15 – Início de Emigrantes

Localização: Avenida Serafim Ferreira Paiva – lugar de Santo António.
Local de implantação: Capela de Stº Ant. No passeio à direita e junto ao muro, sentido quem desce para o Salão Nobre FC da Junta Freguesia
Coordenadas GPS: 40°49’40.68″N 8°25’56.68″W
Distância total: 2.02 Km (pedestre) / 1.87 Km (automóvel).
Próxima Estação: 32 m.

Início de Emigrantes

«É aqui, no pinhal à direita da capela de Santo António, que começa o nosso romance Emigrantes[1]

«A casa tinha, agora, um penacho de fumo, fumo da tarde, do jantar — algodão-em-rama que se desfazia, flutuante, translúcido, quase azul.
Às quatro paredes brancas, seguiam-se a capoeira da criação e o quintal, mui cultivado, muito verde
[…].

Mas, para lá do muro, os olhos do Manuel da Bouça já não podiam ver, com alegria, os campos que se estendiam, planos, bem regados, até próximo da igreja velha. Possuí-los, ser seu dono, semear e colher o milho que aloirava aos primeiros calores fortes e, no Inverno, a erva dos lameiros, que formava tapetes sempre húmidos, era o seu único sonho, a grande aspiração da sua vida.

Disso dependiam todos os projectos que ele formara, desde o casamento de Deolinda, não com um valdevinos sem eira nem beira, mas com homem digno e de teres e haveres, até a velhice tranquila, numa casa grande, de telha francesa, lá em cima, nos Salgueiros — uma casa em cuja salgadeira metesse dois porcos alentejanos.

Mas, sem sair dali, sem procurar fortuna noutras terras, jamais conseguiria realizar a ambição. […][2]
[…]
Está tudo resolvido… Vou… Vou até o Brasil…»[3]

1 – Primeiras Recordações
[1] Ferreira de Castro, «De Oliveira de Azeméis a Vale de Cambra», Guia de Portugal, Beira Litoral, 3ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa,1993, p. 607.
[2] Ferreira de Castro, Emigrantes, Guimarães Editores, 25ª edição, Lisboa, 1996, p. 19.
[3] Ferreira de Castro, Emigrantes, Guimarães Editores, 25ª edição, Lisboa, 1996, p. 23.