Rôge

Junta de Freguesia de Rôge Junta de Freguesia de Rôge
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Do livro Vale de Cambra, de António Martins Ferreira, 1942

Rôge
Rôge

Rôge está localizada na província da Beira Litoral, Distrito de Aveiro e Concelho de Vale de Cambra.

Sendo uma das nove freguesias do Concelho, situa-se na zona da terras altas do mesmo, na margem direita do Rio Caima, na faldas da serra da Freita, a uma altitude de 800 m (Serra de Trebilhadouro).

Zona de relevos acentuados, que se vão suavizando já próximo da sede de freguesia, onde o terreno apresenta menos declives, dista 4 km da sede do concelho.

Área e Limites

Rôge

Situada no extremo Nordeste do Concelho, tem uma área aproximada de 17 kms e uma população residente de 2000 habitantes.

A densidade populacional da freguesia é de 114 habitantes/ km2.

Limitada a Norte por Macieira de Cambra e Chave (Arouca), a sul por Cepelos e S. Pedro de Castelões; a Leste por S. Miguel de Urrô e Albergaria da Serra (Concelho de Arouca) e a Oeste por Macieira de Cambra.

A freguesia tem como principais povoações:

Casal D’Arão, Santa Cruz – lado nascente, Vila Nova , Paço de Mato, Carvalheda, Função, Fuste, Sandiães, Rôge, propriamente dito, com lugares de Soutelo, Pêdre, Taíjas, Grela, Fôjo, Cancelo, Presa do Monte, Marmoeiral, Videira e Moreira.

O lugar de Trebilhadouro com cerca de dez casas, algumas em ruínas, encontra-se desabitado.

Hidrografia

Integrada na Região Hidrográfica nº 7 – Mondego e Vouga, é atravessada pelo rio Caima que nasce na Serra da Freita na zona da Frecha da Mizarela e desagua no Vouga.

Classificado como afluente de 1º ordem, o Caima, que corre apertado entre duas vertentes até Rôge, tem nesta freguesia os afluentes Ribeira de Fuste ou Ribeira de Sandiães e a Ribeira de Paço de Mato ou Rio Caimó.

Barragem do Castêlo (Duarte Pacheco)

Construída no Rio Caima, no lugar do Castêlo, entre 1936 e 1942, a Barragem do Castêlo, oficialmente designada de Barragem Duarte Pacheco, em homenagem ao Engº que a projectou (e faleceu 3 anos depois), tinha como fim aumentar a rentabilidade agrícola dos campos de Burgães e intensificar a Indústria de Lacticínios, pela criação de prados permanentes.

A barragem é constituída por uma albufeira que permite o armazenamento de 330 000 m3 de água de rega, a utilizar no tempo da estiagem, e por um dique de alvenaria, com 24m de altura, para queda livre das águas, bem como um dique misto de suporte às águas da albufeira.

Barragem do Castêlo – Eng. Duarte Pacheco

Para comemorar tão grandiosa obra, e também em memória do seu projectista, colocaram, no enrocamento lateral da Barragem, um padrão construído por um fuste da coluna de granito polido.

A Barragem destaca-se também como património ambiental, dado seu enquadramento paisagístico, que a torna uma óptima área de lazer, num estreito convívio com a natureza.

Relevo e Vegetação

Zona de relevo escarpado de pendentes ligeiramente acentuadas.

Os seus terrenos em socalcos formam as jeiras que em degrau formam os campos de cultivo.

As suas terras são essencialmente constituídas por granitos e xistos.

Parte das suas terras, estão na área sujeita a regime florestal, onde predomina o pinheiro bravo e o eucalipto.

Junto às linhas de água ainda se encontram freixos e amieiros e um pouco por toda a parte aparece o castanheiro e o carvalho, abundantes em tempos idos e que deixaram marcas na toponímia em lugares como Carvalheda e Soutêlo.

Vias de Comunicação

O acesso à freguesia é feito pela EM 550, que serve a maior parte dos lugares da freguesia, incluindo a sede, e a EN 227, que serve os lugares de Casal D’Arão, Nova e Santa Cruz.

A freguesia tem uma rede viária envelhecida, de traçados sinuosos e estreitos, isto porque sendo a maioria dos lugares mal servidos, com acessos difíceis e morosos ou então insuficientes, pois a maioria dos arruamentos internos dos aglomerados são em pedra – as calçadas estreitas e sem possibilidade de alargamento.

Actualmente está em fase de adjudicação a rectificação e beneficiação da EM 550.

Actividades Económicas

É uma freguesia essencialmente rural, característica que ainda hoje mantém, dado ser a agricultura e a pecuária a principal actividade económica à qual se associa a riqueza florestal.

