mosteiro de Paço de Sousa e o lugar de Macinhata era honra com paço de D. Froilhe.
Referia-se ainda que no lugar de Baçar havia duas quintãs, honras com seus paços, uma do cavaleiro Afonso Pais e outra dos filhos de Pero Afonso.
Uma grande parte das terras eram foreiras, pagando foros ao convento de S. Bento, no Porto, ao convento de Arouca e a algumas individualidades particulares.
Incluída no foral concedido por D. Manuel I à vila de Macieira de Cambra, em 10 de Fevereiro de 1514, Castelões pertenceu ainda à Ordem de Cristo, depois aos condes da Feira e pela extinção desta família, passou para a casa do Infantado, até ao seu fim, no séc. XIX.
Foi um concelho com juíz ordinário e comarca sujeita à justiça da Feira.
S. Pedro de Castelões pertenceu ao concelho de Macieira de Cambra, criado em 1832, e ao de Oliveira de Azeméis, quando o primeiro foi anexado ao segundo, passando depois para o concelho de Vale de Cambra criado em 1926, data da sua criação.
Com um considerável valor agrícola, histórico e cultural, foi elevada à categoria de Vila em 20 de Maio de 1993.
Nesta data passou a designar-se S. Pedro de Castelões, em vez de apenas Castelões.
O Brasão, a Bandeira e o Selo da freguesia foram também apresentados nesta altura.
Brasão, Bandeira e Selo
O Brasão, a Bandeira e o Selo da freguesia foram também apresentados nesta altura.
Ver a Heráldica de Vale de Cambra
Descrição do Brasão
Escudo verde, duas chaves de ouro passadas em aspa, atadas por um torçal de cor vermelha, com um pé de zinco, faixetas ondadas de prata e azul; flanquedo de negro, carregados os flancos de um ramo com duas folhas e um ouriço de castanhas, tudo em ouro.
Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco com a legenda a negro “Vila de S. Pedro de Castelões”.
A Bandeira é esquartelada de verde e amarelo, cordão e borlas de ouro e verde, haste e lança de ouro.
O Selo é circular, com peças as eças do escudo sem a indicação de cores e metais, tudo envolvido por dois círculos concêntricos, onde corre a legenda “Junta de Freguesia de S. Pedro de Castelões”.
Como já foi escrito, a situação privilegiada, de onde ressalta a abundância de água e consequente fertilidade das terras, faz desta freguesia de S. Pedro de Castelões um dos locais com mais testemunhos de um povoamento remoto.
A Lenda de N. Sra do Castro das Baralhas
Desse passado longínquo, há a destacar a lenda de Nossa Senhora do Castro das Baralhadas, relativa às disputas entre cristãos e muçulmanos, numa época anterior à Nacionalidade.
Refere a lenda que os mouros, invejosos da devoção dos habitantes locais para com a imagem de uma santa, decidiram inundar esse local de culto, construindo, para o efeito, um açude.
A lenda, contada em pormenor, pode ler-se aqui.
Só que essa obra de engenharia nunca chegaria a ser concluída, em virtude da constante resistência da população local.
Origem do nome Baralhas
De resto, é devido a este estado de conflito, considerado uma permanente baralhada, que o sítio passou a ser conhecido pelo nome de “Baralhas.”
O facto é que a imagem da santa nunca foi afectada e logo que a ocupação muçulmana foi desbaratada, a população destruiu o açude e passou a realizar uma romaria em honra de Nossa Senhora do Crasto, todos os últimos domingos de Agosto, saíndo a procissão da vila de S. Pedro de Castelões.
Neste mesmo local, diz a tradição que um tal António “Sapateiro”, ao pretender construir um muro que teimava em cair, decidiu fazer uma escavação mais profunda para o alicerçar.
Foi nessa altura que deparou com um conjunto de braceletes em ouro enterrado nas proximidades do Crasto de Ossela.
