I – Vale de Cambra, meio século de imagens

I – Vale de Cambra, meio século de imagens

No Quadriénio 1986-1989 fui vereadora do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vale de Cambra com as inerentes responsabilidades de divulgar a cultura do concelho.

Fiz, então, uma pesquisa e selecção de fotografias antigas das Terras de Cambra, que expus no Salāo Nobre dos Bombeiros Voluntários durante as Festas do Concelho em 1989 e posteriormente, em 1992, na Escola Secundária de Vale de Cambra.

Entre alguns sonhos que tive, alimentei o da elaboração de um livro de fotografias antigas que pretendia oferecer à autarquia.

Obstáculos diversos me impediram de realizar esse sonho na altura certa, mas, depois de superados alguns desses impedimentos e após contacto com o patrocinador, senhor Álvaro Pinho da Costa Leite, a quem presto a minha homenagem e os meus sinceros agradecimentos, consegui realizar esse sonho.

Tenho muita honra em entregar à Câmara Municipal de Vale de Cambra, na pessoa do seu Presidente, Senhor Doutor António de Oliveira Fonseca, a publicação deste primeiro livro de fotografias dos princípios do século, tiradas pela família Sousa.

Assim pretende-se comemorar neste final de século a elevação de Vale de Cambra a cidade há seis anos, recordar alguns locais que fizeram história, assim como homenagear todos aqueles que contribuiram para a valorização do concelho.

Maria da Graça Gaspar Mendes de Pinho da Cruz

por Dra Maria da Graça Pinho da Cruz

O final de século impõe que leguemos às gerações vindouras instantâneos de Vale de Cambra que para alguns será irreconhecível pela alteração dos espaços urbanos.

Esta retrospectiva do Concelho foi registada em magníficas fotografias, tiradas por…

Os fotógrafos Alberto Tavares de Sousa e Manuel Tavares de Sousa eram filhos de Augusto Tavares de Sousa, primeiro fotógrafo deste concelho que instalou o seu primeiro estúdio, em 1911, no então lugar da Gandra; em 1920 alugou uma casa mandada construir propositadamente pelo Comendador Luís Bernardo de Almeida, designada por “Foto Progresso”, mas mais conhecida pela “casa do Fotógrafo”, tendo nela permanecido até se instalar em casa própria nas Escadinhas do Moradal, onde instalou a “Foto Sousa”, ainda hoje em funcionamento e, actualmente, propriedade de seu filho Alberto Tavares de Sousa.

Manuel Tavares de Sousa, nascido no Porto, a 8 de Julho de 1906 iniciou a aprendizagem de fotógrafo aos nove anos com o seu pai, seguindo-lhe a profissão.

Separa-se de seu pai, indo praticar fotografia sucessivamente em Estarreja, em Aveiro, na Foto Ramos, e finalmente em Ovar, na Foto Lisboa, fazendo aprendizagem e aperfeiçoamento da arte de fotografia.

Regressa a Vale de Cambra em 28 de Novembro de 1935.

Em 1936, abre o seu primeiro estúdio na quinta do Salomão, em Vale de Cambra, para em 1938 se mudar para um outro local, situado na Av. Infante D. Henrique.

No seu estúdio, “Foto Central”, acompanhou os progressos e transformações de fotografia desde a chapa de vidro ao uso de película, inicialmente em trabalhos a preto e branco e, mais tarde, usando também a cor.

Foi sua grande preocupação reproduzir o mais rigorosamente possível o que o rodeava e encantava.

Abandonou esta actividade em 1971, aos 65 anos.

Alberto Tavares de Sousa, segundo filho de Augusto Tavares de Sousa, nasceu em Vale de Cambra a 5 de Outubro de 1922.

Exerceu várias profissões antes de se dedicar à fotografia; o trabalho como fotógrafo inicia-se com o irmão, Manuel Tavares de Sousa, de quem foi empregado e com quem aprofundou e aperfeiçoou os conhecimentos de novas técnicas.

Foi colaborador durante um mês de um fotógrafo de S. Pedro do Sul, para regressar a Vale de Cambra onde passou a trabalhar com o pai, até à morte deste, em 1943.

Como era o único a trabalhar com o pai, Augusto de Sousa, “decide comprar a seus irmãos a parte que lhes dizia respeito no Estúdio “Foto Sousa”, também casa de família, bem como o espólio do pai, tornando-se assim o proprietário da “Foto Sousa” e do seu valioso espólio”.

Ainda hoje exerce a sua profissão, embora “se limite quase exclusivamente a reproduzir fotografias que possui, trabalhando quase exclusivamente a “preto e branco”, ou então a catalogar o espólio que detém, constituido não apenas pelo que lhe deixou seu pai, mas acrescido do seu próprio, pois, para além de encarar a fotografia como arte, sempre viu nela um sistema de registo, o que se traduz actualmente por um conjunto de testemunhos que somados ao espólio do pai, permitem retratar a evolução histórica de Vale de Cambra”.

Maria Isabel de Oliveira Tavares de Sousa Freire, segunda filha de Manuel Tavares de Sousa foi a única que seguiu a profissão do pai.

“Tal como ele, inicia a sua aprendizagem na fotografia aos 9 anos, tendo-o como é óbvio, por mestre”.

Após uma ausência em África, durante 6 anos, regressa a Vale deCambra e “retoma a actividade de fotografia, trabalhando com o pai na”Foto Central”, até este se retirar da actividade em 1971″.

Nessa altura, assume a direcção do estúdio fotográfico para, em 1985, mudar as instalações para a Av. Vale do Caima.

Em 1988 decide instalar-se novamente na Av. Infante D. Henrique, em novas instalações mas de novo com a designação de “Foto Central”.

Em 1999 decide retirar-se para o Brasil e vende o seu espólio à Câmara Municipal de Vale de Cambra.

“Tal como o avô e o pai, Isabel desde cedo adquiriu a convicção de que a fotografia, mais do que uma profissão, é uma arte.

Por isso, para além da actividade normal de fotografia, realizou exposições onde a fotografia “a preto e branco”, a sua preferida, tem um lugar de destaque”.

[Ver aqui também em pormenor]

De centenas de fotografias seleccionei para este 1.° volume cerca de meia centena, abrangendo diferentes áreas.

Inicia-o uma secção introdutória de vistas gerais.

Segue-se uma série de fotografias que compreende alguns monumentos de Vale de Cambra.

A segunda série refere-se aos espaços urbanos: seleccionaram-se algumas imagens de ruas e praças que sofreram alterações e de sítios onde se realizaram as feiras dos nove e dos vinte e três.

A terceira série é dedicada à água e às suas formas de utilização.

As lavadeiras e determinados trabalhos agrícolas são também imagens do passado, relacionadas com esta série.

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