Eva Cruz – Biografia

Eva Cruz – Biografia

Eva Cruz nasceu em Vale de Cambra nas Figueiras – um “lugarzinho mágico” perto do Pinheiro Manso, quem vai para Oliveira de Azeméis (OAz) – a 6 de janeiro de 1942, precisamente, no Dia de Reis.

Daí a sua mãe, Aurora, lhe dizer que naquele dia tinha nascido uma “rainha”. A família na altura não era numerosa, sendo composta apenas pelos pais e um irmão, Adão Cruz, com quem teve sempre uma cumplicidade muito grande.

“Evinha”, como ainda lhe chamam na sua aldeia, fez a quarta classe na Escola Primária dos 2 e, depois, foi para o Colégio de Oliveira de Azeméis, onde o irmão, cinco anos mais velho, já andava.

Em Oliveira de Azeméis concluiu o último ano de liceu, seguindo-se uma nova fase da vida no Porto, uma cidade grande que nada tinha a ver com o “paraíso” onde vivia.

Na “Invicta” frequentou o Liceu Carolina Michaëlis, “considerado na altura o liceu mais difícil do país”. Entretanto, prosseguiu os estudos em Coimbra tendo em vista o ensino de Inglês e Alemão.

O pai gostava que fosse advogada, mas Eva Cruz que, “já em miúda ensinava bonecas como quem ensinava alunos”, sempre quis ser professora. E, de facto, foi professora durante 36 anos, a maior parte do tempo na Escola João da Silva Correia.

Após a aposentação em 2001, dedicou-se mais a sério à escrita. Já tem publicados cinco livros e tem um outro que está a poucas horas de “ver a luz do dia”.

Com edição do jornal labor, “O Leprechaun e a Bailarina” é lançado amanhã, dia 24, pelas 21h30, nos Paços da Cultura.

labor.pt, 23 de Maio de 2019

Entrevista conduzida por Gisella Nunes

Não há dúvida que o ensino é um dos grandes amores da vida de Eva Cruz. Que o digam os milhares de alunos, a maioria de S. João da Madeira, que lhe passaram pelas mãos. Esta professora de Inglês e Alemão orgulha-se de, em 36 anos de profissão, nunca ter sido alvo de má educação nem de ter marcado uma falta disciplinar

Agora com 77 anos e já aposentada há quase 20, como se sente?

Não tenho razões de queixa de saúde nem tampouco de vida. Acho que levei uma vida bem preenchida, uma vida de que não me arrependo absolutamente de nada.

Resido em S. João da Madeira (SJM), mas vou várias vezes para a nossa casa nas Figueiras [Vale de Cambra], um sítio realmente magnífico onde ouço o murmúrio do rio. É um refúgio onde realmente gosto muito de estar, mesmo no inverno.

Estou lá à lareira, a maior parte das vezes, com alguns amigos do meu tempo de criança, pessoas que têm muito a ver comigo afetivamente. Tenho uma amiga que é muito engraçada, com quem passo as tardes, tomo chá.Lá chamam-me Evinha, sabe?

”Tenho um irmão de ouro”

Sempre quis ser professora?

A minha paixão foi ser sempre professora. Já em miúda ensinava bonecas como quem ensinava os alunos, contrariando o meu pai, que gostava muito que fosse advogada.

Era boa aluna em tudo menos no desenho. Tive sempre pouco jeito para desenho, assim como para a música. A minha mãe bem queria que aprendesse música e ainda cheguei a andar no seminário, com os jesuítas, a aprender a tocar órgão, para tocar nas missas. Mas era para fazer mesmo música a martelo, não dava.

Sabe que naquele tempo tirávamos um curso para ter uma vida melhor. Os meus pais não tinham formação académica, mas mandaram a mim e ao meu irmão estudar. E fizeram sacrifícios nesse sentido, porque o curso do meu irmão [Medicina] era caríssimo. E o meu também foi um curso caro, tirado em Coimbra longe de casa.

