Memórias soltas é um conjunto de pequenos textos baseados em factos reais, resumidamente descritos, alguns deles tentando mostrar uma leve ironia, por forma a despertar antigas memórias e ligeiros sorrisos nos seguidores desta página.
XLIII – Estrada da Aguincheira para Santa Cruz
A antigamente designada Estrada Real vinda da Ponte da Gandra através dos campos de Burgães, passando por Aguincheira e Rio de Cabras para Santa Cruz foi aberta por acção do dr. José Gomes de Almeida, do Cabeço, que foi presidente da Câmara Municipal do então concelho de Macieira de Cambra nos anos de 1905, 1906 e de Fevereiro a Novembro de 1908.
O trânsito nesta estrada terá diminuído consideravelmente a partir do momento em que foi feita a ligação entre Macieira-a-Velha e Cepelos, estrada que seria mais tarde prolongada até ao Rio Teixeira, com um financiamento, sem juros, do Comendador Luiz Bernardo de Almeida.
Esta nova via retirou o tráfego da estrada Aguincheira-Santa Cruz, o que originou que, sem manutenção, o troço entre a Ponte do Rio de Cabras e Santa Cruz tenha sido tomado pelo mato, transformando-se num autêntico caminho de carros de bois, com muito pouco ou nenhum trânsito automóvel.
Em 1978, no mandato do presidente da Câmara de Vale de Cambra eng.° Bernardo Coelho de Pinho, um grupo de pessoas de Aguincheira, Burgães e Santa Cruz pediu a intervenção da Câmara para que a estrada fosse alargada e reparada até Santa Cruz, o que foi conseguido com a importante participação de pessoal e máquinas do Regimento de Engenharia Militar de Espinho.
Após o alargamento e reabertura ao trânsito em 1978, foram construídos nas suas margens (possivelmente por volta de 1980) dois fontanários em pedra trabalhada. Um deles fica logo à saída da Ponte do Rio de Cabras, e o outro (o Fontanário dos Campos), à entrada dos campos de Santa Cruz, instalado este no enfiamento duma cascata de água e que terá substituído uma fonte de água que aí existia. Estes fontanários foram restaurados em 2000.
Recolha de Adolfo Coutinho
Memórias Soltas IV
De dois castelonenses para os valecambrenses dispersos no mundo e no tempo / Adolfo Coutinho, Augusto Soares da Carvalhalva
Prefácio de José Alberto Freitas Pinheiro e Silva
As memórias soltas de um povo, quais gaivotas lutando por visibilidade por entre a neblina da rebentação do mar bravo, precisam de ser libertas da espumosa densidade da história, o que nesta obra se tende a fazer deixando para o porvir fragmentos de vivências e tradições, em breves apontamentos da sua genealogia e dos usos e costumes das suas gentes.