Biografia de Personalidades Cambrenses

Personalidades

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Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses

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Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses

Agradecimentos

Aos familiares de António Martins Ferreira, agradecemos a Manuel de Almeida Martins Ferreira, Maria Manuela Martins Ferreira, Maria Clara Martins Ferreira, Olga Maria Martins Ferreira, Hélder Martins Ferreira, Mafalda Sofia Ferreira e Natália Martins Ferreira.

Aos familiares de Arlindo Soares de Pinho, Eng. Armando Costa Leite de Pinho, filho, e sua neta Eng. Lígia Pinho, agradecemos todo o apoio e colaboração prestada.

Igualmente ao colaborador do grupo Arsopi, Dr. José António A. Soares

Aos netos de Artur Tavares de Pinho, António Correia de Pinho, Manuel dos Santos (entretanto falecido), à sua bisneta Zélia Valente dos Santos e ao seu trineto José Pedro Santos Melo, agradecemos a informação recolhida e gentilmente partilhada;

À esposa do Dr. Eduardo Coelho e seu filho João, agradecemos que mos a colaboração prestada;

Por último, um agradecimento especial a António Bernardo de Almeida Moreira, filho de Luiz Sousa Moreira, aqui biografado e ao bisneto Pedro Moreira que nos ajudaram neste trabalho.

Introdução

Elaborar uma biografia é um trabalho de pesquisa, uma forma de construir o conhecimento sobre determinada pessoa.

Já o tínhamos feito em relação a Luiz Bernardo de Almeida, considerado para muitos a personalidade do século XX.

Agora, neste trabalho biográfico procuramos selecionar cinco personalidades que se distinguiram na comunidade local, sendo certo que esta escolha resultou de uma apreciação subjectiva.

Tivemos a preocupação de seleccionar personalidades que de alguma forma se destacaram em áreas diferentes.

Em primeiro lugar, porque o trabalho é uma preocupação dominante, não podíamos de referenciar desde logo, Arlindo Soares de Pinho, pela forma como construiu e dinamizou o sector industrial do nosso concelho.

Depois, pensamos numa pessoa que se tenha destacado na área social. E a primeira escolha recaiu logo no Dr. Eduardo Coelho que, não sendo natural desta terra, a ela dedicou parte da sua vida, se bem que se tenha destacado como médico e naturalmente como autarca, embora, estamos em crer, que essa não era a sua verdadeira vocação.

Na área musical destacamos Artur Tavares de Pinho como músico, maestro e compositor.

Noutro âmbito, recordamos desde logo, António Martins Ferreira, porque os seus livros sobre Vale de Cambra e o Santuário de Nossa Senhora da Saúde, são ainda uma referência no âmbito da história local.

Por último, entendemos incluir neste trabalho, aquele que foi o pioneiro na produção de energia elétrica no concelho.

Falamos de Luiz de Sousa Moreira. As notas biográficas aqui encontradas resultaram de um esforço junto dos familiares das personalidades destacadas neste trabalho que, dentro das suas possibilidades, nos prestaram informações e esclarecimentos que de outra forma não nos seria possível obter.

As demais informações foram encontradas nos Arquivos Municipais e Distritais, Jornais locais e outras publicações.

Não incluímos toda a documentação neste trabalho, porque esta será objecto de uma exposição biográfica a concretizar, no Museu Municipal, em tempo oportuno.

Este é o primeiro de um conjunto de trabalhos que pretendemos levar, futuramente, a cabo.

As personalidades cambrenses

por Alexandre Rodrigues

António Martins Ferreira: uma referência da História Local

(13 Set 1896 – 4 Jan 1975)

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António Martins Ferreira

António Martins Ferreira nasceu no lugar de Baçar, freguesia actual de S. Pedro de Castelões, concelho de Vale de Cambra, no dia 13 de Setembro de 1896.Descendente, por via paterna e materna, de homens e mulheres valecambrenses , era filho de Manuel Martins natural de Baçar, freguesia de Castelões e de Carolina Augusta Rosa de Almeida natural da casa de Pedre, freguesia de Rôge.

Coutinho, Adolfo. Castelonenses ilustres, vol.I – Dezembro 2004. M. Vide e irmão, Vale de Cambra

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Pais de António Martins Ferreira

Viveu a sua infância e juventude em Baçar, sempre dedicado a trabalhar e a orientar as propriedades da família, frequentou o ensino primário no lugar de Cabril.

Aos 21 anos casou com uma parente distante, Adelaide de Almeida Martins, natural de Lordelo, Vale de Cambra.

Tiveram três filhos, dois rapazes e uma rapariga, morrendo esta muito nova, ficando como únicos filhos, Amaro de Almeida Martins Ferreira e Manuel de Almeida Martins Ferreira.

Quando casou decidiu acrescentar ao seu nome o apelido Ferreira, pertencente a todos os descendentes da casa de Pedre.

Na década de 1920, emigrou para o Brasil como muitos outros em busca de melhores condições de vida.

Após curta estada, regressou a Portugal, por motivos de saúde.

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António Martins Ferreira e sua mãe no dia em que casou

O seu estatuto de proprietário rural, conhecedor das dificuldades com que o sector vinícola se deparava no concelho, impulsionou-o a aderir à comissão fundadora da Sociedade Vinícola do Vale do Cambra.

Tentou mais tarde a indústria, na área dos lacticínios, criando, na sua residência particular, uma pequena empresa de manteiga.

No entanto continuou insatisfeito com a sua situação económica, mudou-se para Beja, em 1933, onde passou a residir com a família dedicando-se ao comércio de lacticínios.

Aí permaneceu alguns anos, no entanto quando surgiu uma proposta para trabalhar em Lisboa como representante de uma empresa produtora de cordas, muda-se novamente com a família, agora para a capital.

Não conseguindo aí também o sucesso que esperava regressou, passados uns meses, a Vale de Cambra.

No mesmo local onde já tinha instalado a antiga fábrica, volta a criar uma pequena empresa, de chocolate e manteiga, cuja comercialização era também por ele assegurada.

Contudo, o seu negócio ressente-se da conjuntura económica e política da década de 1940 e foi obrigado a desistir deste projecto.

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Rótulos dos chocolates “La Beleza”

Iniciou uma nova etapa na sua vida, trabalhando como escriturário em algumas empresas de Vale de Cambra, a empresa Moreira de Paiva e filhos, Lda. foi a última em que trabalhou até à sua reforma.

Durante esses anos, dedicou parte do seu tempo à escrita, uma paixão antiga.

Em Beja iniciara-se como correspondente do “Jornal de Cambra”, escrevendo crónicas sob o pseudónimo de Quintiliano Negrão, em homenagem, segundo relatos de familiares, a Marcus Fabius Quintilianus

Desconhece-se a razão pela qual escolheu Negrão como apelido.

