Fábrica dos pirolitos

Conta-nos Adolfo Coutinho, no Volume III – Maio 2006, no seu livro Castelonenses Ilustres:

À falta de documentação em posse da família descendente, servimo-nos de alguns depoimentos de familiares e amigos de Jacinto de Bastos para reconstruir e historiar o que foi a sua actividade empresarial como fabricante e distribuidor de refrigerantes.

Fábrica dos pirolitos

De entre estas bebidas, refiram-se a laranjada Cambrina e os saudosos pirolitos.

O pirolito era um refrigerante não alcoólico, gasoso, doce e com ligeiro sabor a limão.

Fábrica dos pirolitos

Consumido por adolescentes e adultos como substituto do vinho, a garrafa era sobremaneira cobiçada pelos mais jovens, devido à curiosa bola de vidro existente no seu gargalo, a servir de rolha.

Dessa bola de vidro, ou “berlinde”, resta ainda a imagem colectiva das crianças que, nos anos 40 e 50, mediam a palmo o pátio da escola ou o terreiro da praça pública na disputa dos berlindes surripiados das garrafas de pirolitos.

O fabrico e enchimento dos pirolitos fazia-se no Pinheiro Manso, no rés-do-chão da casa de António Bastos, irmão do Jacinto, com recurso à mão-de-obra familiar.

A matéria-prima, misturada segundo uma fórmula mantida confidencial, era constituída por água, açúcar cristal, essência de limão e ácido cítrico.

O enchimento era feito utilizando uma máquina rudimentar.

Fábrica dos pirolitos

A distribuição ficava também a cargo de Jacinto Bastos, numa visita regular que fazia a estabelecimentos comerciais de Vale de Cambra e concelhos vizinhos, para entrega de grades contendo 24 garrafas, cada.

Fábrica dos pirolitos

Alguns vendedores ambulantes adquiriam também os pirolitos para os venderem na Senhora da Saúde e noutras romarias das redondezas.

Os preços variaram ao longo do tempo. Grosso modo, poderemos situá-los entre os 5 e 8 tostões (anos 40), subindo para 10 tostões (primeira metade da década de 50).