No dia vinte e cinco de Maio,
Um sucesso aconteceu;
Um filho matou uma mãe
Que o retirava de andar na má vida.
Namorava uma donzela
Que se chamava Emília.
– Venho aqui Emilía,
Com tenções de te deixar,
Que minha mãe não quer
Ver-me contigo casar.
– Eu te peço, Antoninho,
C’a tua mãe vás matar;
Pega lá esse punhal
No coração o vai espetar.
– Levante-se, ó mulher,
Diga o acto de contrição
Que eu agora vou travar
Mulher, o seu coração.
– Tu que dizes, ó meu filho,
A uma mãe que te criou,
Que até aos nove meses
Tantos trabalhos passou?
– Num se m’importa o que passou
Nem o que tem pra passar,
Levante-se, ó mulher,
Seu coração vou travar.
E matou-a.
De Albertina Rosa, a “Tamanqueira”, Abril de 1947