por Irene Tavares Dias
Só conhecendo a terra,
podemos falar sobre ela
e a sua configuração.
Para aguçar o sentido,
a estória que vou contar
é “onde o morto matou o vivo.
Fica na freguesia de Arões,
mesmo bem lá na ponta,
entre serras e escarpas,
das aldeias de Agualva e da Lomba.
Os séculos foram passando
e ali pouco mudou.
No inusitado da estória,
muita gente acreditou.
Ao contemplar aqueles montes
de declives acentuados,
por veredas e atalhos,
para chegar à Lomba, era o cabo dos trabalhos.
Reza a lenda que, um dia,
um senhor da Agualva foi finado
e por ordem e dever,
na Lomba foi sepultado.
Dizem que era homem robusto
e de peso avultado.
E nesse tempo, à época,
por mãos de homens era levado.
Seguiam ladeira abaixo,
escorregam os homens da frente,
o morto persegue os vivos,
para espanto de toda a gente.
E no final da tragédia,
gera-se grande confusão.
O vivo estava morto,
mas debaixo do caixão.
E chegou aos nossos dias,
tida como um local de perigo.
Esta é a terra
“Onde o morto matou o vivo”.
Do livro Origens, Poemas e Lendas