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Casa de António Martins Ferreira no Mártir, S. Pedro de Castelões

Marcus Fabius Quintilianus nascido em Caagurris (Calahorra, actual Espanha) e viveu de 30 a 95 DC, foi escritor e retórico latino. Estudou em Roma, tornou-se conhecido por ter sido professor de retórica. Um de seus alunos foi o orador romano Plinio, o jovem. Depois de exercer por vinte anos como advogado e professor, retirou-se para escrever. Ficou famoso pelo Institutio Oratoria (c. 95 d.C.), grande obra redigida em 12 volumes.

Em Vale de Cambra, foi correspondente local do jornal “O Século” durante vários anos, recebendo em casa este jornal diariamente.

O hábito da leitura e escrita nos jornais passou depois para os seus filhos Amaro e Manuel, que dedicaram parte da sua juventude ao teatro, integrados no Clube Recreativo Mocidade de Castelões, e à escrita de contos, crónicas e peças de teatro.

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Grupo de Teatro do Clube Recreativo Mocidade de Castelões
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António Martins Ferreira, sua esposa e seus netos

A correlação com a gente e a história da sua terra natal fortaleceu-se quando regressou de vez a Vale de Cambra.

O trabalho de campo que efetuou pelo concelho numa recolha e pesquisa etnográfica, permitiu-lhe conhecer o riquíssimo património cultural e imaterial existente.

Estes registos foram publicados mais tarde nos seus livros, o primeiro intitulado “Vale de Cambra” e o segundo “Vale de Cambra e o Santuário de Nª Sra da Saúde”.

Para estas publicações contribuíram os apoios comerciais de várias entidades valecambrenses.

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Livros de referência publicados por António Martins Ferreira (Vale de Cambra e Vale de Cambra e o Santuário de Nossa Senhora da Saúde)

De referir o carinho, o respeito e admiração que sempre nutriu pelo espaço sagrado que rodeia o local do culto da Nª Sra da Saúde.

Este foi sempre para ele um sítio especial, um refúgio de paz e de luz que visitava sempre que a oportunidade surgisse, ora passeando pelas sombras dos carvalhos, ou sentando-se muitas vezes unicamente a apreciar a paisagem e meditando sobre a vida.

Comprou mesmo um terreno perto da ermida. No seu livro sobre o santuário da Sra da Saúde é evidente a sua paixão pelo lugar e a sua preocupação na conservação tanto do espaço físico como do edificado.

Começou a escrever um romance a que deu o título “Escravos do Destino” que não chegou a concluir.

Faleceu em 4 de Janeiro de 1975 na sua casa do Mártir, São Pedro de Castelões.

Ferreira, António Martins. Vale de Cambra e o santuário de Nª Sra da Saúde,1968. Gráfica Progredior, Porto.

por Ângelo Augusto da Silva Pinho

Arlindo Soares de Pinho: construtor e dinamizador da indústria

(17 Mai 1910 – 27 Fev 2000)

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Arlindo Soares de Pinho

Arlindo Soares de Pinho nasceu a 17 de Maio de 1910 , em Lordelo, da freguesia de Vila Chã, concelho de Vale de Cambra.

Foi neste concelho que sempre viveu até falecer, em 27 de Fevereiro de 2000 .

Oriundo de progenitores humildes, Arlindo Soares de Pinho viu-se forçado a cedo abandonar a escola primária de Armental, que frequentou até concluir a 3ª classe, e ainda criança, empregar-se naquela que à época era a maior empresa industrial do concelho – a Almeida & Freitas, Lda.

Admitido com pouco mais de dez anos de idade, teve como primeira tarefa acarretar cascas de pinheiro para alimentar a máquina a vapor.

As aptidões e qualidades que evidenciava, invulgares para um jovem da sua idade, asseguraram-lhe, de imediato, uma rápida e promissora ascensão na empresa, que o levou ao exercício de tarefas qualificadas e de maior responsabilidade, culminando com a sua indigitação para encarregado da serralharia – sector nevrálgico da empresa – quando tinha apenas 17 anos de idade.

À sua rara e inata habilidade, Arlindo Soares de Pinho associava criatividade e um singular espírito inventivo.

 Nascimento (Assento 22/1910): Nasceu às 11h00 do dia 17 de Maio de 1910 na freguesia de Vila Chã de Macieira de Cambra. Filho de Rosalina Soares de Pinho, natural de Vila Chã, e neto materno de Francisco Soares de Pinho e Maria Rosa;
 Falecimento (Assento 217/2000 da 1.ª Conservatória de Vila Nova de Gaia): Faleceu no dia 27 de Fevereiro de 2000, na freguesia de Mafamude, Vila Nova de Gaia.

A história de cortante, como o próprio lhe chamava, confirmam estes inegáveis atributos.

Com efeito, quando em meados da década de 1920, a Nestlé, no âmbito de uma forte expansão da sua atividade em Portugal, decide quintuplicar as suas encomendas de embalagens metálicas à Almeida & Freitas, Lda., esta, para não perder tão importante cliente, assumiu um desafio de concretização aparentemente impossível.

Tendo procurado sem êxito a solução no exterior, a empresa entregou tão difícil e ambicioso projeto nas mãos do seu jovem encarregado.

Com coragem, talento e criatividade, Arlindo Soares de Pinho projectou e desenvolveu um cortante que, com apenas uma pancada realizava três operações, triplicando a produtividade e resolvendo as limitações de capacidade da empresa.

A rápida proliferação do conhecimento deste feito na indústria teve como consequência que o próprio passasse a ser fortemente assediado por outras empresas – concorrentes e não só – que lhe ofereciam elevados salários, que chegavam a quintuplicar o que auferia.

Contudo, a fidelidade à empresa e um reconhecimento de gratidão aos seus patrões, levou a que tivesse declinado tão irrecusáveis convites.

Em 28 de Maio de 1932, Arlindo Soares de Pinho contrai matrimónio com Maria da Assunção da Costa Leite , de quem teve cinco filhos que vieram a ser importantes empresários: Álvaro, Armando, Armindo, Ilídio e António Jorge.

Já casado e com três filhos, Arlindo Soares de Pinho vem revelar um outro atributo inato, que nunca mais o abandonou – o de empreendedor.

Em 1938 toma a decisão de se estabelecer por conta própria e requer às entidades oficiais as licenças à data necessárias para

“Instalar uma oficina de serralharia mecânica, na vila de Vale de Cambra, com o maquinismo seguinte:

1 torno mecânico; 1 limador mecânico; 1 prensa mecânica, 1 motor mecânico; 1 polidor”

(in Boletim da Direcção-Geral da Indústria, ano II, nº 60, de 2 de Novembro de 1938, p. 814).

Em 1941, a oficina encontrava-se instalada no rés-do-chão da sua própria casa, na Rua de Santo António, nº 89, em Vale de Cambra, e, em 1942, iniciava a sua atividade industrial.

Na altura, o Mundo estava a viver um período muito dramático da sua história – a II Grande Guerra, com todas as consequências que daí resultavam para a actividade económica: incerteza e retração do investimento.

