No coração da manhã


Abro a janela de par em par para entrar o rio e o cio do
amanhecer
O sol desnuda as telas e as cores que fizeram a noite
mergulham no frio das águas fundas do rio
Pelos tectos de penumbra das vidas que vivem na sombra
às escondidas da madrugada voam pedaços de nevoeiro e
gaivotas bailando
Sobem no ar gemidos e dores vapores desejos e cores das
gargantas secas da noite acabada
Retomo os pincéis e a tortura das tintas sem cor e a dor de
não conceber a textura onde pintei o amor
Nada mais quero além do sol e do rio e a fecunda sensação
de não ter frio