Não sou poeta nem nada nem noite de luar nem sopro de
vento nem pirilampo errante nem grão de espiga
Serei louco
O louco não tem número está fora da cidade dos homens
Não sou luz da serra nem sombra nem luz nem sombra da
noite no alvor da madrugada não sou coisa nem nada
Talvez louco
O louco não tem número o limite da soma é o vazio
Não sou murmúrio de rio nem cigarro viciado nem ponta de
cio nem lua patética crescendo e fugindo do tempo que passa
não sou quebra-luz nem gavinha entrelaçada num abraço de
frio
Sete raios de sol queimaram o sonho sete chuvas de esperma
o fecundaram
Já não sou resina nem merda nem urina nem sangue nem
seiva
Morreram Afrodites e leões de pelo fulvo quando se
inventou a alma…e eu não sou mais do que rescaldo
Já não sou poeta nem nada
Sou mesmo louco