Como simples aves damos as asas a caminho do sol para
fugir às lágrimas que a terra esprem
A luz incendeia a vontade de fugir mas a mão serena abre
o coração à esperança onde a angústia cresce por entre
músicas perdidas e restos de flores
Eu continuo o caminho dos lábios que deixaram de suspirar
e dos olhos que pararam de girar confundidos entre
lágrimas e risos
Eu sigo o longo caminho das sombras onde as plantas não
falam nem as fontes nem os pássaros
Mas a mão apertada mesmo que incrédula murmura
baixinho que os prados se estendem a nossos pés
As brandas ondas do mar deslizam suavemente sobre a
areia cobrindo de espuma o teu corpo sonâmbulo que à noite
desperta por entre o labirinto dos meus sonhos
E pelos claustros do vento impaciente os cabelos de fogo
vencem a idade em que o coração treme sem casa para
morar