Não há poeta para a réstia de sol de um rosto engelhado de
luz
Não há poeta para o poema da eternidade num só momento
Não há poeta para a singeleza do pensamento feito suspiro
de terra seca num beijo de primeira chuva na melodia do
sol-pôr dormindo num estuário de rugas cavadas de longas
madrugadas
Não há poeta para a liberdade de criar sem algemas a
majestade de um só verso feito sorriso de cristal
Não há poeta para tão serena harmonia da assilabada
amargura do peso do tempo
Não há poeta para a nudez da vida perdida para lá de um
rosto apagado de ilusões
Não há poeta para uma réstia de sol pousada nos olhos do
silêncio entre a vida e a morte