Luís Bernardo de Almeida – Vida | Obra

Luís Bernardo de Almeida – Vida | Obra
Vida e Obra do Comendador Luís Bernardo de Almeida 

VIDA

Natural do lugar de Paredes, da freguesia de Macieira de Cambra, nasceu em 15 de Novembro de 1859.

Era filho de Bernardo Luiz de Almeida e de Josefa da Conceição.

Neto paterno de José Luiz de Almeida e de Teresa de Pinho, estes também naturais do lugar de Paredes, freguesia de Macieira de Cambra, e materno de João Correia e de Maria da Conceição, do lugar de Soutelo, freguesia de chave, concelho de Arouca.

Foram seus padrinhos de Baptismo Luiz António de Almeida do lugar do Borralhal e Josefa Joaquina esposa de António Luiz do lugar de Vilarinho, desta freguesia de Macieira de Cambra.

Faleceu a 4 de Junho de 1947, com oitenta e sete anos.

Foi casado com Ana Horvath de Almeida, em primeiras núpcias e posteriormente, após o falecimento daquela, casou com D. Marinha Silva dos Santos, que na altura do seu óbito tinha 55 anos de idade.

Era natural da freguesia de Figueira, concelho de Lamego. Não deixou filhos.

A sua obra foi tão vasta e tão abrangente, estendendo-se aos mais diversos domínios da vida quotidiana das pessoas, que se corre o risco de se esquecer iniciativas fundamentais, próprias, que impulsionaram o desenvolvimento desta terra.

No entanto, para que se registe e perpetue, baseado em publicações da época, nomeadamente o JORNAL DE CAMBRA de Novembro de 1931, que dedicou, exclusivamente, uma publicação aos Comendadores Luiz Bernardo de Almeida e António de Almeida Pinho, seu primo, e num artigo mais recente, no ano de 1975, publicado no número 20 da Revista “AVEIRO E O SEU DISTRITO”, assinado por Augusto Carlos Aguiar, aqui ficam algumas notas sobre a vida e obra de Luiz Bernardo de Almeida:

Abalou de tenra idade para além Atlântico na companhia de sua mãe, D. Josefa, e de seu primo António Almeida Pinho, fixando-se em terras de Vera Cruz.

Em colaboração com seu primo António Almeida Pinho, montaram uma indústria de serralharia e de fundição, sendo bem sucedida a ponto de ambos receberem do governo Brasileiro, com mérito, a ordem da Comenda, galardão somente concedido a pessoas que incrementam o desenvolvimento daquele país.

Para desenvolvimento da sua indústria efectuou várias digressões por alguns continentes, conhecendo e talvez se apaixonando, na Áustria, por Dona Ana Horvath de Almeida, com quem casou em primeiras núpcias.

Demonstrando não ser egoísta, associou na firma que fundou na Rua dos Arcos – Rio de Janeiro, seus sobrinhos Aníbal Soares Abrantes e Delfim de Almeida Pinho, sendo estes, posteriormente, os proprietários e gerentes daquele estabelecimento fabril que funciona com a designação de Fábrica Progresso.”

Também estes últimos, naturais de Macieira de Cambra. Sempre deram provas de carinho pela sua terra, pois nunca regatearam franco auxílio a todas as iniciativas de melhoramento locais.

A eles se devem a construção do jardim desta vila, que hoje ostentamos em pleno coração, com orgulho e como sala de visitas.

Depois de Luiz Bernardo estar longos anos no Rio de Janeiro, regressou à sua terra natal dando inicio à sua fantástica obra de benemerência”

OBRA

1 – Mandou construir a escola de Macieira de Cambra, que no ano de 1913 ofereceu ao Estado. Este edifício com amplas instalações, tinha residência para um professor, cantina, recintos para recreio, balneário era dotado de água corrente. Era considerado um dos melhores do país, naquela época.

