por Texto e fotos: CLDS 4G Vale +Social
A Broa de Paraduça começa muito antes de chegar à Casa da Broa.
O milho branco é todo semeado nesta aldeia, onde é cuidado até à desfolhada.
São também os moinhos e águas de Paraduça que transformam cada pequeno grão de milho em farinha, que será mais fina ou mais grossa, em função do caudal da água e respetivo aperto da mó.
Desde a sementeira à colheita, cada processo é feito com muito amor, empenho e suor.
É pelas mãos das “Tias” Noémia Rodrigues, Lucinda Tavares, Amália Gonçalves Tavares e Natividade Tavares Portinha, que a farinha se
transforma na famosa broa de Paraduça que todos e todas conhecemos.
Fazem-no com gosto há muito anos, para manterem as tradições
e a aldeia de Paraduça vivas.
RECEITA
Ingredientes
Farinha de milho branco
Farinha de centeio
Água
Sal
Fermento
Confecção
O primeiro passo é acender a lareira para criar as brasas que depois ficam a aquecer o forno.
Colocada a farinha de milho branco na masseira, acrescenta-se a água fervida na panela de três pernas. Depois, a farinha de centeio.
De seguida, amatega-se (mistura-se) a massa com a amategadeira (pá de madeira), até que a mistura arrefeça o suficiente para lhe “pôr” as mãos.
A massa estará pronta quando se conseguir que se “esprema” entre os dedos.
O passo seguinte é juntar o fermento, que não é nada mais nada menos do que massa da última cozedura, à qual é acrescentada um pouco de farinha e de água.
Eis que está pronta a massa e é hora de a benzer.
Cada uma das senhoras tem formas diferentes de benzer, em função do lugar onde reside. Em Paraduça, a broa é benzida assim:
S. João te faça pão
S. José te levede
S. Vicente te acrescente
Pai, Filho, Espírito Santo
Fecha-se a masseira e deixa-se a massa levedar durante cerca de uma hora.
Há um pequeno truque para que o levedar seja mais eficaz e a broa fique ligeiramente diferente, mas desse prometemos guardar segredo.
Para ter a certeza se o processo está concluído, deve conseguir ver-se pequenas rachas na massa e só então passamos à fase seguinte: tender.
Este processo de nome tão rebuscado consiste em fazer saltar a bola de massa para que fique uniforme e depois é colocada numa pá polvilhada com farinha.
As brasas são retiradas do forno e este é varrido com uma vassoura de giestas.
Para medir a temperatura do forno, é feito o bolo, que é feito com a massa da broa, mas tem cozedura rápida, porque é espalmado diretamente dentro do forno com a pá.
Depois, são retirados os bolos e colocados num pano limpo e seco.
Para colocar a broa no forno, é necessário um trabalho árduo de domínio da pá, que a Dª. Lucinda domina.
Quando o processo de cozedura é concluído (o que demora mais ou menos 1 hora), a porta do forno é aberta e fica assim mais 30 minutos.
A espera da cozedura, para nós, foi a parte mais deliciosa, pois enquanto a broa cozia no forno, pudemos deliciar-nos com o bolo ainda quente, ter dois dedos de conversa e conhecer um pouco melhor as pessoas por detrás desta iguaria.
Enquanto isso, estas mulheres limparam os restos de massa sobrante na masseira, que será o fermento da próxima fornada, apagaram as brasas e lavaram a masseira.
Este processo repete-se semanalmente e permite, a quem assim o
queira, degustar da tradicional Broa de Paraduça, no conforto do seu
lar ou até em alguns estabelecimentos hoteleiros de Vale de Cambra.
Desejamos que nunca falte força e motivação a estas mulheres, para que a tradição se mantenha e para que possam passar o testemunho a gerações vindouras.
Para se deliciar com esta iguaria poderá fazê-lo através dos contactos abaixo indicados:
Rua da Escola de Paraduça, nº272, 3730-013 – Vale de Cambra
912 499 925
adtpcparaduca@gmail.com
MAG Nº19 | 2022 – Revista Montanhas Mágicas – ADRIMAG