Antes de ir para Coimbra, fui para o Liceu CarolinaMichaëlis, no Porto, cidade onde o meu irmão já estava a estudar. E a minha mãe, na altura, alugou uma casa para nós os dois, com uma empregada, porque ficava mais barato.

Eu e o Adão fomos sempre muito unidos. Toda a gente se admira da nossa amizade. Há uma cumplicidade muito grande entre nós. Posso dizer que tenho um irmão de ouro.

Como é que uma adolescente de uma aldeia de Vale de Cambra deixa tudo para trás e vai para o Porto e, ainda por cima, para um liceu como o CarolinaMichaëlis?

Foi difícil! Ainda me lembro da minha primeira aula de Filosofia, com uma professora que tinha o cabelo “tipo regueifa” e umas unhas muito compridas, pintadas de vermelho, a dizer, com as mãos viradas para mim, “porque o homem é um microcosmo dentro do macrocosmo” [risos].

O CarolinaMichaëlis era um liceu de meninas de bem. A maioria era da Foz. A única que vinha do campo era eu e depois havia mais três que vinham da beira-mar, da Póvoa.

Mas isso não foi obstáculo. Integrei-me muito bem e fui sempre boa aluna.

”Praticamente fui a única professora de Alemão aqui da escola (João da Silva Correia)”

Mas, na altura, já queria seguir línguas?

Bem… Gostava mais de ciências do que línguas. Mas como as ciências tinham desenho escolhi línguas germânicas. Além disso, houve um senhor da Oliva, que era economista, que disse ao meu irmão que “o melhor curso para a tua irmãzita era germânicas, porque vem para aqui uma senhora formada em germânicas que ganha quanto quer”.

E não se arrepende?

Não, não me arrependo. Gostava de ter tirado um curso de ciências, mas não me arrependo. Porque a língua também é uma ciência. No caso do Alemão, é uma língua de estrutura superior, rígida, muito difícil, mas muito racional, de que gosto muito.

Acabei até por me dedicar mais ao Alemão do que ao Inglês. Praticamente fui a única professora de Alemão aqui da escola [João da Silva Correia]. Depois que saí, desapareceu o Alemão da escola. Acho que durou apenas mais um ou dois anos.

Ao ir estudar para Coimbra, como foi o “corte umbilical” com o seu irmão?

Não foi fácil. Imagine o que era uma miúda com 17 anos, naquele tempo, ir para Coimbra. Só vinha de três em três meses a casa.  As estradas eram terríveis. De Coimbra a Vale de Cambra demorava-se quase um dia. Naquelas curvas e contracurvas de Águeda vomitava quase sempre.

Mas, tirando isso, Coimbra foi um fascínio, de facto. Adorei Coimbra. Gostei mais de Coimbra do que do Porto.

”Nunca pus um aluno fora da sala de aula nem dei uma falta de castigo”

Tem algum professor de quem ainda hoje se recorda?

Tenho pena, mas não. Não tive um professor que me marcasse. Não sei, talvez pela rigidez que encontrei no ensino da “velha escola”. Na primária, apanhei uma vez dois “bolos” porque dei quatro erros e só podia dar dois. Mas foram dados devagarinho, de forma diferente dos que eram dados a outros meninos.

Já em Coimbra, gostei, por acaso, de um professor de Fonética, mas também não foi assim uma coisa que me marcasse por aí além.

Mas, curiosamente, lembro-me de muitos alunos. Até tenho uma saudade e uma relação afetiva muito grande com todos eles. Há alunos que me marcaram de uma maneira excecional. No entanto, só dei dois 20 na minha vida, um a Inglês e o outro a Alemão.

Nunca pus um aluno fora da sala de aula nem dei uma falta de castigo.  Claro que havia sempre brejeirices e marotices da parte deles. Mas nunca tive uma falta de educação de um aluno meu. Pelo contrário. Tive sempre manifestações de muito carinho.

Acabou o curso com que idade?

Com 22 anos, idade com que vim para a Molaflex, para S. João da Madeira.

Veio fazer o quê para a Molaflex?