Contudo, habituado desde criança a ver nas contrariedades um estímulo, e dotado de uma notável visão estratégica, Arlindo Soares de Pinho viu neste conflito beligerante uma oportunidade de negócio e a possibilidade de resolver o problema dos industriais de lacticínios que não conseguiam importar equipamentos para transformação de leite e peças sobressalentes para a sua manutenção.

Complementavam esta atividade a serralharia mecânica e a reparação de automóveis.

O casamento com Maria da Assunção da Costa Leite, oriunda de uma família com reconhecida tradição e presença no fabrico e comercialização de lacticínios, terá sido determinante na forte ligação que Arlindo Soares de Pinho sempre manteve com essa indústria, no início e ao longo de toda a sua vida de empresário.

A nova empresa, que começou por operar num regime praticamente artesanal e com apenas dois ajudantes, rapidamente começou a experimentar um incremento da sua atividade e, logo no ano seguinte já contava com dez empregados.

No pós-guerra, implementou um permanente desenvolvimento técnico e o apetrechamento com novos equipamentos produtivos.

Em 1951, operando já sob a denominação de Metalúrgica de Cambra, foi-lhe, por despacho ministerial, concedida licença para a instalação/ampliação de uma oficina para a construção de máquinas destinadas à indústria de lacticínios.

Casamento (Assento 26/1932): Casou no dia 28 de Maio de 1932 com Maria da Assunção Costa Leite de Pinho, natural de Lordelo, freguesia de Vila Chã, concelho de Vale de Cambra.

Construiu novas instalações na Rua da Ponte e, passado pouco tempo, era o fornecedor de maquinaria da maioria das unidades de lacticínios do País.

Em meados da década empregava mais de cinquenta colaboradores.

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Instalações na Rua da Ponte (1951)

Em 1962, num período de nítida expansão, ampliaram-se as instalações (sextuplicando a área coberta) e renovaram-se os sectores de serralharia e caldeiraria com a aquisição de nova maquinaria.

Reforçou-se a presença, já iniciada em finais da década precedente, noutros ramos da indústria alimentar, designadamente nas indústrias cervejeira e de refrigerantes, vinícola, de gelados e de margarinas.

Foi ainda na década de 60 que realizou as primeiras exportações.

Com uma firme vontade de conhecer e assimilar modernas técnicas produtivas e tecnologias emergentes, Arlindo Soares de Pinho viajava com frequência pelo estrangeiro, visitando exposições, feiras e empresas similares de vanguarda, e ainda procedendo à compra de novos equipamentos e matérias-primas.

Em 1969, dá por concluída a atividade em nome individual e, com os seus filhos Armando e Armindo, a que se juntou, em 1982, António Jorge, constituiu a sociedade ARSOPI, que é hoje a empresa mãe de um grupo industrial que lidera o seu sector específico em Portugal.

Na mesma altura, a empresa transferiu-se para a atual localização, na Relva, onde foi construído um novo complexo fabril, com instalações vastas e adequadamente equipadas.

Aí passou a exercer a sua atividade em moldes mais evoluídos e ao nível europeu.

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Maquinaria destinada à Indústria de Lacticínios

A empresa, sob o espírito empreendedor e inovador de Arlindo Soares de Pinho e dos filhos com quem compartilhou a gestão, que não se limitaram a “fazer como os outros” mas sempre procuraram vias originais e inéditas no nosso panorama industrial, foi crescendo, inovando, desenvolvendo novos produtos e diversificando mercados, sendo hoje reconhecida internacionalmente como empresa de referência pelas concorrentes e sectores clientes.

Actualmente, exporta mais de três quartos da sua produção, com destino a cerca de cem países espalhados por todo o Mundo, para sectores tão exigentes que vão desde a indústria alimentar à da energia nuclear.

Todavia, os investimentos não ficaram limitados a esta actividade industrial.

Com efeito, Arlindo Soares de Pinho e as suas empresas, de entre outros projectos, participaram, como accionistas fundadores, na criação do actual BPI (através da Sociedade Portuguesa de Investimentos), do BCI – Banco de Comércio e Indústria (posteriormente adquirido pelo Banco Santander) e na Real Seguros.

Participaram ainda na primeira operação de reprivatização realizada em Portugal – da UNICER, continuando a ser hoje acionistas de referência desta cervejeira, que é a maior empresa de bebidas do País.

A preocupação de Arlindo Soares de Pinho e das suas organizações nunca se confinou ao seu próprio perímetro empresarial, mas sempre foi extensivo ao meio social que os rodeia.

Luísa Bessa, na edição “Negócios Online” de 23 de Junho de 2005, citava “Há empresas que acordaram para a responsabilidade social antes de o nome ter sido inventado e virado moda. É o caso da Arsopi (…)”.

A responsabilidade social e a filantropia sempre estiveram presentes no seu espírito e na sua prática.

A sua acção, firme e persistente, junto das entidades tutelares da educação foi decisiva na criação do Ensino Técnico em Vale de Cambra.

Em 1986, perante o vazio consequente à inoportuna eliminação deste tipo de ensino em Portugal ocorrida logo após a Revolução, criou numa das suas empresas o Centro de Formação Profissional Arlindo Soares de Pinho, onde mais de seis centenas de jovens já concluíram cursos formação técnica e profissional de longa duração.

Outro exemplo da preocupação com a responsabilidade social é a atribuição das Bolsas de Estudo Comendador Arlindo Soares de Pinho, concedidas desde 1993, que têm ajudado financeiramente dezenas de estudantes universitários de Vale de Cambra a prosseguirem os seus estudos e concluírem cursos superiores.

Esta dimensão social esteve sempre presente no constante apoio a instituições religiosas, de beneficência e solidariedade, organizações culturais e de ensino, grupos desportivos e de recreio, sobretudo cambrenses.

Salienta-se o papel e contributo determinantes de Arlindo Soares de Pinho na idealização e construção do Santuário de Santo António – uma das obras de referência da cidade de Vale de Cambra, de que foi principal impulsionador.

O reconhecimento público deste singular percurso de Arlindo Soares de Pinho, ao longo de quase noventa anos de vida intensa, encontra-se expresso em distinções e homenagens com que múltiplas vezes foi distinguido.

Por alvará de 30 de Janeiro de 1991, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Mérito .

Em 1993, foi homenageado publicamente pelo Rotary Clube de Vale de Cambra e recebeu das mãos do Governador Civil a Medalha do Distrito de Aveiro.

Em 1995, foi distinguido pela então Associação Industrial Portuense (atual AEP) como Sócio Honorário.

Em 2001, a título póstumo, foi homenageado publicamente pela Câmara Municipal de Vale de Cambra, tendo erigido um busto seu na rotunda com o seu nome.

Em 2009, a edilidade atribuiu o seu nome a uma rua que atravessa a localidade onde nasceu.

A Santa Casa da Misericórdia de Vale de Cambra conferiu-lhe o estatuto de Irmão Benemérito.