Desse conjunto, apenas restam dois exemplares, conhecidos como as “manilhas das Baralhas“, que estão depositadas no Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia de Lisboa, testemunhando assim o dinamismo da ourivesaria local nesta fase da cultura castreja.
A Igreja de S. Pedro de Castelões existia já no século XI.
Igreja de S. Pedro de Castelões
Quanto à sua estrutura deve datar da reconstrução feita em finais do século XVII, tendo sido modificada posteriormente.
A sua fachada, revestida de azulejos figurativos modernos, é do tipo tradicional.
A capela-mor foi ampliada e modificada no século XIX, resultando daí a existência de duas sacristias, sendo a da direita antiga e a da esquerda actual.
“Curiosa por ser uma igreja de três naves, arcadas baixas e com um arco-cruzeiro todo em talha dourada, dos inícios do século XVIII, cujo conjunto é digno de nota, dado apresentar uma envolvência do arco-cruzeiro com o retábulo da nave do Evangelho, o que leva à fusão dos altares colaterais com o dito arco-cruzeiro, formando um só conjunto de grande originalidade.
O seu interior é bastante rico em estatuária, exemplo disso é a imagem de Nossa Senhora do Rosário, de finais do século XVIII.
Uma das peças com maior relevo histórico é a inscrição tumular que se encontra por cima da porta travessa direita.
Esta inscrição identifica um dos padroeiros da igreja que foi Francisco Tavares, cuja representação genealógica está nos Morgados de Pigeiros e diz o seguinte:
Capp(e)lla Institv(i)da por Fran(cis)co Tavar(e)s do Ramalhal 1545 hoje dos Morg(a)dos de Pigeiros.
Realça-se também o altar da Senhora do Carmo, do século XVIII e um orgão tubular, estilo D. João V, construído entre 1896 e 1898“.
Outro monumento importante é a capela de Nossa Senhora da Saúde, situada no alto da Serra do Arestal, a mais de 700 metros de altura.
Capela de Nossa Senhora da Saúde
Outro monumento importante é a capela de Nossa Senhora da Saúde, situada no alto da Serra do Arestal, a mais de 700 metros de altura.
Esta é a sucessora do pequeno nicho existente no lugar de Gestoso, com as imagens de Nossa Senhora e Santo António.
Aqui realiza-se uma das romarias mais concorridas da região, nos dias 13, 14 e 15 de Agosto.
Milhares de romeiros deslocam-se anualmente a Gestoso, a venerar a Senhora e a cumprir as suas promessas.
É conhecida a particular devoção das gentes da beira-mar desde Ovar, Estarreja, Murtosa, etc.
A primitiva ermida, referenciada já em 1753, era uma ermida simples, com um altar-mor e uma pequena sacristia, destacando-se na frontaria, em granito, um campanário.
O actual Santuário foi construído em 1929 e 1935, aproveitando-se apenas o altar-mor de talha dourada em forma de conchas, datado da segunda metade do século XVII, e a sacristia.
A torre fronteira mede 28 metros e a iluminação interior é feita através de onze janelas.
O cruzeiro calvário está separado do santuário por três avenidas, onde se podem ver as estátuas dos 4 evangelistas em colunatas, assim como as de Cristo-Rei, da Virgem, da Fé, Esperança, Caridade e S. Miguel.
No lugar de Coelhosa existe a capela de S. Gonçalo, inaugurada em 1898 e totalmente renovada em 1900.
Capela de S. Gonçalo em Coelhosa
Tem planta constituída por um corpo e santuário, ficando a torre sineira à esquerda.
Na frontaria vemos dois nichos com as esculturas de S. Sebastião e Santa Ana.
No seu interior encontramos o pequeno retábulo em madeira, da antiga capela, datada do século XVII.
A festa da família está imortalizada num pequeno monumento constituído por pedestal com a imagem da Imaculada Conceição.
