Atravessei o deserto infinito


Atravessei o deserto infinito aqui e ali um oásis repousante
Por cada terra que passei a ambivalência cresceu
Virgem ou não deus ou demónio a tudo o corpo cedeu
idêntico a si mesmo na espiral concêntrica do desejo
Ao cimo de todas as escadas nada vi e para descer dentro de
mim tive de pendurar meus passos nas descarnadas sílabas
do silêncio da madrugada
Fechei as feridas do mundo em versos secretos e fechados e
rasguei-os mais tarde na feira perante o riso dos pobres
No silêncio dos ruídos e das ruínas me escondi de metáforas
democráticas me discursei
Um dia cheguei ao rio que vai dar ao mar…
Ainda me encontro a caminho do mar onde espero
sentar-me na rocha húmida e fria vestida de algas e maresia
olhar bem longe… e começar alguma vida nesse dia