Presidente: Vítor de Sousa Tavares
Praça da República, n. 370
Macieira de Cambra
3730 – 223 Vale de Cambra
Telef./Fax:256 463 660 (chamada para rede fixa nacional)
Email: presidente@jf-macieiradecambra.pt
Sítio: www.jf-macieiradecambra.pt
Do livro Vale de Cambra, de António Martins Ferreira, 1942
Macieira de Cambra
A vila de Macieira de Cambra é, sem dúvida, de origem muito antiga, perdendo-se, essas suas origens, em tempos imemoriais.
Recuar a fundação da freguesia até à pré-história é possível, muito embora não se possa datar com segurança os vestígios de ocupação humana, desses tempos tão remotos.
Referências a achados ou monumentos pré-históricos atestam o povoamento destas terras.
Sendo, do ponto de vista administrativo, a freguesia mais antiga, aparece mencionada em vários documentos medievais, tendo dado origem ao topónimo do concelho.
A primeira referência escrita acerca da freguesia encontra-se num documento de doação anterior à fundação da nacionalidade no qual, no ano de 992, Ordonho II de Leão e Castela dá estas terras ao Bispo D. Gomado do Mosteiro de Crestuma.
Pertencendo ao Julgado Medieval de Cambra, é mencionada nas Inquirições de D. Dinis, onde se refere que na paróquia de Santa Maria de Macieira, havia, no lugar deste nome, a “quintã” e paço de Afonso Pais, estendendo-se a honra a cinco casais; no lugar de Tagim, havia a “quintã” de Gonçalo Dias; no de Mulhudos, havia outra “quintã” que honrava toda a aldeia, compreendendo sete casais do mosteiro de Pedroso e no de Padastros existiam cinco casais de mosteiros, sendo estes com toda a aldeia uma honra.
Orago
A propósito desta escultura
O seu orago é Nossa Senhora da Natividade, tendo sido ao longo dos tempos Macieira referenciada na toponimia como “Sancta Maria de Maceneyra que est in Calambria” (ano de 1179, RM, Pedroso p. 96; ADA XIV. 76), ou “Sancta Maria de Maceeira de Calambria” (ano de 1345 ADA XIV. 76).
A Igreja de Santa Maria de Macieira é obra muito antiga surgindo mencionada no reinado de D. Dinis, em 1320 (Rol. A, cfr. HI 11.670) onde se pode ler “Ecclesiam de maceeira”.
Património histórico e monumental – Atribuição do Foral
Talvez lhe tenha sido concedido foral nos inícios da nacionalidade, no tempo de D. Sancho I, já que no foral de D. Manuel I, concedido séculos mais tarde, a 10 de Fevereiro de 1514 às Terras de Cambra, se fazem referências ao maço 5 dos forais antigos.
Tornando-se assim, sede do concelho.
Ver o FORAL DE CAMBRA
A ponte Velha de Padrastos
A ponte Velha de Padrastos é um imóvel a visitar pelo seu interesse histórico e arquitectónico.
Provavelmente são os restos de uma estrada secundária romana que passaria por este local.
Pelourinho, Casa da Câmara, Igreja Matriz, Coreto e Jardim Público
O Pelourinho, que lhe está associado, é motivo de orgulho, em particular, de todos os “Macicambrenses”.
Ainda hoje é visível, na Praça da República, o Pelourinho, símbolo do poder municipal e da administração da justiça.
Foi classificado, como imóvel de interesse público, pelo Decreto – Lei 23122, de 11 de Outubro, de 1933.
A Praça da República, com o Pelourinho, a antiga casa da Câmara, Igreja Matriz, Coreto e Jardim público e as casas que a rodeiam é o conjunto arquitectónico mais histórico da freguesia – é o centro cívico de Macieira de Cambra, por excelência.
Cruzeiro setecentista
O cruzeiro setecentista, recentemente restaurado, no Calvário, é uma obra digna de ser apreciada.
Festas Setembrinas
No que se refere a festividades, as Festas Setembrinas, que se realizam no primeiro Domingo de Setembro, em honra do Senhor do Calvário, e no dia 8 deste mesmo mês, em honra da Nossa Senhora da Natividade, tem nestes dias fixos a sua maior expressão.
Neste período, intercalam-se ou prolongam-se outros dias de festa.
