Na palma da mão


Na palma da mão tenho sonhos de liberdade e silêncio para
enfrentar a morte

A música treme na palma da mão como incerteza de
paisagem e futuro

Quem dera adivinhar a cor desta canção cinzenta que se
dissolve no ar que respiro

Neste verão diferente do outro eu quero vestir a primavera
sem medo dos tiranos e da moral burguesa

Quero escolher as palavras do poema que fazem chorar os
olhos azuis e abrir o sonho à luz do meio-dia

Quero renascer dos versos que dentro de mim acendem as
estrelas e clamam por outros seres e outros mundos

Quero seguir quem me chama para outros mares onde o sol
sempre nasce e ilumina

Creio que a terra ainda é minha e de espirais de estrelas o
meu regresso

O sol arde nas nuvens e o mar verde leva-me para habitar
contigo onde quer que estejas

Não sei aprender a morrer fora das linhas desta mão incerta
onde as flores de verão deixaram raízes no inverno e hão-de
desabrochar na manhã de sol em que partirei