Das pinturas de Adão Cruz se poderá dizer com propriedade o que dos desenhos de Federico García Lorca disse um dia Miró: que eles parecem obra de um poeta, sendo esse, nas palavras do pintor, catalão, o melhor elogio que pode fazer-se a toda a expressão plástica.
No caso de Adão Cruz (como, de resto, no de García Lorca), o dito encerra o seu quê de redundante, uma vez que, além de pintor, ele é também autor de alguns livros de poemas, em prosa e verso.
É pôr na boca de um “deus caído” o grito de revolta contra os “sonhos desfeitos” e sacrificar no “altar da utopia” as últimas reses dum carnaval de sombras e de luzes.
A história que invariavelmente as telas de Adão Cruz contam é esta: a da caminhada do homem em direcção à “utopia do real absoluto”. (…)