Quanto ao grau de dependência da família agrícola em relação ao rendimento da exploração em Rôge, apenas 64% dependem exclusivamente da mesma.

Constatamos também que a maioria das famílias (65,5%) não depende apenas do rendimento da exploração agrícola, concluindo-se que a actividade agrícola é desempenhada essencialmente a tempo parcial, dedicando-se uma parte da população agrícola à actividade industrial, fora da freguesia.

Indústria

As indústrias existentes na freguesia são muito reduzidas.

Destaca-se a única indústria de pirotecnia existente no concelho e outras ao nível da carpintaria e serralharia.

Para além destas, existe ainda uma padaria e pastelaria.

Comércio

A actividade comercial é praticamente inexistente, encontrando-se todavia um ou outro estabelecimento comercial mais ou menos provido de tudo o que é necessário para o dia a dia das populações.

Artesanato

À semelhança do que acontece com as restantes freguesias do Concelho, o artesanato típico da freguesia foi desaparecendo do quotidiano familiar devido às mudanças de usos e costumes da população local, embora ainda existam alguns moinhos de milho accionados pelas águas dos rios e ribeiros, para o fabrico de pão de milho, alambiques para a produção de água ardente bagaceira e lagares para produção de vinho, que é ainda um rendimento familiar.

História

A primeira referência escrita acerca da freguesia encontra-se num documento medieval, anterior à fundação da nacionalidade, numa doação do ano de 924, onde surge “Vila” de Soutêlo.

Esta doação é feita a uma igreja de S. Martinho e Mosteiro fundado no Século V, pelo abade DONAÑI e pela devota Létula, responsáveis também por esta doação ao citado mosteiro que teria existido no território de Cambra.

Sendo este o dote da doação, esta não se faria fora de qualquer das “Vilas” doadas situadas em território portucalense, o qual nesta altura já atingia Coimbra.

Provavelmente constituída como paróquia rural nos inícios da nacionalidade encontramos referências à igreja de Rôge no Rol das igrejas do padroado Régio do Bispado de Coimbra, com data de 1229, mas com uma indicação que reporta ao ano de 1209 (reinado de D. Sancho I) onde aparece mencionada a igreja Sanctus Salvator de Regy.

Culto e Assistência

Espiritualmente, em tempos muito remotos, Rôge, tal como as restantes Terras de Cambra, estava incorporada nos domínios da Diocese de Mérida, sendo depois incluído no património dos Bispos de Coimbra, uma das mais antigas Sés Episcopais de Portugal, criada muito antes da fundação da nossa monarquia e inicialmente sufragânea da Metropolita Mérida.

Do Arcediago do Vouga, segundo documentação do Século XIV, mais tarde transitou para o Bispado de Aveiro, onde se manteve até 1882, quando, por extinção deste Bispado, transitou, juntamente com outras freguesias do Concelho de Cambra, para a Diocese do Porto, onde ainda se encontra.

O Arcediago do Vouga pertencia à Diocese de Coimbra.

A distribuição das freguesias por grupos tem variado no decorrer dos tempos, a partir do Séc. XII.

Estavam reunidas em Arcediagos sendo que ainda no Séc. XIII as freguesias da parte do Bispado de Coimbra vindas para o Bispado do Porto constituíam o Arcediago do Vouga. Entre 1774 e 1882 passou a freguesia ao Distrito Eclesiástico de Cambra, na recém-criada Diocese de Aveiro, sendo depois a freguesia incluída na comarca Eclesiástica de Arouca, criada em 1882, pelo Cardeal D. Américo, e que incluía as freguesias que transitaram da Diocese de Aveiro para a do Porto.

A Comarca de Arouca, por sua vez estava subdividida em quatro distritos eclesiásticos também designados vigararias de vara, constituindo o distrito nº3 Macieira de Cambra, à qual pertence Rôge.

Actualmente faz parte da vigararia do Concelho de Cambra e Carregosa.

A festa anual da freguesia, celebrada na igreja Matriz, é actualmente dedicada a Santa Isabel e a S. Sebastião, realizando-se no 1º Domingo de Julho.

Sobre as origens destes festejos não se sabe ao certo porquê ou quando se iniciaram.

Contudo o seu orago é S. Salvador cujo significado é a transfiguração de Cristo no Monte Tabor, na Galileia, e que aparece narrada na bíblia por S. Lucas e S. Mateus.

Capelas

Quanto às capelas existentes na freguesia temos:

A Capela de Santa Ana, com festa no último Domingo de Julho.

A Capela de Nossa Senhora do Desterro, em Função, cuja festa se realiza no Domingo e Segunda Feira de Pentecostes.

