Saudação amável

Cantadas

Minha bela camponesa,
Formosura d’atentar,
Por bondade me responda:
Que faze neste lugar?

Essa é boa! Que lh’importa?
Vá-se embora, por favor,
O meu pai não tarda muito,
E eu não conheço o senhor.

Mas conheço t’eu, menina,
E o teu pai também conheço:
É por isso qu’eu te falo
E te dou algum apreço.

Cantiga tem o senhor,
Mas a menina num cai;
O senhor não me conhece
Nem a mim nem a meu pai.

Tu falas dessa maneira,
Por não saber com quem tratas;
O que t’eu digo é tão certo
Como Deus criar batatas.

Batatas larga o senhor
E que batatas elas são!
Mas eu é que num nas como,
Sem me dar outra razão.

Pois eu dou-ta, minha bela,
E te digo, por sinal,
O teu pai foi meu caseiro,
E eu sou José Portugal.

Agora, agora me lembro;
Eu já não no conhecia
Olha a diferença que faz!
Como a noite para o dia!!
Você já há muito tempo
Que não stá na freguesia?

Há-de haver uns sete anos
Qu’eu fui daqui pra Lisboa;
Nunca me esqueci de ti
Por seres piquena bem boa;
Pois tens coração sagrado
Que encanta toda a pessoa.

Em antes que m’esqueça
Ora viva o senhor José!
Faz favor de me dizer:
A ocupação qual é?

Era mestre de cigarreira
E vivo muito acreditado;
Tenho correntes e anéis
E recheada a carteira.

1947