O labirinto


O labirinto tem de ter uma porta uma saída um caminho que
não encontro
Sei que sou buraco de mim mesmo mas não é por aí que eu
quero sair
Meu sonho é ser um pássaro voar na proporção do amor sem
medo nas penas…
Meu pesadelo é ser um homem à medida do vento
arrastando a vida
Há pessoas que têm dentro de si uma eterna paisagem uma
manhã de luz uma tarde de azul
Ainda que as nuvens se eternizem entre elas e os passos
brilham as estrelas
Eu sou apenas caminho andado sou fim de tempo resto de
palavras e gestos perdidos na eternidade de um dilema
Já não giram os turvos olhos mortos nem os lábios
descarnados suspiram
Já o coração não treme e a alma desliza pela neve fria
Foi-se embora o cheiro a alfazema
Entre o silêncio das árvores e o rugido do mar há-de haver
um verso para acabar o poema