A beleza de uma comparação

A beleza de uma comparação
Gerado por IA para “comparar”

por Eva Cruz

Gosto de escrever. Não tenho, porém, grande apetência por longas dissertações ou teses, embora já as tenha feito, nem procuro escrever sobre temas ditos filosóficos, problemas existenciais ou mesmo de amor ou desamor, apesar de amar muito e ter sido muito amada e ainda hoje me sentir rodeada de amor.

Costumo dizer, no entanto, que faço mais depressa um poema a um pardal do que um poema de amor.

Gosto de escrever sobre coisas simples, pequenos gestos e segredos da natureza ou da vida que muitas vezes nos passam ao lado, escrever praticamente obre o quase nada com que nos deparamos no nosso dia-a-dia.

Talvez por isso, os meus pequenos textos, publicados semanalmente, consigam tocar a sensibilidade de muita gente, simples ou mais ou menos erudita, a avaliar pelas opiniões dos amigos e das pessoas que encontro na rua ou nos sítios onde vou.

Não deixe de escrever, por amor de Deus, porque me faz bem à alma. Sinto uma serenidade especial quando leio os seus textos. É um prazer ler o que escreve…”.

Tudo isto para chegar a um comentário do meu cardiologista, há dias, numa agradável conversa de uma consulta de rotina.

O senhor Dr. José Ribeiro, distinto cardiologista do hospital de Gaia, para além da sua reconhecida competência profissional, é uma pessoa de uma amabilidade e afabilidade invulgares.

Talvez por isso me tenha dito aquilo que disse: que é meu “fã” e que lê tudo o que eu escrevo.

Desta vez, foi ainda mais além, e de uma maneira que senti como expressão poética, disse-me que a sensação com que ficava ao ler os meus pequenos textos se assemelhava a uma sensação que tivera em criança.

Desde muito cedo, disse ele, começara a usar óculos por causa de uma miopia.

Sempre que trocava de lentes via as coisas e o mundo ao seu redor com outra nitidez e limpidez que lhe traziam uma grande alegria e satisfação.

Com a leitura dos meus textos passava-se o mesmo, dizia ele, pela simplicidade, limpidez e luminosidade da minha escrita.

Não tanto pelo enternecedor elogio, mas pela beleza da comparação, não resisti a escrever este singelo textinho.

Acredito que palavras destas também fazem bem ao coração.