Sobranceira à nova igreja paroquial e a caminho do lugar de Merlães encontramos uma pequena planície chamada da Mánoa, e, referente a este local, há uma lenda que diz haver sido acampamento e refúgio de uma linda princesa Moura que enamorando-se de um jovem guerreiro Lusitano conseguiu iludir a vigilância dos guardas do seu acampamento e fugir na companhia do seu bem amado para aquele local, renegando o islamismo e convertendo-se ao cristianismo.
Uma noite, após dias felizes de noivado, viu cercado o seu amoroso e pacífico refúgio pelos seus irmãos de raça que em altos brados reclamavam a prisão e morte da linda princesa como represália e vingança da sua alta traição à pátria e religião.
Na iminência da prisão, e não vendo possibilidades de qualquer meio de fuga, caiu de joelhos e, com o olhar posto no Céu, invocou o nome de Nossa Senhora do Livramento.
Então uma voz doce e Amorosa ecoou no espaço “Não te intimides, nada receies, estou convosco”.
Momentâneamente irrompendo as trevas da noite uma luz forte irradiou todo o local dando-lhe uma nova e estranha configuração.
Os Serracenos, cegos e cheios de medo por tão estranho e imprevisto acontecimento, fugiram em debandada deixando em paz a linda princesa e o seu bem amado.
Então, em reconhecimento da milagrosa intervenção de Nossa Senhora, o feliz casal ali mandou edificar uma linda Capelinha sob a invocação de Nossa Senhora do Livramento que, com o decorrer dos tempos desapareceu.
Anos depois, em substituição da capelinha, alma generosa mandou edificar no mesmo local um pequeno nicho que, velho e carcomido pelo bater dos anos, foi demolido e de novo mandado reconstruir pelo benemérito Comendador Luis Bernardo de Almeida, em 1932, encontrando-se actualmente, dia e noite, iluminado por um pequeno lampadário em perpétua comemoração do lendário acontecimento.
in Vale de Cambra e o Santuário de Nossa Senhora da Saúde, António Martins Ferreira, pág. 148