Antoninho vai prá ‘scola
Vai acabar de aprender;
Ó papá, não vou, não vou,
Pois eu sei que vou morrer.
Antoninho vai pra’scola,
Que é preciso aprender;
Ó papá, eu vou, eu vou,
Mas eu sei que vou morrer.
Onze horas, meio dia,
São horas d’ir ó recreio;
Vamos ver o Antoninho
Que ‘stá na sala do meio.
Chegou pela porta dentro:
O professor perguntou o que ele tinha;
Tirou o punho do bolso
E atestou no coração.
Venha cá o senhor mestre
Pra pagar-lhe o papagaio;
Diz-lhe então o professor:
Isto prá amigos não é nada,
Diga lá ó Antoninho
Qu’inda tem a mesma entrada.
Vem-nos meninos da aula,
Onde ficou Antoninho?
Ficou na casa dos livros
Morto como um passarinho.
Vindo os meninos da escola
Papá não viu Antoninho:
Antoninho ‘stá na sala dos livros
Morto como um passarinho.
Abram portas e janelas
Antoninho quero ver
Quero-lhe beijar o rosto
Antes da terra o comer.
Setembro de 1947