A Associação dos Bombeiros Voluntários de Vale de Cambra distinguiu uma das suas empresas como Sócia Benemérita e, mais tarde, atribuiu-lhe a Medalha de Mérito.

A Liga dos Bombeiros Portugueses outorgou-lhe a Medalha de Serviços Distintos – Grau Ouro.

in “Notícias de Cambra”, 30 de Junho de 1993

por Ângelo Augusto da Silva Pinho

Artur Tavares de Pinho: maestro e compositor autodidacta

(2 Jan 1880 – 30 Dez 1946)

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Artur Soares de Pinho
(Maestro e compositor)

Artur Tavares de Pinho, nasceu em Tagim a 2 de Janeiro de 1880, freguesia de Macieira de Cambra, filho de Manuel Tavares de Pinho, daí natural, e de Maria da Silva, natural de Macinhata da Seixa.

Era o filho mais velho do casal e tinha como irmãos Manuel, Arnaldo, António, Margarida Amélia da Silva, esta nascida no ano de 1897, e também Júlia.

Nasceu no seio de uma família vocacionada para a música, uma vez que seu pai e dois irmãos, Manuel e Arnaldo Tavares de Pinho, eram músicos na banda da sua terra natal.

Casou com Deolinda de Jesus Valente, uma tecedeira natural de Carregosa, com que teve cinco filhos: Basílio, Justina, Ângelo, Laura, Donizete e a Dalila.

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Artur Pinho e dois filhos, Ângelo e Justina.
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No casamento da filha Justina, com seus pais e irmã Laura (1925)

Artur de Pinho iniciou-se na arte dos sons ao ingressar como executante na velha banda musical de Macieira de Cambra, fundada no ano de 1873.

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Filarmónica “Lira Cambrense” em 1889 (Artur Pinho assinalado com um círculo branco)

Uma vez integrado no elenco da banda da sua terra, em 1889, com apenas 9 anos, Artur Tavares de Pinho seduziu-se pela cultura musical e, daí em diante, tornou-se num autodidacta que devorava livros e tratados musicais fazendo-se um compositor talentoso e inspirado, além de um regente conceituado e competente que regeu as bandas de música de Carregosa (1909-1910), Macieira de Cambra (a partir de 1911, substituindo Domingos da Russa até 1929, seguindo-se-lhe na regência da Banda o Joaquim José Vieira, durante 12 anos, isto é, até 1941), Cabeçais e, finalmente, a de Fajões .

Refira-se que entretanto, entre os anos 1898 e 1900, na povoação da Gandra, hoje Vale de Cambra, foi fundada uma Tuna com o nome de TUNA DA GANDRA.

Foi seu fundador o Sr. Manuel Gomes da Costa, natural de S. Tiago, Oliveira de Azeméis, que nessa data veio prestar serviços na Farmácia do Sr. Camilo de Matos.

Foram seus executantes: Manuel Soares Albergaria, da Povoa; Alfredo Correia Fuste (Galinha), José de Pinho (Terezo), Ernesto Tavares de Almeida, José Maria, da Corredoura; Joaquim Soares, José Maria e Manuel Gomes da Costa que foi seu primeiro ensaiador e regente.

Foi segundo regente Artur Tavares de Pinho, que era, também, o autor de todos os números executados pela Tuna.

Durou cerca de oito anos. Nesta altura Artur Tavares de Pinho assume a regência da Banda Musical de Carregosa.

Estávamos no ano de 1909. Em 1911, assume a regência da Banda de Macieira de Cambra e o seu irmão, Arnaldo Tavares de Pinho, assume a regência da Banda Recreativa e Beneficente que veio dar origem à conhecida e atual Sociedade Artística Banda de Vale de Cambra.

Artur Pinho nas fotos encontra-se assinalado com um círculo.

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Filarmónica “Lira Cambrense” em 1929

Durante o período de regência da Banda de Macieira de Cambra, acumulou a regência da Banda de Cabeçais e ainda, a partir de 1926, organizou e regeu a Tuna Invicta de Fajões que veio a dar origem à Banda Musical de Fajões, para onde se transferiu definitivamente no ano de 1930.

Tinha o hábito de usar uma farda igual aos demais elementos da Banda.

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Banda Musical de Fajões no ano de 1937

Aliás foi o principal obreiro na formação dessa Banda Musical.

Em 11 de Junho de 1926, Artur Tavares de Pinho deu a primeira lição a um grupo de cerca de trinta jovens que se dispunham a aprender música e tocar instrumentos de corda e que vieram a formar uma tuna, a Tuna Invicta de Fajões, como veio a ser designada.

Desde 1926 até 1938 que Tavares de Pinho foi sucessivamente mestre regente da tuna, depois da orquestra e da sua sucessora, a Banda, que já desde 1935/36 tinha instrumental metálico e de sopro e era designada por Banda Musical de Fajões.

Por divergências surgidas em 1938, no final da época, mestre Artur abandonou, desgostoso, a regência da Banda de Fajões, sucedendo-lhe, então, por uma época, o regente Ramiro Santos, de apelido “O Caneca”, de Matosinhos.

Em 1939/1940, Artur Tavares de Pinho retomou a regência da Banda Musical e, nesse ano, deixou-a definitivamente fixando-se no lugar de Borralhais da freguesia de Carregosa, para não mais reger banda alguma.

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Bandas de música Filarmónica Lira Cambrense junto ao Calvário e já sem a regência de Artur Tavares de Pinho. Em todo o caso deixou as suas raízes na banda, sendo a criança o seu neto António Correia de Pinho (1940)

Artur Tavares de Pinho foi professor de piano, dos vários instrumentos musicais da banda, e também de violino.

A maior parte dos trechos executados pela antiga Tuna Invicta de Fajões foram escritos pelo mestre Artur Pinho.

No arquivo da Banda de Fajões ainda constam algumas partes para este ou aquele instrumento de partituras musicais, saídas da inspiração e talento de Tavares de Pinho.

Também, do que restava da Banda de Macieira de Cambra, existiam algumas partituras e extratos musicais, uns de sua autoria, outros copiados por sua mão.

Estes “restos” e partes de instrumentos musicais encontravam-se numa sala, mal acondicionados, em caixotes, alguns em estado irrecuperável, do edifício do Centro Literário e Musical Luiz Bernardo de Almeida, da extinta Casa do Povo.

Por consideração de seus netos, Manuel Soares Ferreira dos Santos e de António Correia de Pinho, sabemos que mestre Artur de Pinho compôs, além de diversas aberturas, valsas e marchas, que andam dispersas, as seguintes partituras e obras: a rapsódia “Fajões em Festa”, de 1937, e os arranjos das óperas “Giovanna d’ Arco, atto primo”, de G. Verdi e “Linda Di Chamonix” de G. Donizetti, ano de 1909, data em que mestre Artur contava 29 anos.

Compôs vários arranjos para o Teatro de Carregosa, vários passos dobles para as orquestras e tunas por onde passou.