Conhecida anteriormente como Nossa Senhora do Destino a ela é dedicada uma das maiores Romarias do Concelho.

Rôge
Foto Junta de Freguesia de Rôge

No alto do monte desta freguesia, alveja a formosa capela de Nossa Senhora do Desterro, à qual se faz todos os anos uma brilhante festa, e concorridíssima Romaria.

O panorama que se goza do alto desta ermida é vasto e encantador.

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Foto Junta de Freguesia de Rôge

A Capela de Nossa Senhora da Luz, em Paço de Mato, com festa na Segunda-feira de Páscoa.

Mais uma vertente de culto Mariano, a padroeira de Paço de Mato é assim invocada porque deu ao mundo o Verbo feito homem.

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Foto Junta de Freguesia de Rôge

A Capela de Santa Helena da Cruz, em Santa Cruz, tem a sua festa em Julho.

É liturgicamente administrada por Rôge e Macieira de Cambra.

A existência de uma Capela em Santa Cruz é muito antiga sendo referenciada nos Sécs. XII e XIII.

A Capela de Nossa Senhora da Conceição, anexa à Casa do Paço, é uma Capela privada, não aberta ao culto, tem como orago a Nossa Senhora da Conceição.

Igreja de Rôge

A Igreja colocada isoladamente num escarpado socalco, a dominar o Rio Caima, sempre despertou as atenções, tanto pela posição como pelo seu portal de colunas retorcidas, pelo recortado da empena e sua torre, onde pináculos helicoidais mostram originalidade, como também pelo alto cruzeiro que se levanta em frente, suportado por crianças – atlantes e de fuste inteiramente lavrado.

Rôge
Foto Junta de Freguesia de Rôge

De traça barroca a Igreja de S. Salvador é uma construção de tipo regional datada do Séc. XVIII, que apresenta extraordinariamente riqueza de ordenamentos na frontaria, as quais de inspiração joanina, “denunciam um arquitecto não vulgar e artífices que sabiam servir-se do cinzel no trabalho de cantaria.”

Cruzeiro de Rôge

Na freguesia de Rôge, ao que tudo indica o mais antigo cruzeiro, é o que se ergue no adro da Igreja Matriz, classificado como imóvel público, pelo Decreto nº 37366, de 5/04/1949, e situado no adro frente à igreja.

É uma artística peça de arte com cerca de 14 m de altura.

Assente sobre plataforma de quatro degraus oitavados, a base quadrangular é sustentada por quatro esculturas de ” crianças atelantes”, desnudas e só com um laço ondulante.

A coluna, cujo capitel em estilo Coríntio, é ricamente trabalhado com motivos florais, crianças, losangos, e outros, remata em esfera sobre a qual se ergue uma cruz de terminações florais.

O único documento e mais antigo que fala do cruzeiro de Rôge é uma provisão, enviada ao Rei pelo então Reverendo Pároco João Gomes de Abreu, que data de 09 de Maio de 1758, e que diz: “No Adro de Rôge tem um cruzeiro de pedra lavrada com bastante miudeza, que é dos mais primorosos que onde encontrar em toda a Província ou em todo o Reino.”

Filhos Ilustres

Nesta freguesia, no passado, tiveram lugar de destaque:

Reverendo Belchior Teixeira Louseiro, Prior da igreja de Rôge, a quem está associada a fundação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário na Igreja Matriz, bem como a demarcação das terras pertencentes à freguesia por ordem do Rei D. João V (Livro do Tombo 1716)

Dr. João Soares Tavares, chanceler da Relação do Rio de Janeiro. (Provisão enviada ao Rei pelo Pároco João Gomes de Abreu, 1758).

Luís Soares de Pina, nascido em Rôge, filho de pai incógnito, serralheiro de profissão, e de mãe chamada Joana.

Em 1872 foi um dos fundadores da Fraternidade Operária, juntamente com José Fontana, Antero de Quental e Josef Delerne, cuja finalidade era a propaganda Socialista, recebendo instruções da Internacional Operário e Sindicalista.

Participou no golpe operário de 31 de Janeiro de 1898 e foi proposto várias vezes pelo círculo do Porto, tendo obtido, nas eleições de 28 de Agosto de 1910, as últimas do Regime Monárquico, 195 sufrágios.

Adriano e António de Oliveira Maurício, irmãos, naturais de Sandiães desta freguesia.

Grandes industriais de pirotecnia no Brasil, concretamente no Rio de Janeiro, para onde emigraram, a eles se deve a construção da Escola de Sandiães e melhoramentos na igreja de Rôge, concretamente o relógio da igreja e o guarda-vento, entre outras obras oferecidas por António de Almeida Maurício. 

