Modas de dança

Modas de dança

Muitas e variadas são as formas das danças. Não quero falar delas porque nesse assunto sou leigo e, por conseguinte, deixo-o de lado.

O “Frade barbadinho“, no séc. XVIII, escreveu no “Verdadeiro Método” que uma menina que se prezasse deveria saber dançar um minuete, além do mais que ele, Luis António Verney, recomendava.

Actualmente será difícil encontrar quem não saiba dançar – bailar um swing, um corridinho, e não falo nos salões de baile para a aprendizagem dos nóveis que não atingiram os 15 anos. As danças simples que via nas férias e apreciava quando nos meus primeiros anos, em que começava a distinguir o bem do mal, constavam duma roda de meninas, rodando e cantando.

Sim, cantavam e cantam “arrebenta aqui nossa amizade” dando voltinhas e conservando a pureza alimentada na nossa aldeia.

Diziam que todo o terreno era estreito e os rapazes também afirmavam: “levamos a nossa avante” e continuavam girando e cantarolando. Assim, o namorado, se tem azo para falar ao amor, mesmo enquanto vai limando a erva com o merujar ou, girando a rega, ele o faz e os dançantes o referem:

água leva ó regadinho…,
enquanto rega, não rega
vou falar ao meu amor

O valseado já é mais violento e redopiam aceleradamente ao som da viola, abraçados o rapaz e a rapariga.

Há a notar que para as modas cantadas propriamente ditas não é usada a viola mas, para o valseado, o vira flor, o vira manhouce, o malhão, a cana verde, etc, etc, nestes, a viola ou guitarra e concertina, flauta, etc, são indispensáveis.

Há certos tercetos que servem de refrão no valseado, por exemplo este que fala na vizinha Arouca:

Ai, ó ai, eu venho d’Arouca
Tenho um galo cego
Uma galinha mouca
“.

É bela a xula, do doba, doba, da tricana e muitas outras.

Os beijos são muito saudados e pedidos, e como reza ou canta a poesia “se eu dou um, tu pedes dois, se dou dois, tu pedes três, se dou três tu pedes mais“; são flores de todas as estações de que se faz muito comércio, mas só têm valor quando não custam nada.

Ao amor nada satisfaz senão a posse do objecto amado; mas essa satisfação não é consolo d’alma; esta só no sumo amor que é Deus tem a plena realização dos seus anseios.