Estava na altura a fazer a tese e fui para a Molaflex como tradutora de Alemão, com o Sr. Rui Moreira, pai do atual presidente da câmara do Porto, e com o engenheiro Mário Moreira, considerado uma das melhores cabeças que tinham passado pela FEUP.

Já na Molaflex, fui mandada para a Suíça alemã, com três operários. Fomos para uma fábrica de fazer molas e eu fui para o meio dos operários, sentadinha numa cadeira a traduzir a língua para os nossos trabalhadores. Ganhei ali relações muito interessantes. Foi um período muito interessante.

Entretanto, acabei a tese e concorri, sabendo que era muito difícil a colocação nos liceus, porque o número de alunos era reduzido. Havia poucos liceus. Concorri praticamente para todo o Norte do país e fui parar a Braga onde trabalhei durante cinco anos.

Fui para Braga ganhar três contos e setecentos e cinquenta escudos como professora, declinando um convite do engenheiro Mário Moreira, que estava na Siderurgia Nacional, que me queria como secretária. Davam-me na altura quatro contos e quinhentos para ficar aqui.

Fui ganhar muito menos e para longe de casa, mas era o ensino que queria. Entretanto veio a “Reforma Veiga Simão” que abriu as portas ao estágio. Mas para isso tinha de ir fazer as chamadas pedagógicas a Coimbra. E fui. Nesse ano ia ter o meu filho em maio.

Se voltasse atrás no tempo voltaria a ser professora?

Sem dúvida!

Como é que veio viver para SJM?

Quem me trouxe para SJM foi o meu marido que era engenheiro e veio trabalhar para a Quimigal. Ele era de Vizela. Quando fui para Braga, apaixonei-me por lá [risos].

Casámos e viemos viver para SJM. Tinha 27 anos, na altura, e o meu irmão, que dava consultas no Santo António [Hospital] e em Vale de Cambra, vivia também neste prédio, no andar de baixo.

Entretanto, já com um filho, fui fazer o estágio para o Carolina Michaëlis, com uma orientadora “de gancho”. Tinha aulas até às 18h00 e tinha de sair às seis da manhã, porque era a estrada velha. Não havia autoestradas.

Entretanto, no final do estágio, efetivou em SJM.

Sim, foi uma sorte. Efetivei em SJM, numa secção do Liceu de Vila Nova de Gaia que abriu aqui. Inicialmente, no Palácio dos Condes. Depois, num edifício para os lados do campo de futebol, com condições muito más. Depois fui para o Colégio Castilho, em frente à escola Serafim Leite.

A escola que é hoje João da Silva Correia foi designada Escola n.º 2, a seguir ao 25 de Abril. Mas eu já não cheguei a dar aulas onde ela é hoje [Rua da Mourisca].

Tem noção que ao ser professora mudou vidas?

Sim. Acho que sim. Por acaso, ainda há dias, tive uma aluna que se abraçou a mim a chorar e a dizer exatamente isso. Cheguei a fazer cursos pós-laborais porque sentia que para evitar determinados “desvios” tinha de os motivar para outros campos. As próprias viagens realizadas para o estrangeiro a custo zero, por mim e pela Dr.ª Clara Reis [antiga colega de profissão e hoje uma grande amiga], foram precisamente para isso. Eu e a Clara fomos muito cúmplices neste trabalho de projeto, de motivação dos alunos.

Ou seja, a Eva não se limitava a dar o programa curricular. Não ensinava apenas Inglês e Alemão, mas também princípios e valores?

Sim. Acho que sim. Embora tivesse de cumprir o programa, nunca abdiquei do meu papel de educadora. E, sabe, julgo que deixei marcas e tenho muito orgulho nisso. Continuo a pensar que educar é um ato de amor.

”Orgulho-me de ter contribuído muito para a ‘nova escola’”

A escola do seu tempo é muito diferente da escola de agora?

A “velha escola”, antes do 25 de Abril, era uma escola muito diferente da escola que foi criada depois [da Revolução de 74]. Orgulho-me de ter contribuído muito para a Nova Escola.