Locais de Interesse
• Santuário Mariano (Gestoso – alto da Senhora da Saúde) e o parque verde
• Ponte dos coronados (apoiada sobre o rio Caima)
• Paisagens ribeirinhas
• Igreja matriz (rica em talha dourada/estilo barroco)
• Restantes capelas
• Várias casas solarengas
• Praia Fluvial com polidesportivo em Burgães
• Estádio Municipal das Dairas
• Complexo Desportivo das Dairas
• Piscinas Municipais
• Pavilhão Desportivo
Principais povoados e casais
Aguincheira, Barbeito, Amial, Areal, Areias, Baçar, Baralhas, Burgães, Bouça de Aguincheira, Bouça de Cartim, Casais, Cabeço, Cavião de Baixo, Cavião de Cima, Cimo da Aldeia, Coelhosa, Corgas, Costa, Cova, Covo, Decide, Dois, Dairas, Entre-Pontes, Felgueira, Figueiras, Folgorosa, Formiga, Fundo da Aldeia, Gandarinhas, Gestoso, Granja, Guigermas, Janardo, Landeira, Lomba, Lombela, Igreja, Macinhata, Marco, Mártir, Matinho, Moinho do Bicho, Malhô, Moscoso, Mosteirô, Mourio, Mouta, Outeiro, Paredes, Pinheiro Manso, Quinta da Ucha, Quintã, Queiró, Rabaceira, Ribeira, Ribeiro, Souto, Talhadouro, Vale do Lobo e Várzea.
Principais actividades
Apicultura, pecuária (gado bovino, ovino e suíno) e a agricultura (milho, centeio, aveia, vinho verde, fruta, produtos hortícolas e castanhas) são as actividades principais. A caça é outra das actividades existentes: Coelho, perdiz e lebre. A par com a agricultura, as indústria de lacticínios, metalurgia, latoaria, serralharia, o abate de aves, a construção civil e a serração de madeira são também importantes fontes de receita na economia desta população.
Gastronomia
Nesta região pode-se apreciar o bom vinho verde, o bom queijo, os rojões com batatas alouradas, a boroa de farinha de milho e as castanhas.
Festas e Romarias
• Festa em Honra de S. Pedro – 29 de Junho (quando não coincide com o Domingo, realiza-se no Domingo posterior a esta data.
• Festa em Honra de Nossa Senhora da Saúde da Serra – 13, 14 e 15 de Agosto
• Festa em Honra de Nossa Senhora das Necessidades – 1º Domingo de Agosto
• Festa em Honra de Nossa Senhora da Piedade – 3º Domingo de Agosto
• Festa em Honra de S. Gonçalo – 10 de Janeiro
• Festa em Honra do Mártir S. Sebastião – 20 de Janeiro
Santa Casa da Misericórdia – A Instituição
A Santa Casa da Misericórdia de Vale de Cambra foi fundada em 1952 e encontra-se registada no livro 2 das Irmandades da Misericórdia, sob o nº 7/86.
A instituição constituída por tempo ilimitado, tem a sua sede no Lugar de Coelhosa, freguesia de S. Pedro de Castelões.
Tem por objectivo a satisfação de “carências sociais e praticar actos de culto católico, de harmonia com o seu espírito tradicional, informado pelos princípios da doutrina e moral cristãs”.
Breve Historial
Durante os primeiros anos da sua existência a Santa Casa da Misericórdia de Vale de Cambra empenhou-se em adquirir um terreno e elaborar o projecto de um Hospital.
Preparava-se para iniciar as obras quando surgiu o 25 de Abril, pelo que não chegou a concretizar-se a construção conforme previsto.
De imediato, iniciaram-se planos para desenvolver respostas nas áreas da infância e idosos.
Em 1983, entrou em funcionamento a Creche e Jardim de Infância, em Coelhosa, S. Pedro de Castelões.
Em 1988, mediante protocolo com o Ministério da Justiça e o Ministério do Emprego e Segurança Social, foi construído um Centro de Acolhimento de menores de ambos os sexos, até aos seis anos de idade.
Em 1990, iniciou a construção de um Lar de Idosos e Centro de Dia.
Em 1993, procedeu à abertura de um ATL, situado na freguesia de Macieira de Cambra.