A Fábrica
NOTA: No final, os ensaios e a alegria que se viveu nos bastidores
Notas sobre a criação de
A Fábrica – Memórias e Sonhos
Martins & Rebelo
A convite da Câmara Municipal de Vale de Cambra e da ADRIMAG, o Teatro do Bolhão, a ACE Escola de Artes, o Instituto Nacional de Artes Circenses e 350 pessoas da comunidade de Vale de Cambra construíram, em conjunto, um espectáculo entre Janeiro e Maio, que celebra a identidade e a memória deste território, tendo como espaço cénico e referência principal a Fábrica Martins & Rebello.
O evento que se configura como uma “festa das artes do espectáculo” articulando o teatro, o circo, a dança, a música, o canto e o vídeo está estruturado em 3 momentos.
MOMENTO I – MEMÓRIAS
“António Rebello e Alfredo Martins têm a honra de lhe dar as boas vindas à Fabrica Martins e Rebello”
O público é recebido nas portas da Fábrica pelos seus fundadores.
A seu lado, para guiar os espectadores numa viagem pelo espaço e pelo tempo, estão Valecambrenses ilustres que ao longo de três séculos marcaram a história do território.
Os actores da APDC de Castelões dão corpo a estes personagens históricos.
OS NÚCLEOS HISTÓRICOS DE GUIAS
Os Industriais
Os fundadores da Martins e Rebello estão acompanhados pelos seus pares, os empresários que ao longo da 1ª metade do séc. XX transformaram uma região rural num centro fortemente industrializado.
O “Pranta“, fundador da Almeida & Freitas, e Arlindo Soares de Pinho, criador da Arsopi, estão entre estes guias.
Os Mecenas
O segundo grupo de guias é constituído por personagens que, entre os finais do séc. XIX e meados do séc. XX, deram contribuições fundamentais para o desenvolvimento de Vale de Cambra.
Construíram escolas e estradas, criaram associações de apoio social e financiaram a arte e a cultura na região.
Destaque para os filantropos Luís Bernardo deAlmeida e a sua esposa, Ana Horvath, para Luís Sousa Moreira, que electrificou o concelho e para Carmen Martins de Pinho, fundadora da Misericórdia.
Os Românticos
O terceiro núcleo de guias evoca a poderosa família do visconde de Baçar, o Bispo Tomás de Almeida e os militares nobres que constituíam a elite de Vale de Cambra no período Romântico, no século XIX.
Os Barrocos
Os membros da aristocrática Casa de Areias, que dominou Vale de Cambra, no séc. XVIII, recebem o público com graciosidade e etiqueta apresentando uma dança barroca.
Os Populares
A construção da identidade cambrense não se fez unicamente por nobres, burgueses e governantes.
O núcleo de guias populares evoca os anónimos que com a sua alma e força sempre estiveram presentes.
Ao longo do percurso que levará o público para a festa instalámos em janelas, varandas, recantos e fachadas,
criaturas estranhas e personagens bizarras e teatrais que celebram a arte e que hoje nos convidam a olhar a fábrica de um modo diferente.
MOMENTO II – A FESTA
O público é conduzido ao Terreiro, no fundo da Fábrica, onde instalámos uma Festa Popular que retrata as festividades cíclicas e romarias que abundam na região.
Os protagonistas desta festa são algumas das associações culturais, sociais e recreativas locais que qualificam o concelho com a sua actividade.
O Grupo Folclórico de S. Pedro Castelões, a Banda de Música de Vale de Cambra e o Grupo de Cavaquinhos da Casa do Professor/ Universidade Sénior estão entre elas.
Duas dezenas de Valecambrenses, que se quiseram juntar a nós, evocam os ritos e costumes da Cambra agrícola do passado.
Os produtores locais trouxeram o vinho, o mel, a broa de Paraduça, a cerveja artesanal, os queijos e as iguarias locais para animar a festa.
MOMENTO III – A FÁBRICA
Como se a fábrica tivesse regressado à vida, o toque da sirene e o fumegar da chaminé, que dantes chamavam ao trabalho, são os sinais para o arranque da última viagem dos espectadores.
Hoje os trabalhadores são outros: centenas de artistas e criativos evocam as vivências, as imagens, os sons e os ritmos que povoavam a fábrica.
Este momento/percurso não pretende reproduzir as práticas reais do trabalho, tarefa que seria impossível estando a mesma em ruínas, mas, partindo dos testemunhos e relatos dos antigos operários, encarregados, patrões e técnicos, reviver, como num sonho, esse imaginário.
Lá encontraremos as Lavadeiras, interpretadas pelas alunas da Fifteen Academy.
Os Mecânicos, representados, em suspensão, pelo INAC e pelos
bombos da Associação Cultural e Carnavalesca.
As Leiteiras, recriadas pelo Rancho da Terra de Arões, e
os Carregadores, grupo constituído por voluntários.
Na Praça, ocorre o final do espectáculo.
A Fonte volta à vida 30 anos depois; o público é envolvido pela evocação do frenesim do trabalho fabril.
O vídeo e a coreografia convocam o passado e as imagens que são a matéria da identidade da fábrica.
Na casa da Torre do Relógio, esconjurámos lendas e mitos de Cambra,
como as cabras guerreiras de Ossela e os fantasmas de Burgães.
A actriz Valecambrense, Maria João Pinho, lembra Ferreira de Castro e o Vale Encantado.
Como um sonho de paz em tempo de guerra, um anjo sobrevoa o espaço…
Lendas Mil registou assim este espectáculo.