Escreveu vários arranjos para as missas dominicais, Marchas graves também faziam parte do seu reportório.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
“Fajões em festa” rapsódia
Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Arranjo para o teatro e adaptação de “As Pupilas do Sr. Reitor”

Como autodidacta escreveu o tratado de composição “Theorias e Problemas da Sublime Língua Universal”, de 1910, que lhe valeu a certificação o reconhecimento como maestro e compositor pelo Conservatório.

Mestre e compositor Artur Tavares de Pinho faleceu, com 66 anos, de «lesão orgânica do coração», às cinco horas de 30 de Dezembro de 1946, no lugar de Borralhais da Freguesia de Carregosa e foi sepultado no cemitério local.

por Ângelo Augusto da Silva Pinho

Eduardo Manuel Martins Coelho: médico, autarca e um amigo

(21 Set 1951 – 25 Jul 2004)

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Dr. Eduardo Coelho no salão nobre da Câmara Municipal

(…) ”Homem de convicções fortes, mas também homem de consensos, divertido, alegre e principalmente amigo do seu amigo.” (…)

Eduardo Manuel Martins Coelho nasceu em Angola, a 21 de Setembro de 1951.

Filho de José Maria Pereira Coelho, natural de Ribeiradio, do concelho de Oliveira de Frades, e de Teresa do Céu Martins, com a profissão de Professora Primária, de Macedo de Cavaleiros ➀⓪.

Sua avó paterna era de Casal Velide, da freguesia de Arões, deste concelho.

“Voto de pesar” aprovado pela Assembleia da República.

➀⓪ Seu pai, nasceu em 25 de Junho de 1923, com a profissão de bancário, faleceu a 28 de Dezembro de 2011 e sua mãe nasceu a 14 de Junho de 1921 e faleceu a 25 de Agosto de 1987.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Eduardo Coelho e o irmão José Alberto

Tem como irmãos José Alberto Martins Coelho, nascido a 1-10-1950, Jurista, fez parte do Conselho de Administração do Hospital Sobral Cid em Coimbra; Maria João Martins Pereira Coelho, nascida a 16-10-1952, Jurista, com funções na Assembleia da República; António Paulo Martins Pereira Coelho, nascido a 27-4-1958, Economista, ex-deputado da Assembleia da República e ex-secretário de Estado.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Eduardo Coelho e irmã Maria João

Eduardo Coelho, veio para Coimbra, com apenas 13 anos, onde fez o curso liceal.

Após a sua conclusão, regressou a Angola, onde fez os três primeiros anos de Medicina em Luanda.

Com o “25 de Abril de 1974”, regressou a Portugal, terminou, entretanto, o curso na Universidade de Coimbra.

Em 1 de Janeiro de 1979, iniciou a sua actividade, como Interno do Internato Geral, no Hospital da Figueira da Foz e, entre 1 de Fevereiro de 1981 e 31 de Agosto de 1982, é médico do Serviço Médico na Periferia.

Em 1 de Setembro de 1982, é colocado como Clínico geral, em regime de Contrato Administrativo de Provimento.

Transferiu-se para o Centro de Saúde de Vale de Cambra e é nomeado Delegado de Saúde Adjunto do concelho.

Em 26de Junho de 1990, após obtenção do grau de Generalista, foi integrado na categoria de Assistente de Clínica Geral e, cinco anos depois, em 6 de Julho de 1995, adquiriu o grau de consultor, progredindo para a categoria de Assistente Graduado de Clínica Geral.

Acumula as funções de Médico Relator da Segurança Social de Aveiro e de Médico Perito do Tribunal Judicial de Vale de Cambra.

Casou em 11 de Abril de 1981, na igreja matriz de Rôge, com Hermínia Celeste da Silva Anacleto.

Do casamento tiveram dois filhos, o João e a Joana. A sua esposa viria a falecer, vítima de cancro no pâncreas, em 9 de Maio de 1998, no ano em que faria 45 anos ➀➀.

O seu filho, João Eduardo Anacleto Pereira Coelho, nasceu a 28 de Março de 1991 e a sua irmã, Joana Sofia Anacleto Martins Coelho, nasceu a 13 de Março de 1987.

Licenciou-se em Medicina e o João, estuda Desporto na Universidade do Porto.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Casamento com Hermínia, em 1981

Casou posteriormente, em segundas núpcias, com Maria Cristina Soares de Almeida.

➀➀ Hermínia Celeste nasceu a 10 de Novembro de 1953.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Casamento com Cristina

Eduardo Coelho, pela sua ação, mesmo antes de abraçar a causa política.

É uma referência contemporânea como médico, no movimento associativo e social do concelho.

Deixou-nos um legado ideológico e comportamental verdadeiramente exemplar.

Conhecemos o Dr. Eduardo Coelho no início da década de 80, quando casou.

Tivemos oportunidade de com ele partilhar momentos em períodos de campanha eleitoral.

Partilhamos também 6 anos na Fundação Luiz Bernardo de Almeida, num período conturbado e de mudanças profundas, entre 1995 e 2001.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Eduardo Coelho, Ângelo Pinho e Manuel Bértola na Fundação (Festa-convívio de 1999)

Paralelamente com a actividade (muitos afirmam doação) de medicina, desempenha cargos públicos, sobretudo de cariz social:

• Presidente do Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa de Vale de Cambra e é no seu mandato que é construído o Centro de Acolhimento para Jovens, em 1994.

• Entre 1995 e 2001, é Presidente da Fundação Luiz Bernardo de Almeida.

• Torna-se membro do Rotary Clube de Vale de Cambra e da Santa Casa de Misericórdia local.

• Médico, a título gracioso, das seguintes colectividades: Associação Desportiva Valecambrense; Clube Desportivo e Cultural de Macieira de Cambra; Associação Cultural e Recreativa de Vale de Cambra; Hóquei Académico de Cambra; Centro Desportivo, Recreativo e Cultural de Vila Cova de Perrinho; Associação Desportiva e Cultural de Felgueira.

Como político ocupa nos triénios de 1990/93 e 1998/2001 o lugar de Presidente da Assembleia Municipal.

Nas eleições autárquicas de 16 de Dezembro de 2001, é eleito Presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra, para o mandato de 2002-2005.

Mais precisamente, na Assembleia Municipal ocupou esse lugar de 2 de Janeiro de 1990 a 3 de janeiro de 1994; e de 5 de Janeiro de 1998 a 7 de Janeiro de 2002; na Câmara Municipal ocupa a Presidência desde 7 de Janeiro de 2002 a 23 de Julho de 2004 (dia do seu falecimento).

A morte colheu Eduardo Coelho, quase, a um ano e meio do fim do mandato.

“Velar pelo ambiente e pela saúde pública das populações” foi o mote da campanha eleitoral da equipa, encabeçada por Eduardo Coelho, com que o PSD conquistou, com 36,5% dos votos expressos em Vale de Cambra, 3 lugares na Câmara Municipal à frente do CDS-PP (33,7%) e PS (25,4%), nas eleições autárquicas de 2001.

