Valecambrense, década 60

Valecambrense, ano 1963 e seguintes

Voltamos à Primeira Divisão Distrital de Aveiro, já com novos reforços que tinha vindo de Angola depois de terem prestado o seu serviço militar, que foram eles o “ Arlindo Gomes e José Carvalho de Sever do Vouga e Acácio de São João da Madeira, assim como os dois irmãos Gomes, António Jorge e o Seminário (Nabo) que veio pelas mãos do atual Presidente, saudoso senhor António Ribeiro, após o jogo que em Cambra disputou contra nós e pelo seu clube que era o Valonguense, da Arrancada do Vouga.

Depois se foram juntando mais bons elementos: como o Gabriel (Biel) e famoso e destemido “Carlos Cilo“, que se mantiveram por mais alguns anos e com o comando de estes competentes treinadores, tivemos ao nosso serviço: José Ferreira Tavares, Eurico Guimarães e Zé João.

Valecambrense, década 60
Valecambrense na década de 60

O Senhor Daniel e todos eles com métodos de ensino diferentes, nos balneários, no campo e mesmo na Pensão Cambrense e foram idealizando equipes muita certinhas, com jogadas bem preparadas principalmente para aqueles encontros mais competitivos, como a Ovarense, Lamas, Feirense, Lourosa e mesmo o Águeda que tinham dificuldade a nos vencer no nosso próprio terreno, quando estavam no topo da classificação.

E nestes encontros mais difíceis que iriamos ter pela frente, o Senhor Presidente desses tempos, o senhor António Ribeiro, nos mandava para estágio na Pensão Cambrense e tínhamos sempre além das ordens do treinador, as suas sempre preciosas instruções para vencermos com dignidade este ou o outro adversário que tínhamos que defrontar no Campo das Dairas.

Nunca se cansava, de nos indicar coragem, competência e o crer, dando-nos muitas vezes pela vitória umas notitas de cem escudos a cada um, por termos alcançado quase na totalidade esse mérito.

Só que por vezes o desiludíamos nos jogos seguintes com outras equipes de menor escalão que o nosso, que chegavam às Dairas e ganhavam-nos e ele, ficava muito zangado connosco e nos balneários dizia-nos joguem a bola e não façam “RODRIGUINHOS”, porque assim não vão a lado nenhum.

A sua paixão pela colectividade era de tal ordem: que muitas das vezes levava as suas mãos ao bolsos, apanhar umas notinhas para distribuir por nós como premio de consolação.

Eram mesmo poucos os atletas que fizeram parte desta equipe que tinham ordenado mensal a sua maioria fazia-o por amor à sua camisola e alguns ainda se recorriam de seus pais na ajuda para o arranjo das “ Chuteiras e bolas “.

Futebol, que minha juventude sempre foi a minha primeira paixão. Já da minha tenra idade acompanhava o Grupo da minha freguesia o “ Grupo Recreativo Castelonense”, no primeiro Torneio de Futebol, organizado pelo Macieirense no ano de 1954, no Campo da Raposeira, para mais tarde fazer parte do mesmo e no segundo torneio, mas desta vez no Campo das Dairas, nos anos de 1958/1959.

Além de ter feito parte deste clube da minha terra em torneios, também sempre estava presente para com eles estarmos em varias partes, em competições que para tal, eramos convidados em jogos amigáveis. Como em terras de Cambra, nestes períodos, não havia futebol Oficial, então juntamente com o Daniel Sousa (empregado da Gráfica Cambrense, fomos os dois para o Clube de Cesar, onde nos filiamos, e que fizemos parte do mesmo até aos 1960, ano este que devido ao serviço militar, tive que deixar o “ Cesarense”, e partir para a obrigação, que nas Caldas da Rainha, fiz parte da equipe do Regimento, com colegas do Torriense, Peniche e o guarda redes Rita e Caiado do Caldas Sport Clube, que ao abrigo militar ainda enverguei a camisola dos Caldas, antes de ter partido para ANGOLA, em Maio de 1961.

Em Angola, sempre estive ligado ao mundo do Futebol, até que se deu, o meu regresso ao meu habitar e quando regressei em Julho de 1963, como gostava de representar as cores da minha terra, o Senhor António Ribeiro e o meu padrinho de casamento e muito amigo o senhor Fernando Bastos da Gráfica Cambrense, foram a Cesar os dois comprar a minha carta de atleta, pela importância de (seis mil escudos), para eu ficar a defender as cores do Valecambrense até ao ano de 1968. 
“ SÓ UM GOLO FICARÁ NA HISTÓRIA “

Valecambrense, década 60

E foram muitos que se apontaram na minha passagem pelo clube, os do António Jorge ( sem a bola pisar o solo e o do Augusto Batista, quando o guarda-redes adversário pontapeia a bola a mesma para na sua zona e ele sem preparação devolve e marca o golo ao adversário.

O Domingos Gomes ( o Mingos ), o Biel o Carlos Alberto e mesmo o Seminário e os outros que no passado, também o foram como os saudosos “ Herculano Martins, que não falhava um penalti e o Serafinzito da Calada, que tantos golos marcava de canto direto e que tivemos neste percurso do passado tantos golos com “HISTÓRIA”.

O do Seminário, quando a visita do Futebol Clube do Porto em jogo amigável, quando perdíamos por 3 bolas a zero, existe um livre junto ao pinheiro, que eu, marco e ele de cabeça faz o ponto de honra ao guarda-redes Américo do Futebol Clube do Porto.

Arlindo Gomes