Trilhos nos concelhos de Arouca e Vale de Cambra

O blog Bazar Daqui traz-nos uma deliciosa mão cheia de sugestões para deixar o sofá e partir à descoberta.

Este é o nosso bazar, a montra do “nosso” Portugal.

A ideia é partilhar as nossas experiências nessa busca pelo ideal do “carpe diem” ao invés de ficar em casa a carpir.

Bazar Daqui, 30.11.17

Como não chove e está bom para passeios vamos mostrar-vos alguns dos passeios/trilhos que fizemos no último ano aqui bem pertinho de casa.

Estamos a falar de um tal “vale mágico” que fica a pouco mais de uma hora do Porto e que “vale” bem a pena. Venham daí.

Ainda em 2016, mas mesmo, mesmo a fechar o ano (30/12) fomos descobrir a Aldeia Mágica de Drave.

Drave e o seu percurso são apresentados no panfleto da Câmara Municipal de Arouca como a verdadeira «aldeia mágica», e a única forma de chegar até lá é, precisamente, através deste percurso.

Aparentemente perdida na montanha, sem habitantes, atravessada pela ribeira de Palhais, tudo aqui se aproxima do estado puro e intocável.

O percurso começa em Regoufe, cujas histórias vai querer desvendar.

É um percurso linear de 4km (num total de 8km porque não há mesmo outra hipótese senão voltar para trás), que se inicia junto da capela da aldeia de Regoufe.

O primeiro quilómetro é mesmo o mais difícil (mas só porque sobe um bocadinho e tem muito cascalho grande e solto) mas depois é “a walk in a park”.

Já a chegar à aldeia também pode assustar um bocadinho a quem sofra de vertigens mas não é nada perigoso.

A última parte do percurso é em xisto e em xisto são também as casas e as ruas da aldeia.

É incrível como é que alguém se lembrou de ir para ali fazer vida, no meio do nada.

Não sei porque lhe chamam mágica, mas sei que é linda.

Fizemos o percurso num dia de sol de inverno e o nosso conselho é que façam o percurso de forma a que, nos 4km de regresso, o sol se esteja a pôr.

É mágico. Ah, espera lá…

A abrir 2017 – e para festejar o meu aniversário – juntei uns amigos bons e fomos passar o fim‑de‑semana à aldeia de Trebilhadouro, em Vale de Cambra.

Ficámos a dormir na Casa dos Avós e se, à noite, houve vinho, bingo e lareira, sábado à tarde e domingo de manhã saímos para o monte sem medo do frio.

No sábado estreámos o ano de caminhadas no PR3 – Na Vereda do Pastor.

O percurso tem 9 km e começa e acaba na Aldeia do Côvo, em Arões, a mais alta do concelho de Vale de Cambra.

E isto para dizer que estava sol mas muito, muito, frio.

Gostámos todos do trilho mas como a terminar há uma subida muito grande, as meninas do grupo acabaram em esforço e a praguejar:

QUEM É QUE SE LEMBROU DISTO, CARAÇAS?!!

Mas passou-nos logo quando chegámos ao carro e às sandes.

No domingo de manhã, e eu já com 35 anos, fomos fazer o PR4 que tem o nome da aldeia e começa em Trebilhadouro, mesmo à porta da “nossa” casa naquele fim‑de‑semana.

O percurso tem 10 km e, no dia do meu aniversário, foi a “piece of cake”.

Pontos de interesse: logo na parte inicial, as gravuras de Trebilhadouro e, já a meio, a Barragem Eng. Duarte Pacheco sobre o rio Caima.

No site da Câmara Municipal de Vale de Cambra diz-se assim:

A aldeia de Trebilhadouro, detentora do título de “Aldeia de Portugal”, esteve desabitada durante décadas, tendo sido recuperada para turismo rural.

Está perfeitamente integrada na paisagem envolvente e mantém a traça da casa rural portuguesa em pedra granítica, material que se estende aos caminhos.

Diz a tradição que o nome deriva de um tesouro, formado por “três bilhas de ouro”.

A cerca de 1km da aldeia, num afloramento granítico ao lado de um pequeno riacho, localizam-se as gravuras de Trebilhadouro.

Os motivos gravados incluem espirais, covinhas, linhas e armas (provavelmente um machado de pedra).

Foi um fim-de-semana bem bonito é o que vos digo.

Em treinos e testes para o Caminho de Santiago 2017, e já na Primavera (mas com o tempo ainda frio), fizemos o PR1 – Caminhos de Montemuro (para os lados de Alvarenga, Arouca) e o PR15 – Viagem Pré Histórica na zona da Mizarela, Vale de Cambra.

Os percursos são circulares e têm ambos passagens exigentes ao nível da “forcinha” das pernas e da “caixa”, mas não são difíceis.

Com cerca de 19 km o primeiro, começa logo com uma subida que vai desde o Santuário da Senhora do Monte até ao ponto mais alto do concelho de Arouca, a 1240m, já em plena Serra de Montemuro.

O segundo, de 17 km (mas que aldrabámos e encurtámos para 14km), é mais plano e tem só uma pequena subida íngreme entre Castanheira e Cabaços.

Ainda assim, éramos três meninas e dois meninos e todos conseguimos acabar o trilho sem grandes dificuldades.

E se nós conseguimos vocês também conseguem.

São bons testes para quem se está a preparar para grandes caminhadas e boas sugestões para quem gosta de trilhos para suar a sério.

Para repor energias, sugerimos o bife à Alvarenga no Décio, em Alvarenga, claro está.

Mas é melhor ligar para reservar porque, à conta dos Passadiços de Arouca, há muita procura nos restaurantes da zona.

Os trilhos PR14 – Aldeia Mágica de Drave, o PR15 – Viagem à Pré História e o PR1 – Caminhos de Montemuro ficam no concelho de Arouca e os trilhos PR3 – Na Vereda do Pastor e PR4 Trebilhadouro ficam em Vale de Cambra.

Todos os trilhos são nas encostas ou têm a Serra da Freita como pano de fundo.

E esta natureza toda fica só uma hora e pouco do Porto. Ide. Vinde.