Vale de Cambra – A Suíça Portuguesa

Há quem atribua a Ferreira de Castro a expressão, que se tornou famosa: “Vale de Cambra, a Suíça Portuguesa“.

Onde a escreveu? Quem lha ouviu dizer? Nunca houve respostas para estas perguntas.

Numa feliz coincidência, ao ler o livro “Vale de Cambra – As suas belezas naturais e o seu engrandecimento“, [1942], de António Martins Ferreira, desvenda-se o mistério ao chegar à página 151 que, a seguir, se reproduz, em imagem e texto.

Joaquim Leitão assinou um artigo, publicado no Diário Nacional, em 19 de Outubro de 1916, que não deixa margem para dúvidas.

Reprodução da imagem do artigo

…. O panorama do alto das Baralhas – A SUISSA PORTUGUESA …..
Mas é somente quando chegados ao Alto das Baralhas que a magnificência se expande e se revela.

Uma pradaria verdejante repousa nos braços amoráveis de colinas; córregos de água cantam endeixas de Rodrigo Lôbo – é o Vale de Cambra. A chã, fértil e verde, acompanha o rio Vigues, desde os cómoros da Farrapa, racha a Gandra e o Muradal, secciona a Portela e a Vila-Chã, e vai morrer nos dentes da Serra de Castelões.

Não é fácil apontar por esse país além, vale mais luminoso e mais feliz. ….. O Vale de Cambra não é apenas uma écloga, onde o rústico vive ignorante e pobre, para os senhores da cidade o desenharem nos seus álbuns e o rimarem nos seus cantares.

Vão para lá, e verão como recebem lições de português. E se tiverem pernas para subir à serra, os serranos….. lhes ensinarão lógica, nas suas respostas bem defendidas, escudadas por uma innata e mestrada prudência …, e o cenário alpino do Vale de Cambra, tornam êste pedaço da pátria portuguêsa uma felicíssima reprodução da Suissa.

JOAQUIM LEITÃO
Diário Nacional, 19 de Outubro de 1916