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Festejo após vitória nas eleições autárquicas

Na distribuição de pelouros, o presidente chamou a si os pelouros da cultura, do desporto e tempos livres, da ação social, protecção civil, segurança, trânsito, mercados e feiras, comércio e turismo, alvarás e salubridade.

No final do primeiro ano, Eduardo Coelho concedeu uma entrevista a “Voz do Caima”, durante a qual fez uma análise da situação do município, avaliou o que estava em curso e perspetivou os anseios futuros.

“No primeiro ano do presente mandato” – afirmou – ” a nossa primeira grande preocupação foi procurar desafogar financeiramente a câmara e, …apesar de ter sido um ano de crise, conseguimos bater um recorde absoluto de receitas (cerca de 15 milhões de Euros)” colocando em marcha “cobranças como de licença de porta aberta” e outros mecanismos, como ” caução de saneamento e água”, que “gota a gota” fizeram essa receita.

“Estamos a fazer um esforço enorme” nesse campo.

“Neste momento, temos uma cobertura de perto de 70% dos habitantes de Vale de Cambra com água nas suas casas”… e 40% de saneamento posto em casa dos cidadãos valecambrenses; 60% está sem ele.

Este é o nosso drama e estamos a trabalhar aprofundadamente no sentido de conseguirmos atingir os objectivos preconizados pela EU de, até 2006, atingirmos uma cobertura de 90%”…

No entanto, “sabemos que, com os meios financeiros e técnicos da Câmara Municipal, não vamos conseguir atingir esses objectivos – daí o nosso drama!

“Na mesma entrevista, Eduardo Coelho esboçou um sentimento de alegria pelo “grande objectivo, que foi claramente cumprido”, a questão das zonas industriais.

“Há um projecto, em fase inicial, a que vamos dar continuidade, o arranjo da envolvente do Rio Vigues, uma obra de cariz paisagístico e de saúde pública uma infra-estrutura que vem “dignificar Vale de Cambra e proporcionar aos valecambrenses um espaço lúdico e cultural de que se orgulharão, O Parque da Cidade: um sonho a tornar realidade.”

“Na saúde, o que importa é dar resposta às necessidades e, sobretudo aos doentes.

Vamos ter uma área, particularmente querida, a dos cuidados continuados, que consideramos de muita importância… e para a qual não existe resposta, actualmente, no país”.

E que “a maior parte das pessoas morre com muita indignidade neste país”.

A 20 de Maio de 2003, conseguiu a realidade: o Primeiro Ministro, Durão Barroso, inaugurou as instalações que se encontravam encerradas há largos anos.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Eduardo Coelho e Durão Barroso

Mas o hospital não viria resolver todas as situações e, por isso, continuou a sua faceta de médico -“conheço bem o concelho, as casas das pessoas: há casos dramáticos, por vezes, devidos ao conservadorismo das pessoas.

Para metade das pessoas que vão ao médico, vão com um problema social por trás com a família, com o patrão, com o empregado, com os filhos, e temos que ser médico e, simultaneamente, assistente social”.

“Quando se fecha uma escola, é um pouco de uma aldeia que morre”, afirmava o presidente Eduardo Coelho, há um ano, perante o facto de encerramento de escolas no seu concelho, devido à falta de alunos.

Compreendia a posição governamental, mas não a decisão pela desumanização da decisão, embora “compete às pessoas que lá moram não deixarem a aldeia desaparecer.

No entanto, e até por motivos pedagógicos, a concentração de alunos em escolas aproximadas seja benéfica”.

Por isso, uma batalha que não conseguiu ganhar: a Escola EBJ 1-2 Junqueira/ Arões, pela qual batalhou e deixou, como legado, a sua concretização. ➀➁

Ainda em 2003, recebe oficialmente a abertura do Campeonato Europeu de Juniores em Hóquei em Patins”, cujo título ficou em Portugal.

Por deliberação da câmara as entradas foram “gratuitas como forma de orientação da juventude”.

Em 10 de Fevereiro de 2004, Macieira de Cambra atribuiu a Medalha de Honra, em ouro, a Eduardo Coelho, sendo-lhe concedido o título de “cidadão honorário”.

Na cerimónia de entrega do galardão, o Governador Civil de Aveiro, José Manuel Leão, definiu Eduardo Coelho “como um grande exemplo do homem que serve, que está na política servindo, como em tudo em que esteve, como dirigente ou como médico”.

Quis o destino que esta fosse a única homenagem, em vida, ao cidadão Eduardo Coelho.

Infelizmente, foi a única, a primeira e a última atribuída a um cidadão pela Assembleia de Freguesia de Macieira de Cambra.

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Entrega medalha de ouro ”cidadão honorário”

Nesta mesma cerimónia Eduardo Coelho entrega o Foral de Cambra, uma reprodução fac-simile, ao Presidente da Junta de Freguesia, Carlos Gomes.

➀➁ Foi inaugurada em 5 de Outubro de 2010.

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Entrega do livro “O Foral de Cambra”

Em Junho de 2004, acompanhado do seu Vice-presidente, José Bastos, conduz a imprensa local numa visita das obras realizadas, ou em execução. Sexta Feira, 23 de Julho de 2004, fica gravado na memória dos valecambrenses para sempre.

Faleceu um Homem que, não sendo de Vale de Cambra, ao concelho dedicou grande parte de sua vida.

Por isso, milhares de pessoas desfilaram comovidas perante os seus restos mortais, na câmara ardente instalada nos Paços do Concelho, e milhares de pessoas acompanharam o Dr. Eduardo Coelho quer nas cerimónias religiosas celebradas no Santuário de Santo António quer no cortejo fúnebre que acompanhou o seu corpo até ao cemitério de Macieira de Cambra onde se encontra sepultado em capela familiar.

Na tarde de 23 de Julho de 2004, foi vítima de um enfarte.

Nessa sexta-feira, dia 23 de Julho de 2004, Eduardo Coelho, teria estado durante a tarde, em Arões, onde se procedia a obras de conservação na estrada que liga Cepelos à Felgueira e de alargamento na estrada de ligação da 227 a Arões.

Regressou a Vale de Cambra. Já em sua casa, por volta das 19 horas, depois de um banho, foi vítima de um enfarte cardíaco.

“No dia do funeral, Marques Mendes, deputado e ex-ministro dos Assuntos Parlamentares, definia Eduardo Coelho como “um homem bom, generoso, solidário, profundamente humano, um homem de carácter e de sentimentos, que tinha prazer em fazer o bem, sentia-se feliz em poder ser útil aos outros”.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Cortejo fúnebre
Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Cortejo fúnebre

Além das palavras de Marques Mendes➀➂, o Eng. José Bastos, sucessor na presidência da Câmara Municipal, refere:

“Conheci o Eduardo há 23-24 anos, em 1980-81, quando era presidente do Valecambrense e o convidei para médico do clube.

Ele aceitou deslumbrado e ficou lá estes 22 anos.

