A arte de ser Pastor



Texto e fotos: CLDS 4G Vale+Social

Entre a Tradição e o Sonho

A arte de ser Pastor

É no alto da Serra da Freita que encontramos José Ferreira, que com entrega e empenho se dedica a guardar as suas vacas, preservando a tradição da actividade de pastor.

José carrega consigo as memórias de um tempo em que o pastoreio das vacas acontecia dentro das pequenas aldeias.

Era através dos animais que muitas famílias conseguiam manter o seu trabalho e, não raras as vezes, o seu sustento.

Em grande parte, foi essa ligação histórica e emocional que levou José a escolher seguir esta actividade, que sentia que se perdia no tempo e no caminho do desenvolvimento rural e tecnológico.

Antes de se encontrar com a pastorícia, José escolheu dedicar-se à engenharia, área que ainda hoje procura conciliar.

Quando decidiu dedicar mais tempo da sua vida ao pastoreio das vacas arouquesas, José definiu de forma clara os seus objectivos, que ainda hoje mantém.

A intenção de preservar os usos e costumes da vida na aldeia, através da criação e da manutenção da raça autóctone – a Arouquesa.

Ao mesmo tempo, e devido à presença e circulação das vacas na Serra da Freita, preservar a biodiversidade, cuidando da paisagem e mantendo o ecossistema. E, de forma não menos importante, abrir ao mundo (através do turismo) as experiências e vivências de uma aldeia rural, criando riqueza e desenvolvendo a economia.

O percurso ao longo do tempo não tem sido simples, mas isso não desmotiva José.

A actividade a que se dedica pode ter história e tradição, mas não é isso que determina a perda da sua importância. Por isso, José mantém o sonho de que esta possa tornar-se uma profissão reconhecida no futuro.

Ser pastor não exige regressar décadas atrás em termos de vestuário ou de vida. Hoje, José escolheu utilizar o traje típico, mas refere que, no dia-a-dia, utiliza roupa prática e cómoda, que lhe permite deslocar-se bem e com conforto.

A arte de ser Pastor

José é pastor e muito mais, não só em termos profissionais, como sociais e pessoais. Pode passar grande parte dos dias sozinho, mas não está só. Está consigo mesmo, com os seus animais, com os elementos da natureza que compõem a paisagem e que vai guardando ao longo dos seus dias.

José é um guardião. Da raça Arouquesa, da serra, da memória, da tradição, dos valores de respeito pela natureza e pela história.

Esses valores que movem a sua jornada, são os mesmos que procura transmitir à sua filha pequena.

José continua aqui, firme na sua convicção e com esperança de que este possa ser um projecto partilhado por cada vez mais pessoas que desejem manter viva a profissão de pastor.

MAG Nº19 | 2022 – Revista Montanhas Mágicas – ADRIMAG