Aldeias
por Junta de Freguesia de Rôge
Histórias e imagens das aldeias de Rôge
Topónimo composto. Paço deriva do latim patatiu-, com o significado de palácio. Mato, tem um sentido evidente: nome comum “mato”, derivado impróprio de “mata”, que pode ter origem latina.
Sobre a origem do topónimo existem várias histórias, contadas pelos moradores do lugar.
Uma delas, diz que o topónimo têm origem nos maus acessos ao lugar, que obrigava os moradores para lá chegar a “andar passo a passo pelo mato”, outra versão diz ser o nome oriundo da existência no lugar de um paço, habitado por princesa, que sendo expulsa do reino foi obrigada a viver desterrada no mato, donde Paço do Mato.
No Dicionário Topónimo surge como derivada do latim funetiõne-, substantivo feminino que significa função “cumprimento ou execução: fim ou morte, e também a execução de taxa“.
Para Almeida Fernandes, no entanto, tal sentido não pode estar correcto.
Segundo refere uma “função” não poderia criar e manter um topónimo. O autor inclina-se para uma interpretação e escrita erónea, Funsão por “função”, e em Funsão vê Fonsão, genitivo em -ani do nome pessoal de origem germânica *Funsus (do gótico funs “valente”): ou seja, *Funsani sc “villa” de *Funsus (com a declinação medieval -us / -ani).
É possível, mesmo, que antes da forma actual se tivesse *Fonxão, interpretado (tardiamente e mais por via erudita) Função.
Nome também de monte e de um lugar no concelho de Arouca.
Deriva talvez do nome comum “fuste” do latim fuste, com o significado de “acha, vara de lenha, pau“.
A. de Almeida Fernandes e Filomeno Silva colocam o problema de o nome do lugar ou povoação se dever ao monte ou o deste se dever ao do local, afirmando dada a quantidade de documentos sobre o Monte de Fuste que “a insignificância do povoado é tal, com a frequência e predominância da designação orográfica, que tudo nos leva a admitir que a designação pertenceu inicialmente á montanha, que é dominante e vasta”.
O facto de haver dois lugares de Fuste em vertentes opostas do “monte Fuste” (ou “de Fuste”), isto é, em Moldes (Arouca) e Rôge (Cambra), além de únicos em Portugal, confirma-nos o que atrás referimos.
Daí, também, o problema da própria etimologia. A forma antiga é já a actual, Fuste– de acordo com a estrutura fonética, muito simples, do vocábulo: mas admitir o lat. Fuste (como faz o autor do DO-2, p. 680, visto que o diz “do subst. masc. Fuste”, o que podia ser um erro cronológico, pelo menos, e só o não é por motivo estrutural fonológico) é que não parece aceitável, pois nenhuma das significações da palavra se adequa à função, ou, melhor, à motivação toponímica – nem sequer na forma do monte, que, como ficou dito, é uma vasta e estirada montanha.
Se admitíssemos a origem latina (o lat. fustis acaso já a tivesse pré-romana, *fust), talvez que o nome se devesse à frondosidade da vegetação (arbórea) na época da designação.
E note-se que, sendo a outra montanha do lado oposto do vale designada Serra Seca, o contraste de sentido parece perfeitamente compreensível com a etimologia que, sob reserva propomos.
Não julgamos que a arqueologia tenha que ver na designação Fuste (que é única, com duas manifestações na região da montanha – raridade de acordo com a fraqueza vocabular de tal étimo).
O nome “fuste” significaria, pois, bosque, floresta, de árvores de grossos troncos (“fustes”), num sentido e uso muito regionais, pelo menos: um n. comum cedo perdido, explicando a sua raridade toponímica e nulidade vocabular documentada.”
De origem germânica, deriva de Sandilanis, genitivo do antropónimo Sandila, do gótico Sanths, “verdadeiro” + o sufixo ila.
Referido por Piel e Kramer (Sandiães – Aveiro) é também citado por Förstemann (Sandiães – Macieira de Cambra).
O nome deriva pois, do genitivo “Sandilanis“, dum nome Sand–ila, sufixo frequente e característico em nomes.
Por sua vez, os nomes formados a partir de Sand-, são muito comuns na Idade Média, existindo uma série de nomes formados com o elemento sand-, para uns derivado do já mencionado Sanths, “verdadeiro”, havendo autores que preferem explicar os nomes formados por este tema, através da raiz que está no gótico Sandjan “enviar”, com o sentido de “mensageiro”.