2 – Mandou ampliar o cemitério de Macieira de Cambra, sendo esse melhoramento efectuado numa altura em que o mesmo já não tinha espaço para albergar os mortos e a Junta de Freguesia não podia arcar com a despesa de necessária ampliação

3 – Mandou construir a estrada que liga a vila de Macieira de Cambra ao lugar da Pena – Algeriz, tornando mais fácil o acesso ao conselho de Arouca e Castelo de Paiva.

4 – Mandou construir um troço de estrada que vai da ponte da Gandra a S. João da Madeira.

5 – Mandou construir uma rua na sede do concelho, actualmente Avenida Infante D. Henrique.

6 – Dotou a escola primária de Vale de Cambra, com carteiras escolares.

7 – Financiou, por empréstimo à junta Autónoma das Estradas, sem juros, a abertura e empedramento de 25 quilómetros de estrada, entre Cepelos e o Rio Teixeira, que nos ligou ao distrito de Viseu.

8 – Subsidiou a Banda de Música de Macieira de Cambra, desde 1919 cujo auxílio contribuiu para que muitas centenas de pessoas cultivassem esta arte e, em colaboração com outros “Macicambrenses” foi instalado, em edifício seu, construído para o efeito, o Centro Recreativo, Musical e Literário Luiz Bernardo de Almeida.

9 – Fundou, quando todo a concelho estava privada de meios de comunicação, a Empresa de Transportes Progresso (transportes colectivos) proporcionando o desenvolvimento da terra sob o aspecto industrial, comercial e turístico.

10 – Mandou construir, em colaboração com o seu primo, António Almeida Pinho, o edifício que hoje se encontra em ruínas a “ex – Casa de Saúde Almeida Pinho, construída na época com o objectivo de instalar um hospital. Funcionou como seminário e posteriormente como casa de saúde de apoio aos tuberculosos.

Forneceu, durante largos anos e gratuitamente, medicamentos aos pobres mais necessitados da freguesia, poupando-os a doenças graves que não teriam possibilidade de enfrentar por falta de recursos.

11 – Durante alguns anos estabeleceu mensalidades, em dinheiro, para muitos pobres da freguesia, minorando a esta classe de desprotegidos da sorte situações angustiosas.

12 – Mandou construir dezenas de edifícios, habitacionais, por todo o concelho, de que resultou o embelezamento da terra, contribuindo para minorar o desemprego de muitos trabalhadores quando a crise de trabalho se colocava com certa acuidade. E com isso lucrou também o comércio que vendia materiais de construção ferramentas e drogas.

13 – Fez o primitivo abastecimento de água à sede do concelho (não ao domicílio) mas através de um fontenário que mandou instalar na “Feira do gado”, mais tarde conhecida por “Feira da fruta” e hoje conhecida pelo jardim da “feira dos ovos”

14 – De igual moda, mandou construir um fontenário em Macieira de Cambra, o qual, embora actualmente não sirva para satisfazer as necessidades do povo, por falta de água, não deixou de atender durante largos anos às mais imperiosas necessidades dos seus habitantes.

15 – Procurou em tempos, com a criação de uma escola nocturna para menores e adultos, no lugar de Macieira-a-velha, atenuar o elevado grau de analfabetismo que entre nós existia.

16 – Gratuitamente fornecia material didáctico e batas aos alunos da escola que mandou construir. E, para melhor analisar a que ponto chegavam os seus dotes de benemerência, mandou tirar, pela admiração que lhe mereciam as belezas da sua terra, alguns milhares de postais ilustrados que distribuiu gratuitamente pelos estabelecimentos para serem vendidos a um centavo, revertendo o produto a favor dos indigentes.

Para completar a sua gigantesca obra, legou por disposição testamentária a sua fortuna de milhares de contos para a fundação “Asilo Luiz Bernardo de Almeida”, actualmente Fundação Luiz Bernardo de Almeida, vocacionada a apoiar as pessoas “inválidas e desvalidas de ambos os sexos”, conforme consta do seu testamento.