São as festividades com maior tradição no concelho, já referenciadas nas Memórias Paroquiais de 1758.
São o “ex-libris” do povo de Macieira de Cambra.
As Terras de Cambra e sua integração nas Terras de Santa Maria
Quando as terras de Cambra foram doadas a Fernão Pereira, pai de Rui de Pereira, 1.º Conde da Feira, ficou pois Macieira a pertencer ao senhorio dos condes da Feira.
D. João I confirmou a posse das terras de Cambra, por carta dada em 29 de Fevereiro de 1428.
A este propósito, veja-se o que Humberto Baquero Moreno, escreve na sua obra “A Batalha de Alfarrobeira, vol. II, pp. 913-915.
Incluídas desta forma, durante séculos, nas chamadas “Terras de Santa Maria”, nelas permaneceu até á extinção da Família dos Pereiras, que se extinguiu por morte de D. Fernando Forjaz Pereira Pimentel de Meneses e Silva, 8.º Conde da Feira.
Sem sucessão legítima, por carta dada, em Lisboa, a 10 de Fevereiro de 1708, passaram a maior parte dos bens, entre os quais as terras de Cambra, para a Casa do Infantado, onde permaneceram, até à sua extinção, em 1834, com o advento do liberalismo.
O governo do concelho, e a constituição da Câmara em 1689, “A Villa de Cambra de que he Donatário o Conde da Feyra tem dous juízes ordinr.os do Cível, Crime, e Sizas, três Vereadores, e hum procurador, que se fazem por eleição em que prezide o Ouvidor da Villa da Feyra, e os confirma o Donatario; por ele se chamão. Tem mais dous Tabalioens do paço judicial, e nottas, hum escrivão da Camra, hum juiz dos orfãos e hum escrivão delles, que o he juntam te da almotasaria, e hum alcayde, todos pello d.o Donatr.o e por ele se chamão. O escrivão das Sizas, he por S. Mag.de. (…) – A Provedoria de Esgueira, vol. XXIV, Arquivo do Distrito de Aveiro, pp.76-77
Mudanças políticas da sede do concelho
He esta freg.ª Cabeça do Concelho, chamado o Concelho de Cambra, que comprehende nove freguezias, q.e são: Aroens, Junqueyra, Cepellos, Roge, Macieyra Villa Cova, Codal, V.ª Cham, Castelãos.
Destas freguezias, elugares dirão os seus Parochos os vezinhos q.e tem.- Memórias Paroquiais de 1758.
As muitas mudanças políticas do séc. XIX e XX reflectem-se também no concelho de Macieira de Cambra que, na época moderna, foi criado pelo Decreto de 16 de Maio, de 1832. Veio a sofrer várias alterações.
Assim, após a reformulação de 1832, é extinto em 1836 e novamente criado em 1840.
Em 1867, a 10 de Dezembro é outra vez extinto e anexado a Oliveira de Azeméis.
Volta a ser emancipado e, uma vez mais, anexado a Oliveira de Azeméis, em 21 de Novembro de 1895, para, em 1898, pelo Decreto de 13 de Dezembro, voltar a adquirir autonomia, até à criação do concelho de Vale de Cambra, pelo Decreto 12976, de 31 de Dezembro de 1926, que transferiu a sede do concelho para o lugar da Gandra, na freguesia de Vila Chã.
Desta forma, extingue-se o concelho de Macieira de Cambra dando lugar ao concelho de Vale de Cambra.
A 20 de Maio de 1993, pelo Decreto – Lei n.º 40/93, publicado a 2 de Julho, Macieira de Cambra foi de novo elevada a vila, retomando o seu “velho estatuto” que lhe confere, por direito, o titulo de vila histórica e que leva a que, a história do concelho de Vale de Cambra passe obrigatoriamente por Macieira de Cambra, uma vez que foi durante séculos, a sede do concelho.
Património Paisagístico
Macieira de Cambra é uma localidade com um valioso passado histórico aliado a paisagens de rara beleza.
Terra ancestral, habitada por gente afável, o seu rico e vasto património, e as belezas paisagísticas tornam-na uma freguesia com óptimas condições para o turismo.