António Joaquim Borges Ferreira, da Casa de Pêdre, que foi Administrador do Concelho de Cambra nos anos quarenta, entre 1943 a 1945.

O Castro do Castêlo

A cultura castreja representa essencialmente uma ocupação por todo o Noroeste da Península Ibérica, durante a idade do ferro (Séc. XIII a I A.C), caracterizando-se por povoados fortificados nos altos dos montes ou em locais estratégicos.

Em Rôge temos o Castro do Castêlo, situado no cimo do monte com o mesmo nome.

Junto à barragem Duarte Pacheco, e que aparece citado por João de Almeida na sua obra Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses (pág. 93).

Castêlo de Rôge

No cimo do monte denominado Castêlo, cota de 430m, que se levanta a 250m a cavaleiro da margem direita do Rio Caima, situado a 250m a sul da povoação de Rôge e a 5,5km a su-sudeste de Vale de Cambra existem ainda vestígios de uma antiga fortaleza.

A avaliar pela sua situação e pelo valor militar da posição, e também pela natureza dos vestígios, trata-se de um Castro Luso- Romano.

Por esta Fortaleza passava a estrada Romana vinda de Idabriga (Castelo de S. Gião) para Arouca, da qual ainda existem restos de calçadas.

Este Castro é também mencionado por António Manuel S. P SILVA (Proto- História e Romanização de Entre- Douro e Vouga Litoral – elementos para uma avaliação critica, Porto, 1994, pág. 59) onde se lê:

Castelo de Sandiães, Vale de CAMBRA, Rôge, Sandiães, Castelo (Barragem do Caima)

Pontes

A necessidade de atravessar o Rio Caima e seus afluentes, que serpenteiam por entre campos de milho e vinhedos, desde sempre se fez sentir, levando à construção de várias pontes, algumas muito antigas e das quais destacamos:

Ponte do Castêlo – localizada num sítio escarpado junto da albufeira da Barrragem Duarte Pacheco, liga Rôge à freguesia de Cepelos, destacando-se pela Berbedã.

É formada por um pequeno arco de grossa cantaria e enchimento de alvenaria, com pavimento em cavalete e guardas de lages postas ao alto.

Ponte de Pisão – situada num apertado elo do Rio, entre fragas, acima do antigo Pisão do Linho, liga Sandiães a Cepelos de Baixo.

Formada por um arco semicircular, sem guardas, a pedra foi tratada apenas na face da curva.

Recentemente foi-lhe construído um parapeito.

Ponte de Fuste – localizada na Ribeira de Sandiães, no lugar de Fuste, é uma pequena ponte em pedra de um só arco sem guardas.

Ponte de Paço de Mato – Apoiada num arco de pedra semicircular, sobre o Rio Caima, fica situada no fundo do lugar, ligando-o a Viadal-Cepelos.

A seu lado, um velho moinho completa a bucólica paisagem.

Dinamização do Rio Caima (Paço de Mato)

A ADRIMAG – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado nas Serras de Montemuro, Arada e Gralheira – através do LEADER II, disponibilizou o montante de 1.530.900$00, para um total de investimento de 2.430. 000$00 para a limpeza do Rio Caima no lugar de Paço de Mato, criando-se assim uma área de lazer, onde a população de Paço de Mato, e lugares limítrofes, podem no Verão apreciar as boas merendas e refrescarem-se nas águas límpidas do Rio Caima.

A Junta de Freguesia teve o bom gosto de mandar instalar no local mesas e bancos para os merendeiros, e o arvoredo à volta proporciona boas sombras, na área do Parque ali construído.

Fontanários

Motivo de arte popular, os fontanários existem um pouco espalhados por todos os lugares.

Desde a fonte de Nossa Senhora da Esperança, em pedra trabalhada, apresenta, na fachada, um painel de azulejos com a figura de Nossa Senhora da Esperança, datada de 1949, a outros exemplares mais antigos, alguns de inegável valor, como a Fonte da Moreira, um belíssimo exemplar, com espaldar decorado e remate redondo, datada de 1754.

A Fonte do Paço, também com espaldar decorado e remate redondo, datada de 1754.

Próximo da igreja Paroquial a Fonte do Passal é outro exemplo de uma fonte em pedra, também provavelmente do Séc. XVIII, cujo trabalho de cantaria é digno de nota.

Em Fuste, a Fonte do Albeque, em pedra de forma triangular com bica, datada de 1840.

Em Paço de Mato, a fonte em granito, datada de 1815, abastece actualmente o lavadouro público.

Ver também Fontes, bebedouros e chafarizes

Aldeias de Rôge e significado toponímico