Externato velho e novo

CULTURA e EDUCAÇÃO

Externato velho e novo
Foto do Arquivo Municipal de Vale de Cambra

O Externato Cambrense começou a funcionar há mais de vinte anos num edifício modesto e com uma frequéncia reduzida.

O ensino então ministrado limitava-se à instrução primária e ao 1. ciclo dos liceus. De ano para ano, porém, o número de alunos foi crescendo e a Direcção do Externato teve necessidade de procurar outra casa e de alargar o quadro do corpo docente.

E assim ao mesmo tempo que fez transferir as suas instalações para um edifício mais amplo, estendeu o ensino ao 2. ciclo e recrutou mais professores. Os estudantes foram obtendo bons resultados nos exames e a utilidade do Externato tornou-se patente a todos, excepto àqueles que não querem ver.

Decorridos vários anos e em presença de medidas oficiais cada vez mais exigentes com vista à valorização do ensino, a Dig.ma Inspecção Superior do Ensino Particular, aliás com inteira justificação, emitiu o parecer de que as instalações eram incompatíveís com a higiene escolar e rendimento do ensino, além de totalmente desprovidas de conforto.

E, em face de tão justo parecer, Sua Excelência o Ministro da Educação Nacional cancelou o alvará e ordenou o encerramento do Externato.

E foi precisamente nessa difícil conjuntura que o actual proprietário, Senhor Dr. Arnaldo Soares de Pinho, sem colaboração de ninguém e desprezando todos os riscos inerentes, depois de reprovado um plano de obras tendente à beneficiação das referidas instalações e de rejeitadas outras propostas no mesmo sentido, com o fundamento de que uma solução capaz reclamava a demolição do prédio, se comprometeu, perante o Ex.mo Senhor Inspector Superior do Ensino Particular, a construir um edifício privativo segundo um projecto orientado e aprovado pela mesma Repartição.

Assim nasceu o Externato de Alexandre Herculano por entre uma floresta de pinheiros dotado com salas amplas e bem iluminadas, expostas a sudeste, com capacidade para uma população escolar superior a 400 alunos e, com ele, se assegurou a sobrevivência do ensino liceal nesta vila que, doutro modo, se extinguiria com o Externato Cambrense.

E, apesar da sua modesta frequência, no confronto com outros, já se contam muitos diplomados com cursos médios e superiores que ali receberam instrução até ao 5. ano e são em número mais elevado ainda, os que nele concluíram o 2. ciclo dos liceus e que por dificuldades de ordem económica nunca teriam passado da instrução primária.

A direcção do Externato de Alexandre Herculano pretende alargar o seu
campo de acção ao 3. ciclo e, para esse efeito, aguarda a publicação da nova reforma do ensino liceal.
Abril de 1968

in Vale de Cambra e o Santuário de Nossa Senhora da Saúde, pág. 89
António Martins Ferreira