Tínhamos uma relação muito pessoal e de muita amizade, mesmo entre famílias (fui colega de escola, dei aulas com a sua primeira mulher) e, com a segunda, a Cristina, tenho uma relação até familiar; os seus filhos têm a mesma idade dos meus, passavam dias em minha casa e os meus em casa dele.

Havia uma grande amizade e uma grande cumplicidade entre os dois, que conseguimos trazer para a política.

O Eduardo era um exímio político, era um homem que se dedicava a esta casa de alma e coração.”

O Dr. Adérito Campos disse que “Mais do que o “currículo” do Dr. Eduardo, aliás resumido face a tantas e tão intensas actividades que desenvolveu ao longo da sua vida, importa reter – e eu retenho sobretudo – a imagem e dimensão humanas da sua figura.

Dotado de uma fina sensibilidade social, atento ao drama e ao sofrimento de tantos dos seus concidadãos, o Dr. Eduardo colocava como o fim último do seu trabalho o bem estar das pessoas e a satisfação das suas necessidades, individuais e colectivas.

O seu dia-a-dia demonstra-o melhor do que bem!

Este sentimento, reconhecido e realçado por todos quantos com ele tiveram o privilégio de trabalhar ou contactar de perto, há-de ser sempre aquele primeiro e último que marcará para sempre a figura e a personalidade que foi, já com muita saudade, o Dr. Eduardo Coelho”.

A Assembleia da República aprovou um voto de pesar onde se lê:

“Por proposta conjunta dos Grupos Parlamentares da maioria, subscrita, entre outros, pelo deputado do CDS/PP Miguel Paiva e pelo ex-Ministro dos Assuntos Parlamentares e actual deputado do PSD, Marques Mendes, a Assembleia da República aprovou na última reunião plenária da 2ª sessão legislativa da IX legislatura, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento do Dr. Eduardo Coelho, que passamos a transcrever:

«Vítima de enfarte faleceu na passada sexta feira o Presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra.

De seu nome, Eduardo Manuel Martins Coelho, sem que nada o fizesse esperar deixou um vazio no nosso convívio.

Médico há vários anos do quadro do Centro de Saúde de Vale de Cambra exerceu a medicina com grande espírito de missão para com o seu próximo, particularmente atento aos mais desfavorecidos.

Ao mesmo tempo prestou a sua colaboração graciosa enquanto profissional de saúde a algumas associações desportivas, nomeadamente na Associação Desportiva Valecambrense, Hóquei Académico de Cambra e Associação Cultural e Recreativa de Vale de Cambra.

Com grande brio e profissionalismo foi dirigente associativo.

Destaca-se o seu desempenho como presidente da Fundação Luís Bernardo de Almeida; no Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa e noutras colectividades desportivas e culturais.

Como presidente da Assembleia Municipal de Vale de Cambra, cargo para que foi eleito durante dois mandatos consecutivos sempre soube gerar consensos no sentido da preservação do interesse público e do objectivo sempre presente de bem servir o Concelho.

Nas eleições autárquicas realizadas em 2001 foi eleito presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra. Durante o seu mandato soube estabelecer prioridades para o desenvolvimento do seu Concelho, apresentou projectos e sempre reclamou os apoios necessários para a sua realização.

Lamentavelmente deixa o mandato a meio.

Homem de convicções fortes mas também homem de consensos, divertido, alegre e principalmente amigo do seu amigo.

Ficamos todos mais pobres com o desaparecimento precoce do Dr. Eduardo Coelho.

O Dr. Eduardo Coelho deixará na nossa memória a recordação de um cidadão, um democrata e alguém que trabalhou exemplarmente pelo seu Concelho até ao último dia.

A Assembleia da República exprime o mais sentido pesar pelo falecimento do presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra, Eduardo Manuel Martins Coelho e apresenta à família enlutada as mais sentidas condolências.

Palácio de S. Bento. 27 de Julho de 2004”

➀➂ Voz do Caima, 31 de Julho de 2005, por Aurélio Gomes.

Na ocasião, o deputado Dr. Miguel Paiva, em nome do seu Grupo Parlamentar, relevou o Homem que era o Dr. Eduardo Coelho, tanto mais quanto, disse, em todas as actividades e funções que exerceu emergia a personalidade e as características da pessoa, do homem, que era.

Recordou que, ao longo de mais de uma década, fizeram percursos paralelos na Assembleia Municipal de Vale de Cambra, em bancadas distintas, com opções e estratégias diferentes e, por força disso, com debates, discussões e divergências frequentes.

Mais afirmou que em todas essas situações sempre o Dr. Eduardo, revelara uma postura de grande dignidade e elevação.

“A nossa amizade cresceu e sedimentou-se”, disse Miguel Paiva.

Finalmente, em nome do Grupo Parlamentar do CDS/PP o referido deputado apresentou sentidas condolências à população de Vale de Cambra, ao PSD e aos demais vereadores na Câmara Municipal.”

À família, viúva, pai, irmãos, cunhados, sobrinhos, e aos filhos, João e Joana, expressamos o nosso pesar e a nossa solidariedade!”, concluiu Miguel Paiva.

por Ângelo Augusto da Silva Pinho

Luiz de Sousa Moreira: O pioneiro da electricidade em Vale de Cambra

(1 Jun 1868 – 16 Mai 1940)

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
“A boa electricidade,
Vinda lá de Macieira,
Fez de Cambra uma cidade
Graças ao Luiz Moreira.”

Verso cantado numa peça de teatro
na Pensão Bastos (anos 30).

Luiz de Souza Moreira é natural da freguesia de Ferreira de Ave, do concelho de Sátão, onde nasceu em 1 de Junho de 1868.

Do primeiro casamento sabe-se que casou no Brasil com Izabel Gomes de Souza, de nacionalidade espanhola e que teve pelo menos uma filha:

Áurea de Almeida Pinho que foi casada com o Comendador António de Almeida Pinho, proprietário da vila Áurea, também conhecida por Quinta das Cerejeiras.

Luiz de Souza Moreira, com 57 anos, radicou-se pelo casamento (2 de Junho) em segundas núpcias, em Macieira de Cambra, no ano de 1925, com Rosalina de Almeida Moreira, nascida a 30 de Maio de 1902 e que faleceu em 14 de Dezembro de 1954.

A D. Rosalina era órfã e sobrinha do Comendador Almeida Pinho, e foram educadas pelo Comendador Luiz Bernardo de Almeida, quando sua mãe, Margarida, faleceu vítima de queimaduras, num acidente doméstico em sua casa na Presa do Monte, na freguesia de Rôge, em 1915.

Rosalina era filha de Manuel Soares Abrantes, desconhecendo-se se seria vivo na altura deste acidente.

Diríamos que sim, embora este não estivesse em condições de as educar e criar, pois eram todas menores.

Rosalina e seus irmãos (Maria, Herminda, Beatriz e Josefina Almeida Pinho; Aníbal, António e Manuel Soares Abrantes), passaram a viver na Quinta Progresso, do Comendador Luiz Bernardo de Almeida.

