Eu já vi a Felizmina
No seu balcão assentada,
Cum pente d’ouro na mão,
Seu cabelo penteava.
Lá passou um soldadinho,
Logo lhe apertou a mão:
– Se tu queres alguma coisa,
Agora é ocasião.
– Meu marido não ‘stá cá
Vai na serra do Marão.
– Que tens tu ó Felizmina,
Que estás tão (ai) desmaiada?
– É uma grande dor de dentes
Que me faz agoniada.
– Não é essa dor de dentes
Que te mudam essas cores,
Ou tu me temes a morte
Ou tu tens outros amores.
– Eu a morte não ta temo,
Que dela hei-de morrer;
Tenho pena de meus filhos,
Que outra mãe não hão-de ter.
De minha mãe – Janeiro de 1947