25 – Manuel da Bouça contempla o vale

Localização: Rua Ferreira de Castro – lugar de Salgueiros
Local de implantação: Passeio. No início do mesmo e à esquerda. Sentido Vale de Cambra – Oliveira de Azeméis.
Coordenadas GPS: 40°50’3.78″N 8°25’31.27″W
Distância total: 10.30 Km (pedestre). / 8.92 Km (automóvel).
Próxima Estação: 100 m.

Manuel da Bouça contempla o vale

Ao chegar à estrada nacional, onde aguardaria pelo autocarro que o levaria até Oliveira de Azeméis rumo ao Brasil, Manuel da Bouça viu que a «Rita [da Fonte] já havia poisado junto do poste telegráfico o saco [de retalhos] e o baú.

— Cunhado: quer espevitar o juízo?
— Não, agora não; guarde lá isso… Que horas são?
— Não sei, mas a camioneta deve estar por aí a rebentar…

Manuel da Bouça demorou-se na contemplação do vale. À esquerda, a Frágua, mal divisada entre os pinheiros; depois, os campos, verdes uns, amarelecidos outros, abrindo-se suavemente nas duas margens do Caima; ao fundo, agachada aos pés da Felgueira, a casaria do Mosteiro e, à direita, em Santo António, o telhado vermelho da escola e a torre da igreja nova.

E tudo lhe parecia, agora, de um encanto indefinido, de uma beleza jamais sentida, tudo se traduzia na sua alma por uma forte amargura, que subia, como nevoeiro, a sufocá-lo. […] “E a Amélia, como estaria?” […]
Levou a mão aos olhos e limpou as lágrimas, as primeiras — apressadamente para que o cunhado e a Rita não as surpreendessem. “A Amélia e a Deolinda ainda chorariam?”»[1]

1 – Primeiras Recordações
[1] Ferreira de Castro, Emigrantes, Guimarães Editores, 25ª edição, Lisboa, 1996, p. 65.