Orgulho-me mesmo, porque fui sempre muito ativista. Sempre me interessei por todas as reformas. Sempre fui muito empenhada para que houvesse uma escola nova. Uma escola em que acreditava e que acho que ajudei a construir.

Ultimamente, de há uns anos para cá, a Escola foi perdendo muitas regalias conquistadas no Pós 25 de Abril. Também reconheço que é muito provável que houve muito atropelo, muita coisa que se calhar não foi feita devidamente nem com o tempo devido.

Sim, perdeu-se muito nestes últimos tempos. Mas, apesar de tudo, a escola que temos hoje nada tem a ver com a escola de antes do 25 de Abril. É muito melhor!

Espero que professores, alunos, toda a gente que está ligada ao ensino, lutem para que estas conquistas de Abril não se percam mais. Se bem que hoje a profissão de professor está muito pouco dignificada, está mesmo desconsiderada, quando devia ser a profissão mais digna. Sim, porque pelas nossas mãos passa tudo. Passam, inclusive, os próprios governantes da nação.

Ainda há dias, fui à João da Silva Correia, porque queriam que fosse lá uma pessoa de sucesso que tivesse passado por aquela escola falar com alunos do 11.º ano. Achei piada por me acharem uma pessoa de sucesso.

Mas, sim, disse-lhes que se uma pessoa de sucesso é uma pessoa que realmente fez aquilo que fez, que gostou daquilo que fez e que não se arrepende daquilo que fez então eu era uma pessoa de sucesso.

Na ocasião, perguntei qual dos alunos que estavam no anfiteatro queria ser professor e não houve um único que levantasse o dedo, o que me deixou a pensar, sou sincera.

E isso deve-se a quê?

Não sei ao certo. Mas vejo tanta gente desmotivada no ensino que se tivesse oportunidade de se pôr a andar fazia-o.

Para se ser professor, para além do saber e do sentido pedagógico, tem de se ter aquilo a que chamo “arte”. Algo que não sei explicar. Tem de se ter uma empatia imediata com os alunos. Fui orientadora de estágio e olhe que “apanhei” muitos estagiários profissionais, competentes, mas não houve muitos em quem tivesse notasse a tal “arte”.

Se lecionasse hoje continuaria a não pôr alunos fora da sala de aula?

Não gosto muito de fazer afirmações sem vivências. Tenho ouvido queixas de gente que considero muito e que acho que devem ser boas profissionais que me impressionam. Mas olhe que no meu tempo também havia alunos que cuspiam na cara dos professores e que chamavam “filho desta” e “filho daquela” nos corredores. A seguir ao 25 de Abril não foi nada fácil.

A mim, felizmente, nunca me aconteceu tal coisa. Como lhe disse, nunca tive uma falta de respeito de um aluno nem tampouco atrevimento. Nunca pus um aluno fora da porta.

Chegada a altura da aposentação, a sua vida mudou?

Mudou. Passei a ter mais liberdade, a sair mais com o meu marido. Foi um bom período da nossa vida. Como os filhos já estavam formados, tínhamos mais tempo um para o outro, mas, entretanto, tive de passar a cuidar da minha mãe. Cuidei dela quase 20 anos, até ela falecer com 101 anos.

Depois de me aposentar, também passei a ir mais para Vale de Cambra, onde continuei com a minha função pedagógica junto dos miúdos da minha aldeia.

Quantos livros tem publicados?

Este [“O Leprechaun e a Bailarina”] é o meu sexto livro. O primeiro – “Era uma vez, Future Kids” – foi publicado em abril de 2004 e é sobre a minha infância.

“Aurora Adormecida”, o meu segundo livro, retrata o pós-guerra, a exploração do volfrâmio nas minas de Arouca, pedaços da vida da minha mãe, Aurora. Além destes, escrevi também “Era uma vez em Outubro” (2010), “Corconte” (2012), “Cenas do Paraíso” [em coautoria com Adão Cruz (2016)] e agora “O Leprechaun e a Bailarina” (2019).Embora não sejam escritos à toa nem de ânimo leve, nos meus livros, não tenho preocupação histórica. Aborrece-me pesquisar. Há sempre um fundo histórico, mas não há valor documental.

