Este romance “‘Stando Dona Clarinda” encontra-se em Almeida Garrett no Romanceiro Vol. II, pág. 7.
Em Afonso Lopes Vieira (Branca Flor e Frei Malandro – dois pequenos poemas de amor, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1947 in 8.º, pág. 92) a página cinquenta e seis refere-se à passagem da amostra da metade do anel:
E a minha rica menina Será como a bela infanta Naquele bendito dia Em que lhe o esposo chegou; Do anel de sete pedras Que eu convosco reparti Amostrai vossa metade Que a minha vêde-la aqui...
Encontra-se o romance que segue em o Douro Litoral V, 1942 – Cancioneiro de Monte Córdova, a págs. 24, 25 e 26, com música e com o título A Bela Infanta.
Aparece também nas Tradições Populares de Sto Tirso (A. C. Pires de Lima, Revista Lusitana, vol. XVIII, pág. 56).
‘Stando dona Clarinda
No seu jardim assentada,
Um pente d’ouro na mão
Tão bem se penteava.
Botou os olhos ó mar
Biu a nova barca qu’andava;
– Digasenhor Capitão,
Se marido que Deus me deu,
Se na sua barca andava;
– Nem o vi, nem o conheço,
Nem sei que trajo levava;
– Levava cabalo branco,
Com sua silha amarela;
Na ponta da sua espada,
Uma bandeira de guerra.
– Pelos sinais que me dais
Esse home lá ficou,
Cum vinte e cinco facadas
Que no seu corpo levou.
– Coitada de mim senhor,
Coitada de mim, coitada,
Que até’gora fui senhora
E agora serie criada.
– Quanto deras vós, senhora,
A quem lhe trouxesse aqui?
– Três filhas que eu tenho,
Todos três eu dera a si,
Uma para o lavar,
Outra para o remendar,
A mais formosa delas todas
Para consigo casar.
– Num quero as suas filhas
Que não me convém a mim;
Quanto dera vós senhora
A quem lho trouxesse aqui?
– De três moinhos qu’eu tenho
Um de moer ouro,
Outro prata e outro marfim.
– Não quero os seus moinhos
Que não me convém a mim.
Quanto dera vós senhora
A quem lhos trouxesse aqui?
– Não tenho mais que vos dar,
Nem vós mais que me pedir;
– Peço-vos uma hora de cesta
Para convosco dormir!
– Cavalheiro que m’assim fala
Dévea ser arrastado,
À volta do meu jardim
E ó rabo do cavalo;
– Lembra-te Clarinda,
O anel que t’eu parti,
Qué da tua metade?
A minha, vê-la aqui.
De Almerinda Rosa, a “Tamanqueira”
Abril de 1947