Já antes da minha inscrição de matricula neste Estabelecimento de ensino, transportava de vários lados, mas muito mais do meu habitar em Areias, Vitelas, Carneiros e Cabritos, com os meus irmãos mais velhos, até este local para o seu abate.
Então após o meu exame da 4ª classe, meu pai indicou-me este caminho, semanal e em dia de matança, para junto com os meus irmãos, concluir os estudos na Universidade, dos quais ele, eram o principal catedrático. CAMBRA, consumia legalmente nos talhos, mais vitelas, muito poucos CARNEIROS e menos Cabritos, mas como a procura destas deliciosas carnes, de vitela e cuja na sua maioria eram compradas e abatidas pelos Talhantes, do Concelho, que nesta época eram dezasseis e que mais para tarde apareceram mais alguns principiantes neste ramo, nos diversos lugares de: Vila-Chã, Fuste, Rôge, Vilarinho, Lombela, Mártir, Macinhata, Dairas, Granja, Relva e Campo de Arca.
E todo aquele talhante, que não sabia amanhar o seu gado, “entregava-o à Tia Quitas de Ramilos e sua nora Carminda”, que por apenas o fato (intestino), mais vinte e cinco tostões em cada cabeça, o seu serviço era perfeito e pronto a entrar nos cestos da vindima, ou dentro de sacas para a Camioneta da CP, até Arões. Junqueira e Cepelos.
Todas as vitelas eram de tamanho muito reduzido e com o máximo de dois meses de idade e sempre alimentadas pelo leite materno de suas mães, na sua maioria eram de raça Arouquesa e as restantes turinas e cruzadas estas eram mais corpulentas e se abatia apenas com quinze dias de nascença mas chegavam facilmente aos trinta e quarenta quilos de carcaça.
Quanto às Arouquesas na sua média não atingiam os trinta quilos, mas existiam muitas na Freguesia de Junqueira , mas não em todos os lugares, que os seus donos mais vaidosos e as pastagens a ajudarem escolhia melhor gado e produziam vitelas com mais de dois meses e com carcaças superior aos quarenta quilos, mas estes lavradores não gostavam de as vender a olho vivo, preferiam virem ao Matadouro e ao peso da balança Romana, assim como dos seus fiscais que sempre estavam atentos a verificarem a sua pesagem, que depois do desconto do seu enxugo, era pago na hora ao seu dono.
O restante gado para abate no dia seguinte, eram recolhidas no curral ao lado do Matadouro, mas como o abate lentamente foi crescendo o volume também se fez sentir e foram muitas as vezes, que chegamos para o abate e as vitelas andavam todas à solta, pelos matos (actual Adega e Escola Tecnológica), então todos os talhantes e fornecedores de gado, munidos de paus e as pancas que nos eram uteis para pendurar as carcaças, lá íamos ao seu encontro e por vezes sem resultado desejado, porque algumas apareciam mais tarde outras não voltaram mais aos seus donos, outras foram apanhadas desta forma e por vezes com umas pancadas na cabeça, mas quando lhe fazíamos estas pegas de caras ou no rabo, tínhamos de imediato a ajuda de outro colega.
Décadas passadas, vitelas como estas que hoje foco são minoria por todo o nosso Concelho, e nos Matadouros atuais, só é permitido o abate com o peso ou superior aos sessenta quilos de carcaça.
E assim sendo estas carcaças na sua maioria não são alimentadas com o leite materno das suas mães, é muito usado o leite em pó acompanhado de farinhas diversas e composições Farmacêuticas para as tornarem mais corpulentas e vistosas.
Mas a aquela qualidade do passado, no seu sabor, tenra, que assada no forno a lenha, ou servidas umas costeletas fritas ou panadas, era sem qualquer sombra de dúvida uma autêntica delicia, que a procuravam de toda a parte inclusive a nossa CAPITAL.
Que era o ponto que mais consumia pediam telefonicamente ou por escrito, muitas quantidades que lhes eram enviadas, pelos carros de Transportes “ BASTOS & SILVA, ou pelas camionetas da Firma Martins & Rebelo e ficava no seus Escritórios e os clientes depois a procuravam.
Hoje atrevo-me a dizer: que as vitelas que se abatem legalmente nos Matadouros, já são “ NAMORADEIRAS “ e muitas até já tinham sido mães.
E foi uma UNIVERSIDADE, muito prolongada neste Edifício assim como no Talhos que os abandonei no ano de 2006.
Arlindo Gomes