Eu e o rio


A infância
Nascente fio de água
Débil
Descobre o caminho
Nos socalcos da natureza
Com saltinhos de pardal.

Entre as margens da madura idade
Engrossa orgulhoso o caudal
Espraiando-se na foz
Em pleno abandono
Para que o mar o receba.

Do meu largo estuário
Olho para o alto dos montes
De onde desceram oitenta e dois anos
que fizeram as águas do meu rio
E tenho saudades da nascente
Dos juncos
Das libelinhas e mariposas
Das mimosas
Dos lilases e das rosas.

Tenho saudade da madura idade
Da fantasia e da verdade
Mas no largo estuário da vida
são as camélias brancas
No regaço de minha Mãe
Que fazem das águas do meu rio
As lágrimas dos meus olhos.

Eva Cruz