O seu fundador, ANTÓNIO DE ALMEIDA “Pranta”, passados anos, ficou seu filho Delmiro Henriques d’Almeida.
Administrando com elevados conhecimentos adquiridos ao nível da poderosa Industria de Latas e Madeiras que foi o ALMEIDA & FREITAS Lda. que nessa época era conceituada a nível Nacional como uma das mais completas e de enorme eficácia do País.
Ordenava o seu movimento,com primoroso serviço e elementos com elevados conhecimentos no ramo,como o eram: A dona Luciana e o Senhor João Gomes.
Tendo no ano de mil novecentos e quarenta e cinco o Senhor Leonel Henriques de Almeida,na companhia de mais dois sócios, Alberto Henriques (Padaria) e Benjamim Freitas.
Seguiram hábitos e costumes, pois continuaram a usar os fundos da casa do senhor “Almeida Pranta”, para a recolha e armazenamento dos vinhos vindos de vários pontos do Concelho, assim como o famoso branco de Conlela, (hoje essa adega é os CTT).
Estes vinhos vindos dessas terras de Conlela, Bispeira, Quintas e Casal Velide: Eram na maioria dos casos transportados pelas furgonetas dos senhores: Saúl Lima, Carlos da Irene e Agostinho Leite Martins de Lordelo.
Para quem antes de mim, se serviu deste maravilhoso espaço e serviço especializado em todo o seu sector, incluindo a “maceira bilhar” às três tabelas, as mesas em palha e os tampos em vidro redondo, que nos proporcionava umas bebidas em garrafa de litro e com rolha de tarracha de cor verde ou castanha, daquele celebre e saudoso vinho de “conlela”, que também algumas vezes nos levava a saboreá-lo na cave depois de termos descido a escadinha feita em “caracol”.
Resumindo se hoje: conseguirem com a ajuda de seus óculos ou ouvir através desta leitura pelos vossos filhos ou netos, ou bisnetos,ficam deveras surpreendidos a recordar este passado de tantos anos que neste estabelecimento que sempre nos ofereceu belíssimas condições de trato de simpatia de suas filhas e filho Orlando,que acompanharam sempre com variadíssimos empregados qualificados que ainda hoje são memoráveis.
E hoje, ao falar deste que foi meu e vosso café, nos momentos mais belos de nossa mocidade.
Cumpre-me focar alguns aspectos mais vividos, após o fecho do meu talho e que o fiz muitas vezes, deixava ao Orlando, pai ou empregado Álvaro, uma porção de bifes, costeletas, rins ou fígado de vitela, dessas épocas que nos delirava com o seu sabor e o esmerado arranjo, por qualquer um destes artistas, que já sabiam que era sempre às sextas-feiras após o fecho do café.
E em muitas dessas vezes, apareciam alguns amigos que se faziam convidados, no reservado ou na esplanada, que por vezes se prolongava noite dentro com o decorrer do ambiente ali criado.
De todos os empregados do café Avenida, que eu, tive o prazer de conviver: Tenho que salientar este saudoso e sempre amigo, “Álvaro do café”, que era para nós assim o seu trato, elemento de elevada simpatia, dedicação, amigo do seu amigo, honestidade, trabalhador, competência invejável e em momentos de confusão, sempre nos dedicava aquele seu sorriso simpático, brincalhão mesmo com este gatinho que alimentava como muito observador e equilibrista, pois ele adorava imenso este gatinho, que no seu todo era mesmo muito especial, a sua personalidade ligada ao serviço esmerado e com toque de profundas credenciais que a entidade patronal lhe confiava ao longo de muitas décadas.
“Lembrá-lo hoje é o trazer à nossa memória o passado, testemunhando os momentos bons e maus, mas no fundo é saudável transmitir principalmente a todos aqueles que não tiveram a ocasião e o prazer de o conhecer,assim como ao melhor café que Cambra tinha nesses tempos.
O seu movimento era mesmo forte em tudo que o cliente tivesse vontade de saborear e mesmo em sessões de negócios e após o almoço as mesas se tornavam poucas, para fazer face aos enormes jogos de dominó, que após o tomar do seu cafezinho acompanhado do seu cheirinho de bagaço caseiro, se reunião várias mesas com os seus elementos já escolhidos ao seu belo prazer e de jogadas já por eles delineadas, que quando não corriam ao seu modo e a assistência comentava as jogadas malfeitas os elementos que estavam a jogar discutiam largamente que levava muitas das vezes a pedir calma aos praticantes para que não partissem as mesas que eram de vidro.
Descrever estas verdades, acontecimentos do passado é para mim salutar: mas nunca com a intenção de ferir quem quer que seja, mas sim o desejo de homenagear os que partiram e os que estão connosco, familiares que sabem que tudo que eles fizeram na terra foi somente para o bem deles e de seus familiares.
Arlindo Gomes