Localização: Rua Ferreira de Castro – lugar de Salgueiros
Local de implantação: Passeio. No muro que antecede a casa onde viveu o moleiro (também à esquerda).
Coordenadas GPS: 40°50’6.76″N 8°25’33.46″W
Distância total: 10.41 Km (pedestre). / 9.00 Km (automóvel).
Próxima Estação: 90 m.
Casa do Tio Zé Moleiro
«[O] Tio Zé Moleiro […] somente ao morrer de cada sábado abandonava o moinho, sem casaco, apenas de camisa, colete e calças, coberto por um chapéu largo de abas ensebadas e todo embranquecido de farinha; e, com um burro pela arreata, carregado de sacos de milho já moído, por atalhos atravessava metade da freguesia, para surgir à noitinha, já meio difuso e semi-fantasmal no lusco-fusco, à beira da estrada, onde tinha a sua casa e a família.
No domingo, como os outros camponeses, para ir à missa, lavava a cara, os sovacos, e os pés num alguidar, ele que passava a vida sobre a água que lhe movia a azenha e à beira dum rio que era o seu único horizonte.
Vestia roupa limpa, ajoelhava na igreja, de tarde conversava pachorrentamente sentado no degrau da sua porta; e quando a noite nova se acercava, volvia ao moinho, sempre com o seu burro atrás.»[1]
[1] Ferreira de Castro, “A Aldeia Nativa”, Os Fragmentos, Guimarães & Cª Editores, 2ª Edição, Lisboa, [1974], pp. 49-50.