por Júlio Marques
Talvez que a sua piedosa concentração nunca lhe tenha permitido reparar na lápide comemorativa da visita pastoral do bispo Tomaz Gomes de Almeida que se encontra ao lado do púlpito do lado esquerdo.
Uma visita destas era um acontecimento raro e merecia uma cuidada preparação que ia da hospedagem à restauração, à ornamentação da Igreja, à preparação dos fiéis, até aspetos de higiene pessoal e necessidades excretórias num tempo que não havia casas de banho nem latrinas apropriadas. Embora saibamos dos cuidados colocados na última parte, não é este post o lugar adequado para o revelar.
Dom Tomaz Gomes de Almeida nasceu na casa da Lomba, em Castelões, Vale de Cambra, em 20 de novembro 1836, filho de Manuel Gomes de Almeida e de Maria Joaquina de Bastos.
A família com uma prole numerosa -14 filhos -, contou com a proteção do tio António Gomes de Almeida, reitor de Castelões que encaminhou os sobrinhos para estudos superiores, entre eles o Tomás que recebeu aulas particulares de latim e ingressou no seminário de Aveiro e, depois, no seminário de Coimbra.
Foi ordenado presbítero, e celebrou a primeira missa, em 29 junho de 1860. Em 1863, foi nomeado Cónego da diocese de Viseu e professor do seminário da mesma cidade.
Em 29 março 1871, foi apresentado bispo de Angola e Congo e confirmado pela Santa Sé em 4 agosto seguinte.
Tinha apenas 35 anos de idade. Em 15 maio de1872, partiu para Luanda, onde chegou em 3 junho do mesmo ano.
Em 17 outubro 1876 regressou a Lisboa, por motivo de doença-apesar de manter o título de bispo de Angola até 1879, não mais voltou àquela diocese.
Entretanto, em 1876 mal restabelecido e em Lisboa, foi nomeado bispo de Teja e, nessa qualidade, enviado para a Índia, para exercer as funções de Vigário capitular da arquidiocese de Goa.
Governou todas as igrejas do Padroado Real (Goa, Da Mão e Diu), bem como as igrejas de Bombaim (…), Calcutá e Singapura, nos domínios de Inglaterra.
Regressou à Metrópole em 6 abril de 1882. Em 14 outubro 1883 tomou posse da diocese da Guarda. Ali se manteve até 3 janeiro 1903, data do seu falecimento (com 67 anos).
Ficou sepultado na Sé da Guarda, à entrada da capela-mor.