Deste seu casamento teve dois filhos: António Bernardo de Almeida Moreira e Margarida de Almeida Moreira.

Nasceram, respetivamente, em 14 de Abril de 1926 e a 7 de Novembro de 1927.

Passou a vida a espargir o bem, dando o pão a ganhar a muita gente pobre e infeliz.

Foi um homem que muito contribuiu para o progresso do concelho de Vale de Cambra, como pioneiro que foi da energia eléctrica em Terras de Cambra.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Casamento com D. Rosalina

No tempo das candeias a petróleo e lamparina a azeite, que na época se usavam, procurou instalar um sistema atualizado, higiénico e útil, para remediar, senão eliminar, os velhos costumes.

Para o conseguir, teve de despender muito dinheiro, arcar com inúmeras dificuldades e sofrer incalculáveis dissabores, perante a descrença de um povo que, ignorando o valor da invenção de Edison, classificava a luz eléctrica de obra do demónio.

Porém, arrostando com todas essas e outras dificuldades, soube com muita perspicácia enfrentá-las e resolvê-las.

Principiando, em 1920, com um rudimentar dínamo de corrente contínua, acionado pela máquina a vapor da chamada “Fábrica de Esmalte”, a qual, após um violento incêndio, foi substituída pela fábrica da firma “Almeida & Freitas, Lda.”, montou uma rede de distribuição para fornecimento a uma zona restrita do concelho, somente para iluminação.

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Instalação na “Fábrica Velha” de Santa Cruz

Entretanto mudou-se para a antiga fábrica de papel, Paes & Companhia, Lda., onde funcionou também uma serração, conhecida como “Fábrica Velha”, em Santa Cruz, revelando o seu temperamento e espírito realizador que o impeliam a completar a obra a que se devotou, melhorá-la e ampliá-la.

Em 1925 inicia as obras de construção da Central Hidroeléctrica.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Edifício da hidroeléctrica e terrenos envolventes (1925)

Teve que construir um açude, no rio Caima, em Santa Cruz e um canal até à dita Central, situada mais a sul do Rio Caima, depois da conhecida “Ponte Velha de Padrastos”.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Vista do açude e da Central hidroeléctrica

Para isso constituiu em 1929 uma sociedade por quotas com o Comendador António Almeida Pinho, oficializada em escritura de 1934, a qual ainda hoje adota a denominação de “Central HidroEléctrica do Caima, Lda.”, com sede em Padrastos e que por ele ficou a ser gerida.

Foi nessa qualidade que obteve o Alvará para aproveitamento das águas do Rio Caima, para transformação da energia hidráulica, de forma a não onerar o custo da produção na origem.

A construção da albufeira Açude Moreira, do canal, tubo de descarga e do próprio edifício e seu apetrechamento, obrigaram a investimentos de vulto.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Construção de canal (1926)

Simultaneamente, requereu à Câmara Municipal licença para a distribuição de corrente em baixa tensão, pedido que lhe foi concedido mediante a assinatura recíproca do respetivo caderno de encargos então apresentado.

Iniciado assim o fornecimento através das novas instalações, logo desapareceram os lampiões da Vila de Macieira de Cambra, alimentados a carbureto, para darem lugar às lâmpadas elétricas instaladas em candeeiros.

Mas com o crescente alargamento da rede, verificou-se que o caudal do rio nas quadras estivais não garantia a produção em condições normais, originando constantes interrupções.

Foi um problema imprevisto que ele solucionou ao seu melhor modo, com a aquisição de um motor Diesel, de 70 H.P. e alimentado a gasóleo.

Notas Biográficas de Personalidades Cambrenses
Instalação do equipamento gerador de eletricidade

Após o seu falecimento tomaram conta da gestão da empresa, sua Esposa Rosalina de Almeida Moreira e seus filhos António Bernardo de Almeida e Margarida de Almeida Moreira, que ao longo dos anos continuaram a obra do seu antecessor eletrificando todas as freguesias do concelho com energia elétrica, para uso doméstico e também para força motriz na indústria e na rega, dado que nessa altura a agricultura proliferava no nosso concelho.

Com este crescimento repentino houve necessidade de recorrer à U.E.P. – União Eléctrica Portuguesa, que passou a fornecer energia à CHECL, que posteriormente a transformava de Média Tensão em Baixa Tensão, havendo mesmo casos na indústria, em que a alimentação era feita em Média Tensão.

Após 1974, com a nacionalização das empresas, a CHECL, deixou de distribuir energia eléctrica e o seu património (PT’s e linhas de MT e BT), passaram para a empresa EDP, então criada. Hoje, sob orientação e gestão da terceira geração Luís Manuel Moreira de Almeida, Maria Rosalina A. C. Moreira Frutuoso e Melo e António Alegria Coutinho Moreira a CHECL ainda produz energia para a EDP, com as mesmas máquinas, Turbinas e Alternadores, no entanto há cerca de 19 anos estas máquinas foram totalmente revistas e todo o seu funcionamento e controlo foi automatizado, estando neste momento a trabalhar autonomamente.

É considerada como uma das mais antigas instalações de produção de energia elétrica do país ainda em funcionamento.

Faleceu em 16 de Maio de 1940.

Referências

• Arquivo Municipal de Vale de Cambra.
• Arquivo Distrital de Aveiro.
• Arquivo Distrital de Viseu.
• Boletim da Direcção-Geral da Indústria (1938), ano II, nº 60, de 2 de Novembro de 1938, p. 814 
• Conservatória do Registo Civil de Vale de Cambra.
• Ferreira,  António  Martins  (1942).  “Vale  de  Cambra:  as  suas  belezas  naturais  e  o  seu  engrandecimento”. Edição do Autor.
• Ferreira, António Martins (1968). “Vale de Cambra e o Santuário de Nossa Senhora da Saúde”.  Edição do Autor.
• Jornal “Primeiro de Janeiro”, suplemento de 13 de Novembro de 2004.
• Jornal “A Voz de Cambra” 
   • n.º 687 de 1 de Março de 2000 
   • 25 de Dezembro de 2004 
   • 25 de Julho de 2005 
   • 10 de Julho de 2005 
   • 25 de Setembro 2005 
• Jornal “Notícias e Cambra” 
   • n.º 128 de 29 de Fevereiro de 2000 
   • 31 de Julho de 2004 
   • 15 de Novembro de 2004 
• Jornal “O Povo de Cambra”, nº. 125, 26 de Setembro de 1915.
• Jornal “O Povo de Cambra”, nº. 128, 17 de Outubro de 1915.
• Jornal “O Povo de Cambra”, 14 de Abril de 1918.
• Jornal de Negócios [em linha] 
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=261113 (já inexistente) 
• Cruz, Maria da Graça Pinho (2000). “Vale de Cambra, meio século de imagens. Vol. III –  Macieira de Cambra – 
• Fotografias da Família Sousa”.