Manuel de Almeida – o autor

Manuel de Almeida – o autor
Manuel de Almeida

Nota de apresentação

Decorreram seis décadas e meia desde o dia em que viemos ao mundo em pequena aldeia, Viadal, próxima da nascente do rio Caima, nas faldas da Serra da Freita.

Por esses tempos, a maioria da população do lugar e circunvizinhos vivia quase exclusivamente da agricultura de subsistência; sendo grande a entreajuda nas lides agrícolas, aquando das sementeiras do milho e na altura das colheitas.

Apesar da sua iliteracia, os moradores cultivavam, nos convívios, a tradição oral, sobretudo em dias de invernia ou nevão, em que, sentados à lareira, reviviam as façanhas doutros tempos, lembravam os familiares já falecidos e aqueles que se encontravam distantes, lá para o Barreiro  ou no Brasil.

Sempre presentes estavam os contos e as lendas, com destaque para os sítios encantados, com “haveres”, cheios de barras de ouro, jóias e muito dinheiro. Tudo aquilo nos fascinava e fazia sonhar.

Passados alguns anos, também nós, antes de irmos a sortes, partimos em busca de mais bem estar e conhecimento. Não obstante, regressávamos sempre que tal nos era possível, para visitar os nossos familiares, vizinhos e amigos. Íamos – vamos – sempre acompanhados pela nossa máquina fotográfica e caderno de apontamentos.

Fruto deste trabalho, redigimos, em 1986, uma “Monografia da Aldeia de Viadal” que foi parcialmente publicada no jornal paroquial da freguesia de Cepelos: – Ecos do Povo.

Em simultâneo, querendo validar as lendas, nomeadamente a que referia o “aparecimento de Nossa Senhora da Ouvida“, encetamos uma busca histórica em vários arquivos nacionais.

Destes, destacamos a Hemeroteca Municipal de Lisboa, Torre do Tombo e Biblioteca Nacional de Portugal, de que somos o leitor nº 5539. Demoraram décadas as nossas pesquisas, mas, felizmente, surtiram efeito.

É provável que tenhamos encontrado a certidão de nascimento do lugar, lá para o ano de 1365 d.c., em que o(s) morador(es) era(m) foreiro(s) do Mosteiro de Grijó. Já o Santuário será mais recente, lá para o ano de 1689.

Aquando destas investigações (1), fomo-nos apercebendo que havia pouca documentação coeva publicada sobre o concelho de Vale de Cambra – antes Macieira de Cambra – em geral e sobre a freguesia de Cepelos em particular. Cientes da sua importância, temo-la vindo a dar a conhecer, desde 1991, aos leitores do quinzenário A Voz de Cambra.

Contudo, aquilo que temos em arquivo, nomeadamente fotografias, extravasam as fronteiras de Cambra, pois ao deambularmos por aí, a nossa máquina fotográfica foi registando factos e acontecimentos, nomeadamente em:

  • CADAVAL, com ênfase para as aldeias de Pragança e Ventosa;  a que estamos ligados pelo parentesco, na freguesia de Lamas.
  • BELAS, Queluz e Massamá.
  • LUTEMBO, no leste de Angola, onde, de 1973 a 1975, prestamos serviço militar; entre muitas outras localidades e situações.

É isto que nos propomos dar a conhecer –  se para isso tivermos engenho, tempo e arte – neste BLOG, que acabo de baptizar com o nome de Riba-Caima, em homenagem às pessoas ainda residentes nas pequenas povoações da Serra da Freita.

Se o nosso modesto, mas empenhado, trabalho vier a ter alguma utilidade para quem nos ler, sobretudo nas escolas e jovens investigadores, damo-nos por muito satisfeitos.

Queluz,  Janeiro de 2016.

Manuel de Almeida, Sociólogo

ANOTAÇÃO

(1) – Nas nossas observações de campo, tivemos sempre presentes as leituras que fomos fazendo, ao longo dos anos,  de obras dos grandes mestres em Ciências Sociais, sobretudo de:
–  Bernardo Bernardi, Claude Lévy-Strauss, Charles Darwin, Émile Durkheim, Mircea Éliade; Adolfo Coelho, Aquilino Ribeiro, Ernesto Veiga de Oliveira, Ferreira de Castro, Jorge Dias, J. Leite Vasconcelos, Manuel Villaverde Cabral – nosso professor ilustre – , Teófilo Braga, Rocha Peixoto;  entre outros.

Na historiografia, fomos fiéis aos seus autores, referindo-os, como nos compete, na respectiva bibliografia. Muito reconhecidos pelo que com eles/as aprendemos, mencionamos, entre muitos:

. Distrito de Aveiro:
A. de Almeida Fernandes, A. Nogueira Gonçalves, A. G. Rocha Madahil, Alberto Souto, Armando de Castro, Domingos Pinho Brandão, Fortunato de Almeida, Gerardo Perry, Inês Amorim, João Domingues Arêde, José Mattoso e outros, Luís Carlos Amaral, Isilda Maria S. Braga da Costa, Maria Helena Cruz Coelho, Padre João Gonçalves Gaspar e  Padre Miguel Oliveira.

. Vale de Cambra:
– Adelino Almeida, Adolfo Coutinho, António Martins Ferreira, A. Ayres Martins, José A. Carrilho Ralo, Maria Clara Vide e Maria da Graça Pinho Cruz.