Associação Cívica Alberto Bastos
Nasceu esta associação com um programa cultural e desportivo que se iniciará em Janeiro de 2023, com o lançamento de um livro da sua autoria, a 7 de janeiro, e que terminará um ano depois.
Para o Presidente da Câmara Municipal, que recordou com saudade o seu “amigo Alberto Bastos”, o programa reveste-se de um interesse fulcral para a dinamização cultural e desportiva do concelho, indo sobretudo, ao encontro de algumas realizações já levadas a cabo pelo Município e que, no ano de 2023, serão dedicadas ou de homenagem ao professor Alberto Bastos.
Fonte
Obras
Bailam flores é um conjunto de poemas que retratam uma determinada época de Vale de Cambra, as gentes e o meio envolvente – enfim, imagens de emoções e de vivências que moldaram o escritor desde a infância até à adolescência.
Quanto às flores, Alberto Bastos diz que “somos todos nós, as gentes, nós vegetativos nascidos na amálgama deste Vale”.
Também a temática da guerra colonial é abordada, uma vez que o poeta viveu intensamente essa experiência.
Há imagens do ódio, dos temores, do medo, da violência, do isolamento – em suma, da insensatez da guerra.
Mas “Bailam Flores” é também um livro cujos poemas vaticinam novos horizontes “mais científicos e mais cultos, esperançados na mudança de mentalidades e atitudes – uma verdadeira abertura ao novo milénio – e que tornem os cambrenses, e os portugueses de um modo geral, mais responsáveis, menos egoístas e mais felizes”.
Sobre Alberto Bastos
Do Jornal A Voz de Cambra
Tinha 72 anos, mais de 50 dedicados à escrita e ao teatro, onde representou mais de 200 papéis diferentes. Alberto Bastos faleceu no primeiro dia do ano de 2022.
Alberto Bastos contava mais de meio século de carreira, com um percurso marcado por várias actuações no teatro, mas também era reconhecido pela sua veia humorística fora dos palcos.
De carreira multifacetada, o artista destacou-se com diversos papéis no teatro, como actor e encenador, mas também na escrita, tendo publicado diversos trabalhos em jornais, boletins e revistas.
Alberto Tavares de Bastos nasceu em S. Pedro de Castelões e escrevia desde a adolescência.
Publicou os livros de poemas “Bailam Flores”, em 1999; “Um Grito na Noite dos Tempos”, em 2000; e “Alguém, em 2008.
Publicou a sua primeira obra de teatro “Palco da Vida”, em 2006 e a “A Máscara”, em 2015.
Alberto Bastos pisou o palco pela primeira vez aos 12 anos, em 1960, no salão da fábrica “Almeida & Freitas”.
“Foi o meu baptismo artístico e lembro-me de rir muito e tremer”, recordou Alberto Bastos, ao Voz de Cambra, em 2020.
De 1975 a 1978, fez parte do elenco cénico do Grupo Recreativo e Cultural de Cavião e, a partir de 1993, integrou o Grupo Cénico da Associação de Promoção e Desenvolvimento de Castelões (APDC), onde foi actor e habitual encenador.
Participou em vários eventos do concelho, como “Rusga à Sra. da Saúde”; “…da Lusitânia ao Foral”; “Queima do Galhofeiro”; Carnaval de Vale de Cambra, mas também em iniciativas em concelhos limítrofes, como por exemplo: Viagem Medieval em Terra de Santa Maria e a Feira Medieval de S. João da Madeira.
Entre muitas representações, em 2016, encenou a peça “Volfrâmio – Suor o deu, miséria o levou”, um trabalho de longa pesquisa, onde entrevistou alguns idosos que sobreviveram ao drama de outrora.
No final de 2017, Alberto Bastos resolveu terminar a sua carreira de palco, dando lugar às novas gerações, mas já tinha planos para quando terminasse a pandemia Covid-19.
“Não abandonei a arte e tenho no prelo uma nova peça em três actos, cuja publicação terá lugar quando a presente situação pandémica do país se desvanecer. Esta obra, ficará disponível para quaisquer grupos cénicos que queiram levá-la à cena”, explicou.
O “professor Alberto Bastos”, como era habitualmente chamado, aproveitou para agradecer a todos quantos o reconheceram nesta vida artística.
“Bem hajam, todos aqueles que me acompanharam ao longo deste longo percurso e ao público maravilhoso que nunca me regatearam aplauso e crítica. Obrigado”, concluiu.
No primeiro dia do ano de 2022, Vale de Cambra lamenta e despede-se do artista que marcou o teatro no concelho.
in Infopédia
Poeta português, Alberto Tavares Bastos nasceu em 1948, na freguesia de Castelões, em Vale de Cambra.
Começando por tirar o bacharelato em Educação Física pelo ISEF (Instituo Superior de Educação Física), fez, mais tarde, um curso de Publicidade e Marketing, tornando-se responsável pela área de publicidade e marketing numa metalúrgica de Vale de Cambra.
Reparte a sua atividade profissional com as coisas lúdicas, como a escrita e o teatro.
O gosto pela escrita atingiu-o desde muito novo, tendo começado por publicar alguns dos seus poemas em jornais, boletins e revistas.
Homem ligado à comunidade, é muitas vezes solicitado para animar encontros de poesia, juntamente com outros poetas populares da terra.
O “bichinho” do teatro tem-no ele também agarrado, escrevendo pequenos textos dramáticos (não editados) que são representados, sob a sua orientação, como encenador e autor, por “gente” que consegue cativar.
Assim, é conhecida a sua participação nos “antigos Carnavais de Castelões”, no Externato Cambrense, no Colégio dos Carvalhos, na Queima das Fitas, no Teatro de Gavião, na A.C.R. (Associação Cultural e Recreativa) e na A.P.D.C. (Associação Para o Desenvolvimento de Castelões).
Atualmente, dirige um grupo de teatro associativo ligado à A.P.D.C.
Tendo o grau de bacharel, na área de Educação Física, é adepto do atletismo e usa a corrida como forma de manter a saúde do corpo e da alma.
Em 1999, publicou, em edição da Câmara Municipal de Vale de Cambra, o livro de poemas Bailam Flores, ilustrado por Honório Rodrigues e Joana Rodrigues.
Coletânea de toda a sua poesia desde os anos 60, nela encontramos uma temática variada que constrói, contudo, uma unidade, através de um leit-motiv comum – a liberdade.
A ditadura, a guerra colonial, o 25 de abril, o amor contra as desigualdades sociais e as injustiças, o amor ao Vale são, de facto, temas recorrentes que projetam as emoções e os conflitos interiores de um sujeito poético profundamente relacionado com os elementos determinantes da condução humana.
Conhecido e reconhecido no meio cultural da região, Alberto Bastos é um dos poetas antologiados no volume de poesia intitulado Poesia da Nossa Terra e editado pela Junta de Freguesia de S. Pedro de Castelões.
Em 2000, em edição do autor, patrocinada, edita o segundo livro de poesia – Um Grito na Noite dos Tempos.
Com ilustrações de José Santos, este livro é dedicado “Às vítimas da guerra e a todos os que suportaram a dor e os traumas em defesa do seu ideal de verdade, humanismo e liberdade“.
Reflexo do “sentir” vivenciado do “eu”, num espaço que não é o da passividade, mas antes o da revolta, o título, Um Grito na Noite dos Tempos, comporta em si mesmo a totalidade da mensagem.