O menino corria
corria atrás do sol no correr de cada dia
e no doce brilho dos olhos toda a alma se lhe via.
O menino corria
corria atrás da lua que se erguia entre estrelas e magia
e no brilho dos olhos toda a alma luzia.
O menino corria
corria atrás do vento que fugia para lá do tempo
e nos olhos do menino o vento se perdia.
O menino corria
corria atrás da chuva
e quanto mais água caía
mais o brilho dos olhos se acendia.
O menino dormia
dormia no reino dos sonhos e da fantasia
e nos olhitos dormidos o brilho se escondia.
O menino acordava
acordava no alvor de cada dia
e a vida renascia no abrir dos olhos onde a alma luzia.
Até que um dia…
Uma nuvem negra
muito negra
tombou do céu e se fez gigante
de longas barbas e olhar perfurante
com um relâmpago em cada mão.
Roubava o brilho dos olhos
e nas entranhas do trovão se desfazia.
O menino tremia
tremia sem saber o que acontecia.
O menino chorava
chorava sem saber a razão.
O menino fugia
fugia
mas algo lhe dizia que de nada valia.
Chamou as pombas rouxinóis e cotovias
sardões caracóis e libelinhas
enlaçou-se de gavinhas
abraçou as árvores beijou a terra
e tudo o que nele vivia.
Mas ninguém lhe respondia
Todos o olhavam com tristeza e melancolia.
Perdera o menino o brilho dos olhos
e neles a inocência morria.