“Velha Macieira de Cambra, sempre jovem”
“Quem de automóvel ou camioneta se detenha, um dia, na velha praça de Macieira de Cambra e por ela avalie da linda terra da saúde, tecerá errado juízo.
Macieira de Cambra é como essas vetustas mansões e fachada medíocre, que possuem um parque esplendoroso nas traseiras.
Um parque semi portão heráldico, um deslumbrante álbum de paisagens sem frontespício.
É preciso irradiar da antiga praça, é preciso deambular por estradas e caminhos, para se surpreender a inefável beleza, ora discreta, ora imponente, desta sortílega região.
O adro oferece a primeira gentileza aos olhos.
Lombas e vales, colinas e regaços abrem-se perante nós, tudo verde e azul de manhã, todas as cores do arco-íris às horas crepusculares“. – Ferreira de Castro.
Localização geográfica e povoações
A vila de Macieira de Cambra, situada a 2 Km da sede do concelho, no encaixe dos montes Trancoso e Porto Novo, é atravessada pelo Rio Caima, Rio Vigues e vários córregos, sendo servida pelas estradas nacionais 227 e 224.
Limitada a norte por Vila Chã, Vila Cova de Perrinho e Chave; a sul por Rôge e S. Pedro de Castelões; a este por Rôge e a oeste por S. Pedro de Castelões e Vila Chã, dela fazem parte as povoações de: Algeriz; Amarelas; Areal; Barracão; Borbolga; Borralhal; Búzio; Cabanelas; Cancelo; Carvalha; Costa Anelha; Denouros; Doubens; Farrapa; Furna; Gainde; Leira do Rio; Lourosa; Macieira-à-Velha; Malhundes; Miracambra; Outeiro; Outeiro do Rei; Padrastos; Paredes; Passos; Paúl; Penedos; Perrinho; Pintalhos; Porto Novo; Póvoa; Praça; Quintã; Ramilos; Relvas; Regadas; Salgueirinhos; Santa Cruz; Santo Aleixo; Tagim; Vale Grande; Valgalhardo; Vide; Vilarinho e Vinha de Pé.
O centro urbano da freguesia é composto pelas Avenida Miguel Bombarda, Rua do Souto, Praça da República e Praça Ana Horvath de Almeida, situando-se nesta zona o edificio da Junta de Freguesia, o Museu Municipal, a Igreja Paroquial, Posto Médico, Pelourinho, Coreto e principais Jardins.
Aqui encontram-se os principais serviços públicos e comércios.
Com uma população residente aproximada de 6500 habitantes, nesta freguesia encontram-se representados os três sectores económicos.
Actividades predominantes
A agricultura pratica-se um pouco por toda a freguesia com produções variadas como milho, centeio, produtos hortícolas, batata e o vinho verde que à semelhança de todo o concelho é a cultura mais importante.
As condições naturais da freguesia, um clima ameno, um solo fértil e a abundância de água, tudo tem tido influência na agricultura local e, ainda que grande parte das explorações agrícolas sejam trabalhadas numa base familiar, pelo seu carácter acentuadamente minifúndico e pelo destino de grande parte da produção, que é de auto-consumo, não deixa mesmo assim a agricultura de ocupar uma boa percentagem da população.
Contudo, deve referir-se que, a maior parte dos agricultores pratica esta actividade em regime extra-laboral, facto que não a torna menos importante pois complementa o rendimento familiar.
Por seu lado, a pecuária faz-se em regime de pastorícia, nos sítios mais altos e em estábulos.
Nos montes ainda se pratica a caça à perdiz, coelho bravo, lebre e raposa.
Com maior incidência na metalomecânica e indústria de madeiras, os empreendimentos industriais, factores importantes para a criação de riqueza e progresso da região, têm-se dispersado um pouco por toda a freguesia.
Quanto ao comércio existente, são vários os estabelecimentos comercias que servem esta vila.
Centros de Apoio
Em termos sociais, a Fundação Luiz Bernardo de Almeida muito tem contribuído para o desenvolvimento da comunidade local.
Com as valências de Lar, Apoio Domiciliário, Centro de Dia, possui ainda em funcionamento um Gabinete de Apoio à Família e Comunidade.
No âmbito deste Gabinete são prestados os mais diversos apoios às famílias e é efectuado o acompanhamento às mais 95 famílias beneficiárias do Rendimento Mínimo Garantido.