Mas começou a escrever antes de se reformar?

Sim. Sempre gostei de escrever. Quando fui para o CarolinaMichaëlis a professora de Português mandou fazer uma redação sobre o primeiro dia de aulas. Entregámos as redações e passadas algumas aulas a professora perguntou quem era a menina n.º 2 [naquele tempo eram chamadas pelo número em vez de pelo nome] e disse-me que tinha esperança que viesse a ser alguém na vida.

Leu a minha redação em voz alta e chamou a atenção para o título que tinha dado [“Esse primeiro de outubro”]. Ela achou piada ao demonstrativo.

Eva Cruz lança sexto livro, esta sexta-feira, nos Paços da Cultura”, com o apoio do jornal labor.

Amanhã lança o seu sexto livro, “O Leprechaun e a Bailarina”

Olhe, comecei-o a escrever ainda o meu marido era vivo, há dois anos. Ele ainda chegou a ler 10 capítulos, porque, embora fosse engenheiro, tinha sentido crítico e a sua opinião era muito importante para mim. Aliás, faço-lhe uma dedicatória neste livro.

Ele gostava do que eu escrevia, mas estava sempre a dizer-me que devia puxar mais pela história porque as pessoas gostam muito de enredo. Só que acho que nunca tive nem tenho espírito de romancista.

O Leprechaun e a Bailarina”é uma história de amor, uma história de sucesso de emigração que tem como pano de fundo a emigração dos anos 60. É um testemunho de amor, nascido na rudeza e miséria da aldeia ou nos boulevards da grande cidade.

Funcionou, para mim, como uma catarse. O falecimento do meu marido foi o período mais negro da minha vida. E eu agarrei-me a isto. Fui escrevendo, escrevendo, escrevendo, porque escrever era uma forma de me apaziguar, de controlar a saudade.

Mas não fazia conta de o publicar?

Não. Foi a Dr.ª Graça, da Biblioteca Municipal, uma das grandes motivadoras para que o publicasse. Ela e o marido, o Dr. Pedro, são os dois causadores da publicação. “O Leprechaun e a Bailarina” conta com a edição do jornal labor.

E agora está motivada?

Sim, estou. Dei-o, inclusive, já a ler às minhas quatro apresentadoras da sessão de amanhã, que, curiosamente, também apresentaram o meu primeiro livro: professoras Carmina, Clara Reis, Isilda e Nelly.

Obra é “uma homenagem ao emigrante e a todos aqueles que perseguem os seus sonhos”

Qual a mensagem deste seu livro?

Este livro pode ser considerado uma homenagem ao emigrante e a todos aqueles que perseguem os seus sonhos.

A “bailarina” é uma menina que batizei [a madrinha e narradora] a quem eu dei em criança um “Leprechaun” [figura mitológica do folclore da Irlanda], que a acompanhou pela vida toda. Ela agarrava-se ao duende e à bênção da madrinha convencida que eram eles que lhe davam força para perseguir o sonho. Por vezes, uma palavra certa pode ser determinante. Pode alimentar o sonho. Cá está o meu espírito otimista a falar mais alto.

Acredita que o “Leprechaun”dá mesmo sorte?

O meu primeiro “Leprechaun” foi-me oferecido por uma amiga irlandesa há muitos anos. E agora no Natal do ano passado a Clara Reis deu-me outro, longe de imaginar que ia publicar um livro intitulado “O Leprechaun e a Bailarina” [risos]. Coincidências ou talvez não…

Mas respondendo à sua pergunta, as crenças e superstições valem o que valem. Com esta “bailarina”, cujos “Leprechaun” e a bênção da madrinha sempre a protegeram pela vida fora, quero simbolizar todos os meninos da aldeia que tirei do insucesso. Ensinava-lhes tudo o que sabia. Fui espalhando essa influência pedagógica, afetiva.

Tem outro livro na forja?

Tenho muitas ideias. Tenho muita coisa escrita, para aí dispersa, na matriz da poesia. Mas acho que este é mesmo o meu último livro.

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