Sapateiros do passado

Sapateiros do passado

Foram muitos os que tivemos e de elevada classe com todo o seu serviço artesanal, assim como alguns dos mais conceituados, já nesses tempos apresentavam máquinas para coser tudo o produto que para tal, se tinham comprometido fazer como botas, sapatos, botins e planas, que era na realidade o seu principal fabrico e em quantidades e por medida.

Depois do pé do cliente pousar, com ou sem meia, no papel de mata-borrão, que se estendia no chão ou em cima da mesa ou cadeira, e com o lápis circulava todo o pé para encontrar a forma desejada, assim como o feitio e cor da pele desejada pelo cliente.

Nas botas de atanado, que eram as que mais se faziam, porque se usavam diariamente nas Empresas, nos matos, nos campos, atendendo à sua robustez e segurança que lhe era conferida por estes esmerados Sapateiros, que as manuseavam com mãos fortes e hábeis, depois de espetarem a sovela no calfe ou couro, assim como naquela dura sola de pneu de avião.

Depois de ter recebido aquele linha de vários fios, bem torcida e ensebada, muitas vezes, com a cera, depois de ter passado pelas pernas do artista com o movimento de suas mãos.

SAPATEIROS: que sempre e durante longos anos, foi este o seu ofício, assim como uma arte e que exigia o seu ensinamento, aquém tinha saído da Escola Primária e gostasse ou não era a vontade de seus pais, q  eu em muitos dos casos, ainda tinham que pagar a estes professores- patrões uma importância mensal ou uns cabazes de batatas, milho, vinho e por vezes uns nacos de carne, uns frangos e coelhos, da sua quinta ou quintal, para fazer face ao pagamento pelo ensinamento de seus filhos.

E neste passado, tivemos vários sapateiros em CAMBRA, de Elite, que sempre prismaram e ensinaram tantos mais que dignificaram com o seu saber todas estas Oficinas de Sapataria que tivemos.

Lembro: O senhor Gualdemiro, Virgílio Moreira Dias, Abel Neves, Patarreco, Silvério Regueifeiro, Os Baldas, Piedades, Manuel Urbano, Mélinha, Pucareiros, Fortuna, Janeiro, Petista, Cruz, Cagão e tantos mais que são merecedores desta lembrança-homenagem.

A todos eles e a outros que podem ter esquecido e se espalhavam pelo Concelho e de lugar em lugar, muito contribuíram para calçar a população. 

Aos sapateiros do passado que prestigiaram,
E calçaram Cambra maravilhosamente e outrora;
Com todo o tipo desejado e feito por medida,
Com segurança e muito tempo para o fazer,
Quando o actual calçado se faz apenas numa HORA 

Arlindo Gomes