30 – Biblioteca de Ossela

Localização: Rua Ferreira de Castro (em frente ao n.º 1645, do outro lado da rua) – lugar de Salgueiros
Local de implantação: Frente à biblioteca, no alto do largo, no início do muro de terra da Quinta Ferreira de Castro.
Coordenadas GPS: 40°50’13.90″N 8°25’43.63″W
Distância total: 10.75 Km (pedestre). / 9.37 Km (automóvel).
Próxima Estação: 344 m.

Biblioteca de Ossela

A cerimónia de inauguração da Biblioteca de Ossela decorreu entre as «17h00 e as 18h00» [1] de domingo, 30 de Setembro de 1973, «sem artifícios ou protocolo, conforme sempre desejou, limitou-se o acto à entrega da chave da biblioteca a uma criança de Ossela que, por sua vez, abriu a porta do belo edifício. […]

Na sala-museu da biblioteca, Ferreira de Castro dirigiu-se ao povo da sua terra […] “e como desejo que o povo da minha terra seja cada vez mais culto, embora hoje já esteja muito evoluído, aqui vos deixo esta biblioteca. A partir de hoje tudo isto… é vosso!”» [2]

«Quando, na minha adolescência, eu tinha uma grande sede de cultura e nenhuns recursos materiais para adquirir livros, a Biblioteca Pública de Belém do Pará foi-me imensamente útil.

Mais tarde, pensando que outros poderiam vir a encontrar-se nas mesmas dificuldades em que eu me encontrava então, tornei-me tanto quanto possível um fomentador de bibliotecas.

Assim, quando em 1970 e 1971, me concederam em França dois prémios literários, decidi imediatamente, decidi romanticamente pois não sou rico, edificar uma biblioteca em Ossela, ao seu povo destinada.
Está pronta. Pronta a funcionar entre pâmpanos da minha aldeia natal, nestes dias já a acobrearem-se numa suave melancolia, em todo o caso mais ditosos do que eu, pois se o Outono deles começa agora, o meu está no seu fim.

Pretendia doar essa biblioteca e todo o seu recheio ao Município de Oliveira de Azeméis, representado pela sua Câmara, para que esta e as que lhe sucederem a conservassem e a mantivessem ao serviço dos habitantes de Ossela e também de outras localidades a quem ela pudesse eventualmente ser útil, se, para o efeito, os interessados ali fossem.

Contudo, não devem ser retirados da biblioteca, para fora da freguesia de Ossela, nenhum dos livros, quadros e outros objectos que nela se encontram e estão indicados no catálogo e no inventário que vos envio com esta carta […].

Presentemente a biblioteca possui como se vê nesses documentos, cerca de seis mil volumes.
[…]
Outras condições ou sugestões haveria, porventura, a fazer. Mas parecem-me inteiramente inúteis, pois estou convencido que a Câmara de Oliveira de Azeméis, a actual e as vindoiras, e todos os meus conterrâneos do concelho oliveirense tratarão da Biblioteca com o mesmo amor com que eu a fundei e da humilde casita natal com o mesmo carinho que a vêm tratando até hoje, carinho que tantas vezes me tem comovido.» [3]

(Excerto da carta sobre a doação da sua livraria pessoal e da biblioteca que mandou construir para a albergar).

30 – Biblioteca de Ossela
[1] Correio de Azeméis, Ano L, nº 2479, Oliveira de Azeméis, 06/10/1973, p. 1
[2] A Voz de Azeméis, Ano IV, nº 87, Oliveira de Azeméis, 06/10/1973, p. 3. 
[3] Ferreira de Castro, carta de Lisboa, em 29 de Setembro de 1973, apud Pedro Calheiros, Centenário do Nascimento de Ferreira de Castro, Câmara Municipal de Aveiro, 1998, pp. 23-24.