Sempre te amei utopia pequeno sol deste universo sonhado
insondável magia
Como te amo ainda fímbria de meus restos teofânica nuvem
deste cabalístico mundo
Os mesmos dedos o mesmo perfil o mesmo cabelo o mesmo
cigarro o mesmo voo de abutre sobre a minha cabeça tonta
o mesmo voo de milhafre de corvo de cisne de gaivota de
pomba inocente
Abetarda que sou presa à terra sem asas de pássaro
Na planura dos mil campos e das mil fontes corro atrás do
dia e da noite como louco animal de pelo macio sem medo
dos espinhos de acanto
Como te amo nos escombros dos meus dias
A miragem do teu rasto combina o ar e a luz que fazem
respirar a memória
Ninguém viveu e amou como eu peregrino de mim mesmo
só em ti me detenho
Por te amar só a ti eu não via eras o céu e o mar eras a noite
e o dia