De qualquer modo, o facto de ter deixado numerosos reflexos na toponímia, mostra que o nome Sando deve ter sido bastante popular na época medieval.
A origem deste topónimo, ao que tudo indica, parece ser a do genitivo Rugi, derivado do antropónimo Rugus, podendo também provir do genitivo Rogi, do antropónimo Rogo, do germânico hrogo, que significa “repouso“.
Sendo de origem germânica poderá indicar o princípio histórico desta localidade na época pré-nacional, onde existiria já um povoamento notável, ligado nas raízes à época castreja e pré-romana.
Ainda sobre a origem do nome Rôge, no “Onomástico” encontra-se um patronímico Rugemirizi (1085), que contém o tema Rug-, o qual parece provir do nome do povo dos Rúgius; existe também Rugido, que pode representar um nome Rug–ildus.
Förstemann cita, na coluna 1283, Rugo, Rugila, Rugin, Rugolf, nomes que contém o tema Rug-.
Também Rúgido se deve referir a um nome de pessoa usado na Idade Média, nome que deve ser tirado do povo Rúgido, que tal como os Visigodos, estes o povo que mais nomes deixou na nossa toponímia, eram germânicos ocidentais, precisamente da mesma zona.
Aparece ainda o nome Ruge–mirús, citado na p. 296 de Kaufmann e, Rugeminizi (A. H. Zeseiro Rugemirizi-1085.), citado nos “Diplomata e Charthe“, diploma 648, p.387, bem como no “Onomástico“.
Deste modo tudo parece indicar que Rôge será um patronímico de origem germânica, que contém o tema Rug-, proveniente dos Rúgios, nome de um povo.
Designada desde pelo menos o século XII como S. Salvador de Rôge, documenta-se para Rôge as seguintes formas evolutivas:
• “ipsum locum Sancti Salvatoris inter Dorio et Vacua, propor Kamina” , ano de 994 (DC, p.104, n.169).
• “cenobia Sancti Saluatoris de Rrogi”, ano de 1121 ( DMP IV, p.163, n.185).
• “Sanctus Salvator de Regi” (sic.), (rol. I, Mil 45).
• “Sam Salvador de Rôge”, D. Dinis ( AH de P II.125).
• “São Salvador de Rôge”, Séc. XIII (Livro I. 196).
• “Ecclesiam Sancti Saluatoris de Rogi”, 1320 ( Rol. A, cfr HI II. 670).
• “Ecclesia de Rôge” 1371 ( BAV, Collect.112-66) e “Ecclesia de Rôge” (BAV, Collect. 179-102).
• “freguesia de Rôge” 1542 ( Cens. Mitra 404,405).
• “igreja de Roxe” 1547 ( Livro das Igrejas 47).
São muito numerosos os casos toponímicos derivados do nome comum arcaico “villa“, no sentido que tinha a palavra, isto é, “sentido territorial demo-agrário“.
Qualquer tracto cultivado com algum povoamento era considerado uma “villa” com seu arredor, geralmente delimitado ou com termo próprio, manifestando uma cerrada ocupação e determinação do espaço.
Assim, este topónimo, usando a palavra “villa” no sentido territorial agrário-populacional, têm significado evidente, ou seja, a existência de uma vila nova, em oposição a uma anterior.
Como forma, já se documenta entre nós desde 960 (Dipl.p.51), bem como em 1030 8id. P. 164).
Topónimo que aparece com alguma frequência, merece, no entanto, como topónimo hangionímico, um lugar à parte, atendendo ao seu carácter especial de devoção, o mesmo acontecendo com o hagiotopónimo S. Salvador.
Topónimo que surge com alguma frequência no nosso país, o seu uso, entre nós, já se documenta pelo menos em 1097 (D.M.P. I p.6).
Como topónimo deste local, surge mencionada já num documento de 1188.
Topónimo composto, é evidente o significado de “casal” como unidade agrária.
Arão, era um nome pessoal, de origem germânica (Cortesão, no Onomástico, sita Aroniz-1014; Aron-907 e um Agro de Arom-1258).
Assim, o topónimo parece significar uma propriedade e o seu proprietário, ou seja a existência de um indivíduo que deixou o nome no seu casal.