O plácido abrir da madrugada vai espalhando pelo chão da
alma adormecida todos os gestos sensuais do cair da folha
Os olhos presos no tecto escuro pousam por momentos na
frouxa luz que entra pela frincha da janela
Sonâmbulo ainda, o corpo estremece, e os dedos cruzados na
tábua do peito começam a bulir, tirando do sono os fios do
pensamento
A fantasia esfrega os olhos de entontecida, e do tecto começa
a descer o fio-de-prumo de uma consciência desconjuntada
pelos sonhos da noite
Nasce da mente um fino nevoeiro de ilusão tentando
encobrir a desilusão da realidade de mais um dia. Mais um
dia… menos um dia, a caminho do meu poema azul