As bruxas de Antigamente

As bruxas de Antigamente
Foto de Ângela Morais

por Irene Tavares Dias

Eram feias e antipáticas,
isso eu tenho em mente.
Vendiam a alma ao diabo,
as bruxas de antigamente.

Quebranto ou mau-olhado,
invejas ou pasmaceiras,
era o remédio procurado
nas bruxas ou rezadeiras.

Já na minha juventude
eu tinha curiosidade
em saber em que consiste
uma tal hostilidade.

Os ventríloquos ou moradas,
cartomantes e tarólogos,
iemanjás e pai de santo,
videntes e astrólogos.

Estava arreigado no povo
um sentimento profundo,
que nas moradas falavam
as almas do outro mundo.

Afastarem os espíritos
chamados as guardas-más.
Faziam um juramento
para que descansasse em paz.

Faz aquilo que te peço,
pra que Deus me dê perdão!
Senão te perseguirei
até à quinta geração.

O teu filho está doente,
mas agora vai sarar.
A amiga do teu “home”
também o vai deixar. A
vaca que não dá o leite
logo já o vai apoijar.

E tantas pragas rogaste
à tua vizinha do lado,
e não foi ela que te pôs
o quebranto ou mau-olhado.

Eram as minhas guardas,
que perseguiram tal gente,
mas tu não acreditavas.
Eu sei que não és crente.

Foi grande a minha pena
e rogo-te clemência.
Se não fizeres o que te peço,
eu dobro a penitência.

Sete missas à semana
que tu pagas ao prior
e dás dois litros de azeite
pra alumiar ao Senhor.

Vai embora descansada
e não olhes para trás,
porque a partir de agora
tu já vais viver em paz.

Faço tudo que tu pedes,
agora vai descansado.
Deus te dê a salvação
que eu vou-te quebrar o fado.

Do livro Origens, Poemas e Lendas